Portugal sobe dois lugares na lista de competitividade
Não compreendo porque chamam a isto jornalismo. Primeiro é um índice de competitividade, não é uma classificação divina (e única). Se compararmos, por exemplo, os índices de liberdade económica da Fraser com os da Heritage, Portugal surge em posições diferentes. É por isso que são índices - com critérios diferentes - que medem a liberdade económica, não são a liberdade económica em si, que é o que esta manchete confunde ao falar em Competitividade e depois dizer que Portugal ultrapassou Espanha.
A outra coisa que não compreendo é que as gordas não sejam "Portugal melhora [índice de] competitividade" mas sim "Portugal ultrapassa Espanha". Portugal e Espanha poderiam ser os últimos classificados! Mas o que interessa, ao que parece, é que Portugal ultrapasse Espanha!
Se alguém ler a tabela, verá que Portugal também ultrapassou o Chile, Israel e Hong Kong. Bem, certas pessoas só leram que Portugal ultrapassou Espanha. Parece que os portugueses já podem ter um argumento plausível (dado pelos media) para andar de nariz empinado quando virem um espanhol...assim quando um português passar a fronteira pode dizer "mira, coño, mi país es más competitivo que el tuyo!". A isto o espanhol provavelmente franzirá o sobrolho mas, digo eu, o português ficará todo orgulhoso. Se assim não fosse, para quê este título sensacionalista?
Em geral, encontro este estudo ligeiramente suspeito. Que não pensem que o faço porque Portugal tem um bom resultado mas porque, para além da bizarra subida de Portugal, o estudo assume-se como subjectivo e baseado em inquéritos de opinião a empresários. Um estudo que aparece na mesma altura em que um outro estudo, dado pela Ernst & Young, afirma que a maioria dos empresários não quer investir em Portugal (via O Insurgente).
A outra coisa suspeita é a de que elogiem tantos os países nórdicos, dizendo que afinal não há grande relação entre os impostos e a competitividade e o investimento.
Parece desonesto porque se sabe que os países nórdicos, talvez sendo a Noruega a que mais vai resistindo, têm vindo a desmantelar o seu estado social, atingindo maior liberdade económica. Já eu tinha publicado aqui um artigo acerca da Suécia, em particular. É óbvio que países que se abrem ao mercado se tornam mais competitivos (estão em processo de crescimento elevado) e, como no caso evidente da Finlândia, se apostarem num investimento tecnológico, obterão classificações elevadas em estudos de competitividade já que este índice se baseia nas "condições tecnológicas" à disponibilidade dos empresários.
De qualquer dos modos, continuemos a esperar que este estudo do WEF seja para valer e que a subida de dois lugares não se deva à queda dos outros. O que os jornais não compreendem é que se os outros caem, e é por isso que Portugal sobe, isto não significa que Portugal esteja melhor. Na verdade se caíram 3 ou 4 países para lugares muito mais baixos, Portugal pode, na verdade, estar a piorar em termos absolutos.
Não compreendo porque chamam a isto jornalismo. Primeiro é um índice de competitividade, não é uma classificação divina (e única). Se compararmos, por exemplo, os índices de liberdade económica da Fraser com os da Heritage, Portugal surge em posições diferentes. É por isso que são índices - com critérios diferentes - que medem a liberdade económica, não são a liberdade económica em si, que é o que esta manchete confunde ao falar em Competitividade e depois dizer que Portugal ultrapassou Espanha.
A outra coisa que não compreendo é que as gordas não sejam "Portugal melhora [índice de] competitividade" mas sim "Portugal ultrapassa Espanha". Portugal e Espanha poderiam ser os últimos classificados! Mas o que interessa, ao que parece, é que Portugal ultrapasse Espanha!
Se alguém ler a tabela, verá que Portugal também ultrapassou o Chile, Israel e Hong Kong. Bem, certas pessoas só leram que Portugal ultrapassou Espanha. Parece que os portugueses já podem ter um argumento plausível (dado pelos media) para andar de nariz empinado quando virem um espanhol...assim quando um português passar a fronteira pode dizer "mira, coño, mi país es más competitivo que el tuyo!". A isto o espanhol provavelmente franzirá o sobrolho mas, digo eu, o português ficará todo orgulhoso. Se assim não fosse, para quê este título sensacionalista?
Em geral, encontro este estudo ligeiramente suspeito. Que não pensem que o faço porque Portugal tem um bom resultado mas porque, para além da bizarra subida de Portugal, o estudo assume-se como subjectivo e baseado em inquéritos de opinião a empresários. Um estudo que aparece na mesma altura em que um outro estudo, dado pela Ernst & Young, afirma que a maioria dos empresários não quer investir em Portugal (via O Insurgente).
A maioria das empresas estrangeiras não tenciona estabelecer ou desenvolver a sua actividade em Portugal, segundo um estudo da Ernst & Young, divulgado hoje.
A outra coisa suspeita é a de que elogiem tantos os países nórdicos, dizendo que afinal não há grande relação entre os impostos e a competitividade e o investimento.
· The Nordic countries continue to hold prominent positions in the rankings among the top 10 most competitive economies this year, with Finland (1), Sweden (3), Denmark (4), Iceland (7) and Norway (9) all in privileged places. The stellar performance of these countries demonstrates the great diversity within Europe, with some countries doing very well by any measure, while others struggle behind. The Nordics are also challenging the conventional wisdom that high taxes and large safety nets undermine competitiveness, suggesting that what is important is how well government revenues are spent, rather than the overall tax burden per se.
Parece desonesto porque se sabe que os países nórdicos, talvez sendo a Noruega a que mais vai resistindo, têm vindo a desmantelar o seu estado social, atingindo maior liberdade económica. Já eu tinha publicado aqui um artigo acerca da Suécia, em particular. É óbvio que países que se abrem ao mercado se tornam mais competitivos (estão em processo de crescimento elevado) e, como no caso evidente da Finlândia, se apostarem num investimento tecnológico, obterão classificações elevadas em estudos de competitividade já que este índice se baseia nas "condições tecnológicas" à disponibilidade dos empresários.
De qualquer dos modos, continuemos a esperar que este estudo do WEF seja para valer e que a subida de dois lugares não se deva à queda dos outros. O que os jornais não compreendem é que se os outros caem, e é por isso que Portugal sobe, isto não significa que Portugal esteja melhor. Na verdade se caíram 3 ou 4 países para lugares muito mais baixos, Portugal pode, na verdade, estar a piorar em termos absolutos.
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