Antes de mais, gostaria de lhe dizer que não tenho muita vontade de começar esta carta tratando-o por “senhor”, como sempre faço quando dirijo uma carta a um leitor do sexo masculino. Não o faço, por coerência ideológica e para não me sentir um hipócrita, já que acho que você (não, senhor) não é um senhor.
Certamente, pensará que eu também não sou um senhor. Sinceramente, pouco me importa – se alguma vez se dignar a ler isto – o que pensa de mim. Até porque quer implementar medidas que me afectam a mim pessoalmente e, como alguém já disse há uns dias, “quem não se sente, não é filho de boa gente”. Logo, a minha falta de honra e dignidade para consigo é perfeitamente justificável.
As medidas de que falo referem-se ao seu programa de videovigilância. Desafio-o a divulgar os detalhes de tal projecto. Algo mais pormenorizado do que aquilo que revela na página da sua campanha eleitoral:
Sendo político e filósofo, deve entender que dedicar duas linhas a um assunto tão sério é extremamente vago. Ambos filósofos e políticos podem falar durante várias horas sobre um assunto completamente irrelevante, razão pela qual duas linhas não são muito satisfatórias. Geralmente, quando dizem pouco, é porque têm algo a esconder – o que sei que, obviamente, não é o seu caso.
Aproveito também a ocasião para o informar, já que dei conta do seu desconhecimento num debate organizado pela SIC Notícias, de que o Big Brother é uma personagem de uma novela de um escritor britânico chamado Eric Arthur Blair, que escrevia sob o pseudónimo de George Orwell. Ao contrário do que parece sugerir pelas suas declarações, o Big Brother não é, efectivamente, um programa de televisão. Como acho que um ex-ministro da cultura não deve ter estes lapsos, aqui fica um “reavivamento” de memória desta obra importante, especialmente para um político, intitulada 1984. Nela, Orwell fala-nos acerca de um governo totalmente opressor e totalitarista que usa câmaras de vigilância para controlar os cidadãos, algo semelhante ao que você pretende usar em espaços públicos.
Obviamente, eu poderia considerar que uma pessoa culta e informada como você teria conhecimento desta distopia simbólica publicada em 1949, referindo-se a um futuro catastrófico. Contudo, sei que nunca seria capaz de querer enganar os seus eleitores, dando-lhes a impressão de que o Big Brother é apenas um programa de televisão, razão pela qual tomo a liberdade, para além de lhe pedir pormenores do seu programa político, de o retirar da sua ignorância e referir esta obra de extremo valor.
Caso se esteja a questionar acerca das minhas razões ao publicar este texto na blogosfera, apenas lhe posso dizer que temo a eventual imprudência puramente ingénua de uma das suas secretárias que decidisse eliminar a minha carta, coisa que sei que nunca aconteceria consigo, já que defende a democracia e o debate de ideias. Na blogosfera este texto não pode ser censurado e, ao mesmo tempo, pode ser lido por milhares de eleitores do seu círculo.
Em jeito de conclusão final, apenas lhe peço que abra os comentários do seu blogue. Como deve imaginar, em democracia dá-se importância às opiniões, especialmente se vierem dos eleitores. Ora, um blogue socialista (logo dando especial atenção à diplomacia) deve estar aberto para reparos dos leitores. Mais uma vez, sei que não se trata de culpa sua mas sim dos programadores do blogue que propositadamente bloquearam os comentários para lhe dar uma imagem de anti-democrático.
Caso opte por ignorar esta carta, não me estará a dizer nada de novo, confirmando o parágrafo 1 e negando todos os outros em que não assumo as suas tendências totalitárias.
Cumprimentos (...ou não).
---
Aos leitores do blogue, aqui ficam outros artigos publicados sobre o tema:
Carrilho is Watching YOU
Porque Carrilho vai ganhando votos
Certamente, pensará que eu também não sou um senhor. Sinceramente, pouco me importa – se alguma vez se dignar a ler isto – o que pensa de mim. Até porque quer implementar medidas que me afectam a mim pessoalmente e, como alguém já disse há uns dias, “quem não se sente, não é filho de boa gente”. Logo, a minha falta de honra e dignidade para consigo é perfeitamente justificável.
As medidas de que falo referem-se ao seu programa de videovigilância. Desafio-o a divulgar os detalhes de tal projecto. Algo mais pormenorizado do que aquilo que revela na página da sua campanha eleitoral:
a) Implementar a videovigilância em zonas críticas (como por exemplo o Intendente, a Ameixoeira e o Bairro Alto);
Sendo político e filósofo, deve entender que dedicar duas linhas a um assunto tão sério é extremamente vago. Ambos filósofos e políticos podem falar durante várias horas sobre um assunto completamente irrelevante, razão pela qual duas linhas não são muito satisfatórias. Geralmente, quando dizem pouco, é porque têm algo a esconder – o que sei que, obviamente, não é o seu caso.
Aproveito também a ocasião para o informar, já que dei conta do seu desconhecimento num debate organizado pela SIC Notícias, de que o Big Brother é uma personagem de uma novela de um escritor britânico chamado Eric Arthur Blair, que escrevia sob o pseudónimo de George Orwell. Ao contrário do que parece sugerir pelas suas declarações, o Big Brother não é, efectivamente, um programa de televisão. Como acho que um ex-ministro da cultura não deve ter estes lapsos, aqui fica um “reavivamento” de memória desta obra importante, especialmente para um político, intitulada 1984. Nela, Orwell fala-nos acerca de um governo totalmente opressor e totalitarista que usa câmaras de vigilância para controlar os cidadãos, algo semelhante ao que você pretende usar em espaços públicos.
Obviamente, eu poderia considerar que uma pessoa culta e informada como você teria conhecimento desta distopia simbólica publicada em 1949, referindo-se a um futuro catastrófico. Contudo, sei que nunca seria capaz de querer enganar os seus eleitores, dando-lhes a impressão de que o Big Brother é apenas um programa de televisão, razão pela qual tomo a liberdade, para além de lhe pedir pormenores do seu programa político, de o retirar da sua ignorância e referir esta obra de extremo valor.
Caso se esteja a questionar acerca das minhas razões ao publicar este texto na blogosfera, apenas lhe posso dizer que temo a eventual imprudência puramente ingénua de uma das suas secretárias que decidisse eliminar a minha carta, coisa que sei que nunca aconteceria consigo, já que defende a democracia e o debate de ideias. Na blogosfera este texto não pode ser censurado e, ao mesmo tempo, pode ser lido por milhares de eleitores do seu círculo.
Em jeito de conclusão final, apenas lhe peço que abra os comentários do seu blogue. Como deve imaginar, em democracia dá-se importância às opiniões, especialmente se vierem dos eleitores. Ora, um blogue socialista (logo dando especial atenção à diplomacia) deve estar aberto para reparos dos leitores. Mais uma vez, sei que não se trata de culpa sua mas sim dos programadores do blogue que propositadamente bloquearam os comentários para lhe dar uma imagem de anti-democrático.
Caso opte por ignorar esta carta, não me estará a dizer nada de novo, confirmando o parágrafo 1 e negando todos os outros em que não assumo as suas tendências totalitárias.
Cumprimentos (...ou não).
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Aos leitores do blogue, aqui ficam outros artigos publicados sobre o tema:
Carrilho is Watching YOU
Porque Carrilho vai ganhando votos
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