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Sunday, September 28, 2008

mais vale tarde do que nunca

Depois de tantas décadas na política, Mário Soares finalmente descobre a teoria da escolha pública:
"É possível que algumas figuras que estão no Governo tenham algum fascínio pelo dinheiro e pelo sistema." [Correio da Manhã]

Sunday, September 14, 2008

I bless the rains down in Africa

Toto - Africa

Bodes expiatórios

Spore's Piracy Problem (Andy Greenberg and Mary Jane Irwin, Forbes)
"The numbers are extraordinary," Garland says. "This is a very high level of torrent activity even for an immensely popular game title." Electronic Arts had hoped to limit users to installing the game only three times through its use of digital rights management software, or DRM. But not only have those constraints failed, says Garland, they may have inadvertently spurred the pirates on. (...)

For many users, that made the pirated version more appealing than the legitimate one. "By downloading this torrent, you are doing the right thing," wrote one user going by the name of "deathkitten" on the popular file-sharing site The Pirate Bay. "You are letting [Electronic Arts] know that people won't stand for their ridiculously draconian 'DRM' viruses." (...)

Another user with the handle "dsmx" sounded more conflicted. "I feel bad about pirating this game I really wanted to buy it but EA put DRM on it and my policy is that any form of DRM means an instant not parting with money," he wrote. "When I pay for something I want to own it not rent it with EA deciding when I'm not allowed to play it anymore."

The copy protections on "Spore" were equally detested by a less piracy-prone crowd at Amazon.com. By Thursday evening, the game had received more than 2,100 reviews, nearly 2,000 of which had given it a rating of one star out of five. Most negative reviews--including messages titled "No way, no how, no DRM" and "DRM makes me a sad panda"--cited the game's restrictions as a sore spot. (...)

"PC games are massively pirated because you can pirate them," says Brad Wardell, chief executive of Plymouth, Mich.-based gaming company Stardock. Wardell argues that the driver for piracy is user-friendliness--not price. Instead of digital locks, Stardock requires users to use unique serial numbers which it monitors, in conjunction with IP addresses. "Our focus is on getting people who would buy our software to buy it," Wardell says, rather than trying to strong-arm people unlikely to pay for the products into become paying customers.

DRM only limits the ability of consumers who wouldn't typically pirate media to make copies or share it with friends and family, agrees Big Champagne's Garland. But because encryption is so easily broken by savvier--and more morally flexible--users, it does little to stop the flood of intellectual property pirated over the Internet, he contends. "DRM can encourage the best customers to behave slightly better," he says. "It will never address the masses of non-customers downloading your product."
No mesmo tom, Adrian Kingsley-Hughes do Hardware 2.0 aponta:
I’ve not bought the game but from what I gather Spore requires online activation and after three activations you have to phone EA and attempt to get activations added (technical note - the system in use is called SecuROM PA). The idea is that this mechanism, combined with the requirement to have the disc in the drive while playing the game (technical note - SecuROM v7), makes it difficult to pirate the game. Ironically, the game was leaked several days before the official released date and a quick search seems to indicate that pirated copies, along with mechanisms for bypassing the copy protection mechanisms, are freely available on the Internet. So it seems that the copy protection schemes only inconveniences legitimate customers.

Adenda: EA Hit with Class Action Lawsuit over Spore DRM

Wednesday, September 10, 2008

puré instantâneo


Um acelerador de partículas sem aplicações práticas imediatas, cujo custo representa uma porção praticamente negligenciável e insignificante quando comparada com a totalidade dos colossais orçamentos de Estado anuais dos mais de 20 países que fazem parte do CERN - e que, por sua vez, repartiram entre si essas despesas ao longo de mais de uma década (adenda: sim, os observadores também) - é o que basta para transformar cerca de 90% da população europeia em liberais genuínos, autênticos opositores do buraco negro de desperdício que é investimento público. Ao menos durante uns sólidos 2 minutos, que é quanto dura a média das notícias sobre o LHC nos telejornais. Depois disso já se pode falar sobre os investimentos estruturais de natureza crucial sem os quais estes países definitivamente não "andam para a frente".

Tuesday, September 09, 2008

Nothing to see here, move along

Quando digo a um português (quando este não está de mau humor por ter tido de resolver um qualquer enredo burocrático característico do país) que Portugal é um país incrivelmente burocrático, não é raro receber uma resposta pouco realista e pessimista do género "e nos outros lados não é igual?" Contudo, continuam a ocorrer  com frequência coisas deste género:

Investimento de 125 milhões 'voa' de Évora para França
Afinal Évora já não vai ter a fábrica dos aviões Skylander, do grupo francês GECI, projecto que previa um investimento na ordem dos 125 milhões de euros, criando cerca três mil postos de trabalho (mil directos, os restantes indirectos).

Num volte-face ocorrido nas últimas três semanas, e que incluiu o envolvimento directo do Presidente da França, Nicholas Sarkozy, a GECI decidiu construir a sua nova unidade fabril na região da Lorena, França. Há quatro anos que se preparava a instalação da fábrica em Évora. O projecto já tinha obtido o estatuto de PIN (projecto de interesse nacional). (...)

A EspaciaNews considerou que esta decisão da GECI se deve ao facto de "o desenvolvimento do projecto em Évora, nos prazos definidos, se ter tornado impossível face aos entraves e outras questões absurdas colocadas pela burocracia portuguesa". "O governo francês contactou a GECI no início de Agosto e em três semanas resolveu o assunto que em Portugal as autoridades não conseguiram tratar em mais de quatro anos."
Burocracia travou reabilitação completa da península de Tróia nos prazos previstos
Uma marina, um hotel, um supermercado e 360 apartamentos. Foi este o resultado de três anos de obras lideradas pela Sonae Turismo, na península de Tróia. O Troiaresort, apresentado ontem, já deveria estar concluído, mas apenas a primeira fase, cujo investimento rondou os 230 milhões de euros, abriu as portas. O prazo derrapou para 2011, culpa da demora na obtenção de luz verde para o projecto.

"Foi uma etapa longa e nem sempre fácil", desabafou ao PÚBLICO Carlos Beato, presidente da Câmara Municipal de Grândola. "A autarquia e os investidores envolvidos tinham idealizado inaugurar a totalidade do projecto" ontem, mas "a burocracia e o tempo perdido com a aprovação dos projectos travaram os planos", avançou. (...)

Carlos Beato lamenta que a obtenção de aprovações "tenha demorado tanto tempo", prejudicando "quem espera por uma oportunidade de emprego e quem investe nos negócios". (...) De entre eles, está a criação de "quatro mil postos de trabalho directos e indirectos", bem como "60 milhões de euros como valor acrescentado bruto do investimento directo e induzido", anunciou, ontem, o Troiaresort.
Com tais eventos ilustrativos a sucederem(-se), notícias como esta não são propriamente surpreendentes:

Investimento directo estrangeiro em Portugal e no exterior baixou mais de 50 por cento
O investimento directo estrangeiro (IDE) em Portugal, assim como o investimento das empresas portuguesas no estrangeiro, registou uma diminuição superior a cinquenta por cento em 2007, segundo dados que a União Europeia (UE) hoje divulgou.

Os números do organismo responsável pelas estatísticas europeias, Eurostat, mostram que o IDE originário de outros países da UE recuou de 6,4 mil milhões de euros em 2006 para 2,8 mil milhões de euros no ano passado, enquanto que os investimentos estrangeiros originários fora do espaço 27 caíram de 2,7 mil milhões de euros para 1,3 mil milhões de euros. (...) A tendência de forte baixa em Portugal contrasta com o aumento do IDE na UE como um todo.

Por seu lado, o IDE entre os 27 progrediu de 455,4 mil milhões de euros para 552 mil milhões e para o resto do mundo a subir de de 275,0 para 419,9 mil milhões de euros.

Monday, September 08, 2008

Invasion of the Body Snatchers



Depois de ter lido isto anteontem, em que Bernardino Soares defendeu o uso do erário para proteger os interesses do grande capital, de ter ouvido ontem Carlos Carvalhas a criticar de forma virulenta um qualquer empresário que lhe tinha dito que a crise tinha um lado positivo - a diminuição da concorrência por via da falência de outras empresas menores que eram obrigadas a sair do mercado -, e de ler hoje Jerónimo de Sousa preocupado com a integridade física dos cidadãos e protecção da respectiva propriedade privada (e ainda por cima com uma variante de uma citação atribuída a Benjamin Franklin...) começo a pensar que há algo de estranhamente errado com o PCP.

Porreiro, pá

Justamente aquilo de que se precisava. Ainda não havia suficientes.

Saturday, September 06, 2008

think of the children

A New View on TV (Wall Street Journal)
University of Chicago Graduate School of Business economists Matthew Gentzkow and Jesse Shapiro aren't sure that TV has been all that bad for kids. In a paper published in the Quarterly Journal of Economics this year, they presented a series of analyses that showed that the advent of television might actually have had a positive effect on children's cognitive ability.(...)
The economists found that television was especially positive for children in households where English wasn't the primary language and parents' education level was lower. "We don't exactly know why that is, but a plausible interpretation is that the effect of television on cognitive development depends on what other kinds of activity television is substituting for," says Mr. Shapiro, 28.
Estes resultados referem-se à população dos EUA. O artigo menciona também efeitos, que possivelmente podem ser atribuídos à televisão, na forma como as mulheres são tratadas na Índia. No que diz respeito ao aparente efeito positivo sobre as crianças, não me parece muito surpreendente que o estudo aponte nesse sentido, apesar de todo o género de alarmismos apocalípticos que se lançam frequentemente sobre este assunto. A minha sensação é de que as pessoas que associam à televisão um efeito negativo no desenvolvimento cognitivo das crianças fazem sempre, implicitamente, uma avaliação comparativa com quaisquer outras actividades que seriam eventualmente mais produtivas do ponto de vista intelectual, sem considerar, no entanto, que na ausência de uma televisão, as crianças dificilmente as praticariam. Nos casos em que os agregados familiares não têm televisão nas suas residências ou em que não é norma que esta esteja geralmente ligada, as crianças não se tornam automaticamente frequentadoras de bibliotecas públicas, em busca de livros sobre arqueologia ou biologia. A mesma espécie de raciocínio falacioso parece dar-se precisamente com os críticos dos mais variados géneros populares de literatura juvenil - estes presumem sempre que esses livros têm um efeito nocivo porque as crianças poderiam estar a ler grandes obras da literatura universal em vez das últimas aventuras de Harry Potter. Claro que nunca é propriamente esclarecido em que universo é que isso aconteceria caso não existissem livros sobre as aventuras de Harry Potter.

The CERN Large Hadron Collider: Accelerator and Experiments

A quem possa eventualmente estar interessado:
JINST is proud to publish the complete scientific documentation of the CERN Large Hadron Collider (LHC) machine and detectors. These papers are open access and free to read.
(via Peter Steinberg, US LHC Blogs)