Pages

Thursday, April 20, 2006

Pausa

Por razões pessoais, este espaço entra em estivação temporária durante uns dias.

Saturday, April 15, 2006

Financiar o ordenado

Como se pode obrigar alguém a pagar uma multa quando o dinheiro dessa caução serve precisamente para financiar coisas como o pagamento de multas que, na realidade, não podem ser aplicadas por estas mesmas razões? Por outras palavras, como é que uma pessoa pode ser paga com o dinheiro proveniente de multas aplicadas a si mesma e reutilizá-lo para pagar outras multas que, por sua vez, pagam o seu ordenado e que são, portanto, meramente virtuais?

Bem, não pode. Esta espécie de esquema de Ponzi em larga escala resulta porque a dívida pública existe e será paga pelas próximas gerações de contribuintes, os otários que trabalham para ser multados e não podem reaver o seu dinheiro de praticamente nenhuma forma.

No máximo dos máximos, o que alguns destes políticos vão sofrer é simplesmente uma redução do seu ordenado líquido. Será que vamos ouvir os defensores dos direitos dos trabalhadores e os representantes sindicais a reclamar contra a injustiça que com a administração está a tratar os funcionários públicos?

Wednesday, April 12, 2006

Soma nula

O Diário Económico noticia hoje que as previsões para a economia mundial deste ano são de um crescimento de 3,5%. Ora, como se sabe, este valor só pode ser falso porque os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. O valor obtido apenas pode ser o produto de uma conspiração da Nova Ordem Mundial da Globalização porque, como também já se sabe, os países ricos exploram inequivocamente (e insensivelmente, diga-se de forma clara) os países mais pobres, em adição ao roubo directo entre patrões e trabalhadores que se dá nestes próprios países ricos.

Esta previsão tem de ser necessariamente um complot porque, se fosse realmente verdade, existiria apenas uma explicação plausível para os seus resultados. O problema é encontrar qual a civilização extraterrestre que temos andado a roubar todos estes séculos.





Monday, April 10, 2006

Enigmas da comunicação




Em Portugal, as declarações do presidente iraniano Ahmadinejad causam menos impacto do que as não-declarações de George Bush.

Sunday, April 09, 2006

Leituras sobre a Europa

Algumas leituras (longas) sobre o modelo social europeu e sua necessidade de reforma:

No think-tank Open Europe,

Beyond the European Social Model [pdf]
«The “social model” is at the heart of the debate about the future of the EU. In fact it was directly written into the text of the rejected European Constitution, with Article 3 defining the EU for all time as a “social market economy”.

But what does the idea of a common European Social Model mean anyway? With tax burdens ranging from 52% to 28% of GDP across the EU, and with 25 member states at very different levels of development, with very different cultures, can we really even talk about a common social model?

Beyond the European Social Model answers these questions. We look at both success stories and failures from around Europe and paint a picture of how reforms might work. We argue that the current model is not working, and that the time has come for the EU and its member states to take a different approach, and make a fresh start.»
(O primeiro capítulo deste livro - The Myth of the Scandinavian Model - havia sido publicado recentemente no Brussels Journal. Interessante comparar o desempenho das economias nórdicas - excepção da Islândia - com a Irlanda nos últimos 20-30 anos. Talvez fosse boa ideia que José Sócrates lesse estas coisas quando arranjar uma tempinho livre entre os anúncios de colaborações com entidades estrangeiras)

Ainda, no Brussels Journal, um outro artigo intitulado Europe’s Ailing Social Model: Facts & Fairy-Tales sobre a dívida pública nos diversos países europeus e a sua relação com o crescimento (OCDE):
«Curing the symptoms no longer helps. It is time to tackle the real and ultimate cause of Europe’s stagnation, namely the total discouragement of Europe’s work force. It is time to free Europe from its bureaucracy and its crippling tax burden. Failing this Europe will continue to lag behind ever further and its current relative impoverishment will soon turn into absolute pauperization, ultimately resulting not only in economic, but also in cultural and moral decline.»
Gráficos complementares podem ser visto (e textos lidos) nas FAQ do Work for All onde se vêem correlações positivas entre o crescimento económico, baixos impostos e gastos estatais reduzidos e se fazem analogias entre a evolução das economias belga e irlandesa nas útlimas décadas.





Para finalizar (mais um) estudo elaborado por outro think tank britânico - desta vez o Adam Smith Institute - sobre os benefícios e custos da presença do Reino Unido na União Europeia. Um estudo que, por apontar caminhos a seguir, acaba por ser válido para qualquer membro da UE.

EUtopia [pdf]

"Britain must get off the back foot in EU negotiations and positively advance its own vision of what Europe should be like. With countries like France vigorously promoting federalism, Britain is reduced to being a permanent critic – the Grumpy Old Man of Europe, say Keith Boyfield and Tim Ambler. Instead, Britain should be combining with other countries, particularly the new East European members, to advance its own vision of a common market, open trade, cost-consciousness, better decision-making, and deregulation. EU countries often try to protect their own interests against those of others, but these goals would be as good for the whole of Europe as they would be for Britain, say the authors. Instead of a fruitless debate about pulling out of the EU, we should instead be striving to end protectionism and make the Union a paragon of open markets, free trade, and efficient administration."

A virtude não está no meio

Sobre a social-democracia e a inevitabilidade da fuga aos impostos:

No Third Way de Tibor R. Machan

"Socialism was shown back in 1922, in Ludwig von Mises' book by that name, to be an impossible economic system. Von Mises demonstrated that a planned economy cannot allocate resources effectively, so that those who need things and those who can produce them are properly linked up to communicate with one another. Only in a free market is this possible because the price system--whereby individuals pay for what they want from assets they have--serves as the means of communication between consumers and producers.

Since that time all the brutal as well as so called humane socialist experiments have failed, yet it took the collapse of the Soviet Union to finally convince the majority of intellectuals and politicians around the globe that socialism is a non-starter.

Still, even now many people do not get it. They are championing what is called "The Third Way," a system of wealth redistribution that is supposed to keep all productive people working hard despite the confiscation of much of their wealth.

(...)

There is, furthermore, an interesting reason why the semi-socialist policies of much of the world can continue, despite their evident failure to do any good and their contribution to massive economic shortages and unproductiveness. This is related to a phenomenon identified some time ago by Arthur Laffer, an economists at the University of Southern California. Laffer identified what has since then come to be called the (bell shaped) Laffer Curve that illustrates the way taxation and other forms of assault by government can continue despite its nasty impact on people's lives. Up to the top of the curve people will tolerate the violence because to fight the tax collectors and regulators costs too much. But after that point--which for different people may turn out to be different--people will being to resist either by rebelling or by refusing to produce.

There is a simple way to grasp this: Imagine that you are burglarized every year once but not enough is taken to make it worth your while to get the police involved, nor do they have the resources to go after the burglars, and preventive equipment such as an alarm system also costs too much. You will probably respond simply by working harder.

However, if a great deal of what you have gets stolen from you and often enough, the effort to resist and track down the thieves becomes worth it or if you fail, you'll just give up and stop producing. The Third Way approach to public policy involves figuring out, with all kinds of trial and error and related machinery, just how much government expropriation the majority of the productive people in society are willing to tolerate without serious--either active or passive--resistance. In most European and other countries, that amount can be quite a lot, since citizens tend to defer to public authority, given their long history of feudal rule where the inhabitants were deemed to be subjects, not sovereign citizens."

Thursday, April 06, 2006

O mercado nas sondagens

Através do NCPA, é possível ver os resultados gerais das sondagens aqui previamente referidas e que foram publicadas no World Public Opinion. O quadro os resume é o seguinte:




Como se pode observar, em geral, foram os países mais pobres os que obtiveram melhores resultados. Isto significa não apenas que são realistas (da perspectiva socialista, dir-se-ia que - incompreensivelmente - desejam ser "vítimas" da globalização) e entendem a forma mais justa, benéfica e eficaz de aumentar a sua qualidade de vida.

A nível dos países ocidentais, os mais adeptos de uma economia de mercado parecem ter sido os americanos. Na Europa, este lugar foi ocupado pela Grã-Bretanha. Nada de muito espantoso em ambos os casos. Também nada surpreendentes são as posições ocupadas por França e Rússia.

O mais preocupante talvez seja que, para além dos países sul-americanos, foram os europeus quem mostrou uma maior desconfiança perante o mercado livre. Como se tem visto por todos os países considerados ricos (em particular, nas aldeias gaulesas), o receio de perda de status quo está na ordem do dia, o que não quadra muito bem com o discurso socialista de preocupação com os mais pobres (i.e., precisamente os países que desejam um sistema mais capitalista).

Síndrome de Estocolmo?

Hans Blix terá mostrado a sua preocupação com uma potencial escalada de terrorismo em caso de ataque norte-americano ao Irão. Parece-me uma situação muito semelhante aos comentários de Miguel Portas por altura das eleições na Palestina em que este dizia que não era boa ideia reunir um consenso internacional em torno de uma eventual ilegitimidade (e/ou perigosidade) da permanência do Hamas à frente do governo palestiniano porque isso poderia desencadear reacções por parte da extrema-direita israelita. Para quem se costuma queixar constantemente de que o governo americano tem uma política externa baseada na ideia do our son of a bitch, será lógico concluir que outros governos - e mais acertadamente, portadores de ideologias políticas autoritárias por natureza - não a têm?

A única diferença é que, na maior partes das vezes, enquanto o governo americano reconheceu ao longo da história que determinado líder é realmente um son of a bitch, os (muitos) outros vêem o seu son of a bitch actual ou passado como um camarada revolucionário cheio de boas intenções. Só é pena porque, como já se sabe, de boas intenções está o inferno cheio.

Wednesday, April 05, 2006

Caos, ordem e capitalismo

Aquilo que aparenta ser uma descoberta surpreendente para muitos físicos, talvez não o seja para alguns economistas:

Chaos = Order: WUSTL physicists make baffling discovery

«According to a computational study conducted by a group of physicists at Washington University in St. Louis, one may create order by introducing disorder.

While working on their model — a network of interconnected pendulums, or "oscillators" — the researchers noticed that when driven by ordered forces the various pendulums behaved chaotically and swung out of sync like a group of intoxicated synchronized swimmers. This was unexpected — shouldn't synchronized forces yield synchronized pendulums?

But then came the real surprise: When they introduced disorder — forces were applied at random to each oscillator — the system became ordered and synchronized.

"The thing that is counterintuitive is that when you introduce disorder into the system — when the [forces on the pendulums] act at random — the chaos that was present before disappears and there is order," said Sebastian F. Brandt, Washington University physics graduate student in Arts & Science and lead author of the study which appeared in the January 2006 edition of Physical Review Letters.

(...)

"This is of course basic research," said Brandt. "But what you can learn from this is that complex systems... sometimes behave in a very unexpected way, completely opposite to your intuition or expectation. It will be interesting to see if the mechanism that we have found can actually be put to some use."»

(via Bureaucrash e Catallarchy)