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Tuesday, February 28, 2006

Orçamento e impostos

Tastes great, more filling

The latest statistics on capital gains tax collections from the Congressional Budget Office show receipts are not down but way up. By 45 percent to be exact. As part of President Bush's 2003 investment tax cut package, the capital gains tax rate was reduced to 15 percent from 20 percent. Opponents predicted, as ever, that this would reduce tax revenue, says the Wall Street Journal.

Not even close. Here's what actually happened, says the Journal:

* This 25 percent reduction in the tax penalty on stock and other asset sales triggered a doubling of capital gains realizations, to $539 billion in 2005 from $269 billion in 2002.

* One influence was the increase in stock values over that time, thanks in part to the higher after-tax return on capital induced by the tax cuts.

But another cause for the windfall was almost certainly the "unlocking" effect from investors selling their existing asset holdings in order to realize some of their profits and pay taxes at the lower rate, explains the Journal. They could then turn around and buy new assets, hoping for higher rates of return. This "unlocking" promotes the efficiency of capital markets by redirecting investment into new and higher value-added companies.

It also yields a windfall for the Treasury, says the Journal:

* In 2002, the year before the tax cut, capital gains tax liabilities were $49 billion at the 20 percent rate.

* They rose slightly to $51 billion in 2003, then surged to $71 billion in 2004, and were estimated by CBO to have reached $80 billion last year -- all paid at the lower 15 percent rate. In short, the lower rate yielded more revenue.
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Tax cuts make money

Many people in Washington have long known a dirty little secret about tax-cut measures: When done right, they actually result in more money for the government, says U.S. Senator Bill Frist (R-Tenn.). Recent tax cuts bear this out:

* Since the Senate approved the last major tax relief bill in 2003, revenues have increased every year; in 2004 they went up 5.5 percent and last year they rose 14.5 percent, the largest increase in nearly 25 years.

* Total government collections increased more after President Bush's tax cuts that they did after President Clinton's 1994 tax hikes.

* In 2003, the Congressional Budget Office estimated that revenues would decline by $27 billion over the next two years; instead, the tax cut stimulated investment and increased revenues by $26 billion -- a $53 billion difference.

When the economy took a turn for the worse after the end of the dot-com bubble and the 9/11 attacks, high taxes limited economic growth and kept receipts down. Although Americans were making some of the largest per-household tax payments in the nation's history, revenues plummeted in 2002 and 2003. The 2003 tax cut restored the economy and resulted in quarter after quarter of strong growth, says Frist.

Frist says if we really want to avoid burdening future generations with debt, we need to reform entitlement programs and set them on a sustainable course. Unreformed, the combined budgets of Social Security, Medicare and Medicaid will consume all federal revenues within the lifetimes of today's college students. Frist believes a sensible low-tax policy that keeps the economy growing will play a major role in confronting our fiscal challenges.
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Moral da história: Não é prática corrente dos socialistas baixar impostos. Apesar de saberem que uma redução de impostos traz benefícios à economia e até uma receita fiscal maior, insistem em manter os impostos elevados. Isto acontece, provavelmente, por duas razões. A primeira encontra-se na necessidade que têm em se justificar perante o seu eleitorado, que espera que o governo cumpra um leque de tarefas sociais, económicas, militares, etc. para as quais, intuitivamente, seriam necessárias formas de financiamento bastante fiáveis. Uma redução dos impostos implica que o governo admita que anda a gastar demasiado ou que sugira que certos serviços ou "direitos" irão terminar porque são um gasto supérfluo. Outra possibilidade seria a redução dos ordenados e reformas dos cargos mais elevados da função pública mas isso raramente acontece e cria instabilidade interna.

A outra razão baseia-se simplesmente no facto de que um governo socialista não se importa com a situação económica e social do seu país, por mais difícil que seja admiti-lo para os que caem na crença naïf de pensar o oposto. Sabem já como funcionam os mais básicos princípios dos sistemas económicos (já passaram anos suficiente para tal) mas recusam-se a admiti-lo perante a generalidade do público, embora o conheçam pessoalmente demasiado bem. Provavelmente, sabem também que ganhariam mais em aliviar a carga fiscal, reduzindo também a dimensão da economia paralela - o que acabaria por gerar ainda mais receita - mas devido à primeira razão, não o podem praticar.

O que acontece é que estes governos socialistas sabem que o âmbito da sua eleição apenas lhes permite reduzir impostos quando a corda estiver próxima de romper e não for possível esticar mais. Antes dessa fase vêm os pedidos de sacrifícios e os avisos desesperados, por parte dos mais radicais, de que o fim do Estado social pode estar para breve.

Perante esta situação existem apenas duas soluções. Ou elegemos um governo que está ideologicamente interessado em levar para a frente um programa de raízes liberais ou observamos a forma como os sucessivos representatntes se arrastam até que o socialismo se comece a despedaçar por si próprio devido à sua insustentatbilidade económica intrínseca. Esta última situação é sempre a pior porque a melhor forma de matar um cancro é retirá-lo na sua fase inicial.

Artigos sobre a curva de Laffer (independentemente da corrente supply-side):

Lauffer curve in action (National Review)

The Laffer Curve: Past, Present, and Future (Heritage Foundation)

Laffer curve (Wikipedia)

La curva de Laffer (uma defesa "engraçada" e populista da redução de impostos pelo Movimiento Libertario da Costa Rica)

Revisiting and expanding the Laffer curve
(Strike The Root)

Monday, February 27, 2006

Bomba insurgente




Não só comemoram o seu 1º movimento de translação como também acabam de fazer 3 contratações de peso. A juntar aos restantes insurgentes, poderemos ler um indivíduo e dois fugitivos.

Muitos parabéns e obrigado pelas prendas.

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P. S. - O António começa muito mal a sua temporada de insurgências porque acabou de roubar a imagem que eu tinha idealizado para esta entrada. Não se faz.

Saturday, February 25, 2006

Liberdade económica no mundo

Capitalismo popular
Por José Carlos Rodríguez



«El mundo se ha hecho más libre en los últimos años, al menos según el informe sobre la libertad económica editado anualmente por la Heritage Foundation y por el diario neoyorkino The Wall Street Journal. Ambas instituciones llevan doce años elaborando este informe, en el que valoran diez áreas de la política económica, controlando "entre cuarenta y cincuenta variables", según la economista de la Heritage Foundation Ana Eiras, que ha participado en su elaboración, y que lo ha presentado en Madrid en un acto de la Fundación FAES. Con los datos acumulados en estos doce años "ya podemos hacer una película" de cómo ha evolucionado la libertad económica, y sacar una serie de conclusiones.

(...)

Desde el primer informe, elaborado en 1995, el índice mundial ha ido progresando y la en la edición 2006, por primera vez, el dato que ocupa la mediana deja de estar en la categoría "mayormente reprimido" a estar en "mayormente libre".

(...)

En otro de los artículos, llamado El capitalismo popular prospera en India, Barun Mitra trata según el autor del "ingenio, y (el) espíritu de iniciativa e innovación, (que) ha ayudado a que la gran mayoría de los residentes de India, en particular aquéllos que se encuentran en el último escalón de la escala socioeconómica, puedan sobrevivir frente a las agobiantes políticas económicas". Ana Eiras comentó al respecto, que "la gente tiene un espíritu capitalista, nos guste o no".»

Friday, February 24, 2006

Le roi soleil



- Estou sim?

- Bom dia, estou a falar com o Sr. Sol?

- Está sim, minha Sr.ª, é o próprio. O que deseja?

- Muito bom dia. Eu estava a ligar para o avisar de que irá em breve receber uma carta para resolver o seu processo judicial. A apresentação dos réus ocorrerá na próxima semana. A primeira sessão será a determinar pelo juiz.

- Como??? Processo judicial???!!!

- Sim, Sr. Sol, processo judicial.

- Mas quais são as acusações que recaem sobre mim?

- Uso indevido do espectro electromagnético. Segundo as informações que os nossos inspectores obtiveram o Sr. tem andado a usar frequências que não são permitidas por lei.

- COMO???

- É verdade, Sr. Sol. Lamentos informá-lo de que sem estar devidamente licenciado não poderá emitir sinais nas bandas electromagnéticas às quais não estejam atribuídas permissões de utilização.

- Mas eu uso estas frequências há milhões de anos? Que brincadeira de mau gosto vem a ser esta?

- Dura lex sed lex, Sr. Sol.

- Você está a gozar comigo?

- Certamente que não, Sr. Sol. As bandas do espectro utilizadas por V. Ex.ª são proibidas pelas alíneas a) e d) dos artigos 2º e 5º do decreto-lei 123/2421. Os parágrafos 34 e 39 são bem claros.

- Então mas... e como é que eu posso obter essa licença?

- Não pode. A entidade que regula o mercado determinou que a sua concorrência é desleal e interfere com o interesse público nacional. E aproveito igualmente para o notificar de que o nosso departamento de análises radioactivas e ameaças genéticas levantou também um processo contra si.

- Isto não me está a acontecer...

- Lamentamos informá-lo, Sr. Sol. Acontece que nos nossos registos aparece o seu nome várias vezes como associado a emissões de radiações ultravioleta e radiações gama entre outras. Já para não falar do seu vento solar que danifica os satélites de outras companhias que também já levantaram queixas contra o Sr. O Sr. sabe que todas estas coisas prejudicam gravemente a saúde dos cidadãos e teima em persistir no seu uso.

- Ó minha senhora, há milhões de anos que eu faço isso! Até antes de existir sequer um cidadão...

- É a lei, Sr. Sol. Lamentamos mas não pode prejudicar assim o ambiente e a saúde pública. As leis existem para ser cumpridas.

- Mas que raio! Se eu não existisse vocês nem sequer tinham aparecido!

- Não fuja à questão, Sr. Sol. Vivemos num Estado de direito. Se o Sr. não quiser comparecer teremos de emitir um mandado de captura para o deter e trazer para as nossas instalações.

- Você está a brincar comigo, não está?

- Claro que não, Sr. Sol. Já agora, aproveito para lhe comunicar as palavras do Sr. Juiz que está a tratar do seu caso. Ele determinou expressamente que o Sr. deve cessar de imediato a sua actividade de forma a cumprir os termos da lei e a evitar um risco desnecessário de pena agravada.

- Ó meu Deus...mas a Sr.ª sabe sequer o que é uma reacção nuclear em cadeia, só por acaso?

- O Sr. está a dizer-me que pratica reacções nucleares domésticas?

- Há milhões de anos.

- Mas do seu processo não consta nenhuma autorização específica para produções de origem termonuclear.

- ...

- E para além disso, sabemos que o Sr. é igualmente responsável por uma contribuição significativa para o aumento anual das temperaturas globais e o sobreaquecimento das águas nos oceanos. O Sr. também anda a derreter o Árctico e a estimular o efeito de estufa. Não tem um pingo de vergonha nessa cara?

- Minha Sr.ª, já podia ter dito há mais tempo. Em nome do bem comum eu faço tudo. Vou cessar de imediato a minha actividade ilícita e respeitar as normas impostas pelo governo português. Não deixemos cair isto numa anomia, não é verdade?

- Sr. Sol, só um momento, vou comunicar ao Sr. Juiz a sua decisão.

[10 minutos depois]

- Sr. Sol?

- ...

- Sr. Sol? O Sr. está aí?

- ...

- Andreia, porque é que desligaste as luzes e o aquecedor?

Poor guys



Andam por aí a dizer que uma sueca qualquer quer desprestigiar a carreira destes dois homens. Será verdade? Alguém sabe de alguma coisa?

Thursday, February 23, 2006

Outra invasão espanhola

Os meus amigos nacionalistas andam por aí muito preocupados porque a Telefónica pode apresentar uma contra-OPA para comprar a PT. Ora, como se sabe, a Telefónica é a maior companhia de telecomunicações espanhola e a principal accionista da dita Portugal Telecom.

Segundo algumas pessoas, isto coloca um "centro de decisão nacioanal" em grande risco porque pode cair em mãos estrangeiras (esses malvados e gananciosos espanhóis), caso a Telefónica apresente uma proposta bem sucedida. Provavelmente não sabem que a Telefónica acabou de comprar a O2 inglesa, uma empresa que, para além de patrocinar o Arsenal, detém algo como 25% da rede de telecomunicações móveis no Reino Unido. Será que a O2 se qualifica - perdão, qualificava - como centro de decisão nacional inglês? Será que os ingleses vêm a Telefónica como uma Invencível Armada?

O mais engraçado de tudo é que quando se fala com as pessoas se percebe que elas reagem assim porque vivem com uma batalha de Aljubarrota dentro da sua cabeça. Quando referem a Telefónica dizem "os espanhóis" porque, vá-se lá saber como, a Telefónica consegue, para espanto geral, representar uns 40 millhões de pessoas. Já lhes terá occorido que possivelmente a PT nem é "portuguesa"?

A estrutura dos grupos accionistas da PT a 13 de Fevereiro de 2006 era a seguinte:


Fonte: Grupo PT

Como se pode ver, um "sector estratégico" como a Portugal Telecom já não se encontra praticamente em mãos portuguesas (Inaceitável!). 40,5% da PT pertence aos aliados anglo-saxónicos e quase 30% está nas mãos das potências europeias que constituem o eixo da Europa Continental. Aqueles 3,9% podem ser de alguma potência extraplanetária que deseja tomar o território nacional quando menos esperamos. "Portugal" tem apenas 25,8%. É urgente nacionalizar imediatamente a PT para evitar que aqueles 25,8% se percam definitivamente. Contra os canhões, marchar, marchar!

Quando é que os portugueses se vão deixar de interpretações colectivistas da realidade em que as populações de outras países formam sempre são blocos unitários de fim e propósito nacionalista que movem constantemente pequenos peões de xadrez?

Descansai, ó valentes cruzados de terras lusas, pois Portugal não cairá durante a peleja perante o pérfido inimigo castelhano. Portugal caiu e continuará a cair sempre às mãos do seu pior inimigo histórico - os próprios portugueses.

Outra pedra no sapato

Sida: China testa novo medicamento mais barato

"Cientistas chineses iniciaram os testes clínicos de um novo medicamento contra o HIV/SIDA e a hepatite B, que faz nascer a esperança de um remédio mais barato contra a doença, noticiou esta quinta-feira o jornal oficial chinês China Daily, citado pela agência Lusa.

(...)

Se os testes forem coroados de êxito, o medicamento pode estar disponível no mercado dentro de dois anos, acrescenta o China Daily, que cita Dong Junxing, um cientista da instituição.

«Se os testes clínicos confirmarem as descobertas iniciais, o medicamento será um inibidor irreversível do HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) e do vírus da hepatite B», disse Dong.

Pergunta: Será que a UE deve impor uma taxa de importação a medicamentos chineses para que estes não destruam a indústria farmacêutica europeia e os investimentos feitos nos seus laboratórios?

Milton Friedman




Na New Perspectives Quarterly, uma importante entrevista a Milton Friedman. A ler na íntegra.

(Notícia lida no Pura Economia, foto roubada do Globalisation Institute)

Wednesday, February 22, 2006

Cálculo económico

El problema del socialismo
Por Manuel F. Ayau Cordón

"Ahora que en América Latina le llega el turno a la izquierda mercantilista, después del fracaso de la derecha mercantilista, es oportuno hacer ver que ambos tipos de mercantilismo tienen el mismo problema del socialismo, pues ambos suponen que el Estado puede dirigir la economía y suplantar al "mercado". Por eso también es predecible su fracaso, y el ciclo de la pobreza seguirá.Veamos cuál es el problema que ignoran los mercantilistas, tanto de derecha como de izquierda.

En los años 30 del siglo XX tuvo lugar un gran debate sobre el llamado "cálculo económico", pronto opacado por las discusiones ideológicas irracionales que dominaron ese siglo; permaneció ignorado por décadas, debido a la preeminencia adquirida por la izquierda en el mundo académico. Me consta que algunos intelectuales temían tocar el tema porque, si persistían, su carrera académica peligraba. El resultado fue que quienes estudiaron en las universidades de la época no tuvieron oportunidad de conocer el talón de Aquiles de la izquierda, conocido como "el problema del cálculo económico", y es evidente que muchos aún desconocen su existencia. Por ello, muchas personas inteligentes siguen siendo de izquierda.

El problema consiste en que, para progresar, el valor que la sociedad asigna a las cosas que desea tiene que ser mayor que el que asigna a los recursos que emplea. Si no, se estaría perdiendo la diferencia. Ello requiere –y todos lo hacemos a diario inconscientemente– comparar el valor, de acuerdo con los precios que asignamos a los recursos que consumimos y a lo que obtenemos. Ese es el famoso "cálculo económico".

Ese cálculo lo podemos hacer porque las cosas tienen precios, precios que nos informan, más o menos, del valor que la comunidad asigna a sus prioridades, de su actual estado cultural y económico, de las múltiples opciones disponibles para lograr sus fines, de las implicaciones de la localización física de los recursos naturales y de los creados por el hombre, del estado de los medios de transporte, del costo de obtener información, de la infraestructura intelectual del momento, del grado de capitalización de la sociedad y de muchas otras cosas, que podríamos llamar "lo pertinente a la realidad" del mundo, en todo momento.

Esos precios resultan de los innumerables intercambios que se producen en una sociedad basada en la división del trabajo y en los subsiguientes intercambios. Esos precios que nos sirven todos los días son conocidos como "precios de mercado", porque resultan de los intercambios que libremente hacemos de lo que legítimamente nos pertenece (propiedad privada), dentro de las opciones que otros también libremente ofrecen; esa es la definición de mercado.

Debido a que toda intervención económica del Estado distorsiona los precios, los precios dejan entonces de cumplir su función y el cálculo económico distorsionado no sirve, pues ya no es real, sino un juguete político. ¿Cómo sabría un Gobierno la magnitud de la distorsión que causa? ¿Cómo sustituye aquellos precios que nos informan de tantas cosas? ¿Cómo determinar costos si éstos son, precisamente, la suma de los precios de los recursos empleados?

Una investigación en las bibliotecas del mundo revela la inexistencia de una respuesta al problema del cálculo económico, y como ninguna persona inteligente estará a favor de un sistema que nadie ha dicho cómo funciona, la conclusión inevitable es que se puede ser socialista o intervencionista (mercantilista) sólo si se ignora o no se entiende el problema. ¡Qué problema el que tienen!"

Outras leituras:

Economic Calculation In The Socialist Commonwealth (Ludwig von Mises)

¿Cómo era aquello del cálculo económico? (Juan Ramón Rallo Julián)

La imposibilidad del socialismo (Daniel Rodríguez Herrera, sobre o livro Socialismo, Cálculo Económico y Función Empresarial de Jesús Huerta de Soto)

Tuesday, February 21, 2006

O "social" de algum lado virá

No dia em que se lamenta um dos momentos mais negros da história da humanidade, aparece este pequeno mas importante texto no Sobre o tempo que passa que se refere à génese dos actuais partidos políticos portugueses. Talvez seja de alguma utilidade para aqueles que devido à sua cegueira ideológica continuam a ver o "capitalismo selvagem" na direita portuguesa:

"Marx está vivo. Foi um dos maiores pensadores universais. O seu partido comunista, na versão PCUS, reinterpretada por Lenine e Estaline, implodiu. Mas o seu SPD ainda aí está, graças a sucessivos revisionismos, nomeadamente ao de Eduard Bernstein que, entre nós, é considerado mestre por José Sócrates, Francisco Pinto Balsemão e Aníbal Cavaco Silva. Basta recordar que também Lenine e Estaline eram militantes do PSD russo.

Por outras palavras, no dia do manifesto de Marx e Engels, importa recordar que o Portugal político é o país mais à esquerda da Europa, dado que a esquerda dominante é socialista democrático e a oposição liderante de direita é social-democrata. Isto é, tanto a esquerda como a direita ainda continuam marxistas, não-leninistas, mas revisionistas. No rigor da ideologia e da história, esta é uma afirmação correcta, embora politicamente incorrecta.

Porque ninguém pode negar que o PPD fundacional admitia a inspiração marxista, que o PS era claramente marxista e que até o CDS de Freitas apresentava projectos de constituição em nome do socialismo humanista. Porque ninguém pode negar que a própria JSD chegou a adoptar "A Internacional" como hino da organização, quando fazia congressos com os retratos de Marx e Engels na parede. Porque ninguém pode negar que o PSD retirou o marxismo do programa bem depois do PS de Constâncio o ter concretizado, copiando ambos o que o SPD tinha feito no Congresso de Bad-Godesberg de 1959. Coisas bem mais substanciais do que a habitual historieta que põe Durão Barroso como jovem maoísta do MRPP antes de passar para presidente da Comissão Europeia, com prévia passagem pelo centro de desmarxização universal, anti-Bin Laden, da universidade de Georgetown, onde precedeu Nuno Severiano Teixeira."

Monday, February 20, 2006

Querem tirar-nos os sapatos

UE vai impor taxas de 20% sobre calçado chinês e vietnamita

"A União Europeia vai impor, a partir de Abril, taxas de importação no valor de 20% sobre algum calçado de pele proveniente da China e Vietname, de forma a evitar que aquele tipo calçado seja vendido abaixo do custo nos mercados comunitários.

A UE, no que ano passado importou 120 milhões de pares de sapatos do Vietname e 95 milhões de pares da China, no montante de 5 mil milhões de euros, referiu que vai impor tarifas crescentes durante seis meses, para um máximo de cerca de 20% do seu valor. A China ameaçou retaliar se o comissário europeu do Comércio, Peter Mandelson, impuser estas taxas adicionais.

«Esta é uma medida muito hostil para o consumidor e será um encargo especialmente pesado para famílias com baixos rendimentos, bem como para ‘traders’, importadores e retalhistas», disse Ralph Kamphoener, conselheiro comercial na EuroCommerce, que representa as empresas europeias que empregam mais de 22 milhões de pessoas na UE.

Ao fasear estas taxas a partir de 7 de Abril, a UE espera assim evitar o tipo de bloqueios à distribuição que ocorreu quando a União Europeia limitou as importações de têxteis chineses, no ano passado"
(via Causa Liberal)

Diz-se que a intenção da UE é evitar os bloqueios à distribuição como o que sucedeu no ano passado. Isto não deixa de ser extremamente interessante já que é o limite imposto pela própria UE que causa tais problemas. Se não existisse uma imposição de um limite de importações, não existiria bloqueio nenhum.

As verdadeiras razões por trás desta decisão são óbvias. Apesar de a taxa adicional a ser cobrada proavelmente reduzir as vendas, continuará a existir uma quantidade de produtos a "implorar" para ser taxada e nós já sabemos como os governos gostam de encontrar formas de financiamento. Um imposto de 20% adicionado ao IVA certamente servirá para mais uns Rolls Royce, requisito básico de qualquer elite administrativa que se preze.

A medida agradará também aos sindicatos, aos produtores e trabalhadores da indústria de calçado que julgam pertencer a uma economia estática em que apenas existe a relação entre eles e os seus potenciais consumidores. Estes serão, portanto, forçados por vias económicas, a consumir preferencialmente os seus produtos quando necessário. Em toda esta situação se vislumbram duas tendências constantes, prejudiciais e, infelizmente, de interesse mútuo coordenável.

Os empregados da indústria na Europa exercem um trabalho cujo valor está claramente acima do do mercado global. Como é um trabalho que exige pouca qualificação profissional, a mão-de-obra disponível é muito maior. Uma vez que a Europa é um dos locais onde a especialização técnica atingiu um nível mais elevado, estes empregos tornaram-se cada vez menos comuns ao longo do tempo, comparando, por exemplo, com os séculos anteriores em que existia uma percentagem muito maior da população a partir de onde se escolhiam os operários. O que acontece aqui é que os actuais trabalhadores desta indústria desejam preservar o seu status quo, impedindo outros - chineses e vietnamitas, no caso - de o adquirir. Estas pessoas não desejam obter um emprego que lhes exija maiores qualificações porque isso implica um maior esforço do que aquele a que elas estão dispostas a fazer e não desejam adaptar-se a um mundo (e, logo, uma economia) dinâmico.

Os processos económicos não funcionam assim, para qualquer dos efeitos. Seria bom que pudéssemos ter o nosso emprego eternamente garantido quando existe mais gente que também o pode e/ou deseja obter. A situação assemelha-se a um advogado que exige que as universidades da sua cidade deixem de licenciar novos estudantes em advocacia porque ele pensa que o mercado já está saturado e isso reduz as suas possibilidades de ser bem sucedido, ainda para mais quando os novos candidatos têm menos 20 anos do que ele. Infelizmente para as suas intenções, as outras pessoas também têm o direito de exercer advocacia.

A outra tendência é a dos empresários já instalados que esquecem o âmbito geral da economia em que estão embebidos. Desejam manter o seu lucro, através do mercado que possuem actualmente e evitando a competição externa. Não querem inovar porque isso requer investimento e outras adversidades, preferindo manter-se numa redoma fechada em que podem ter as suas vendas garantidas sem qualquer influência externa. Daqui se entende a reacção de quase todos os empresários ao saber que há um novo player no seu sector.

Por culpa da legislação e dos sindicatos, estas reacções são também particularmente fomentadas já que um empregador não pode pagar um salário ou benefícios extra que representem o seu verdadeiro valor de mercado. As conquências resultantes acabam por ser sempre as mesmas em todos os países. Socialismo gera mais socialismo. Como não há liberdade a nível da contratação laboral, instalam-se interesses sindicais. Como o mercado é protegido, instalam-se interesses empresariais. Como as pessoas já estão habituadas, o Estado não se coibe em sugerir outro imposto de forma a satisfazer os interesses organizados e até a lucrar com isso.

E quem defende os interesses pessoais de cada um de nós nesta questão da indústria do calçado?

Friday, February 17, 2006

Os políticos nunca são pobres

Foreign aid funds corruption new study reveals [PDF]

"A new report released today, Make Poverty History: Tackle Corruption examines the correlation between foreign aid and corruption in developing countries. After analysing data from 2005 Corruption Perceptions Index, economist and emeritus Professor Wolfgang Kasper reveals,

'A major cause for the rising tide of graft is foreign aid. Aid rarely reaches the poor and is rarely cost-effective. Despite assertions by well-paid foreign-aid lobbyists, unconditional foreign aid has failed. Thus, huge aid flows to Africa have only rewarded incompetent despots and kleptocratic elites, whereas absolute poverty has plummeted in India and China, countries which have received comparatively little foreign aid. In countries which derive over half their national budget from foreign aid transfers -- as is now the case in many African and South Pacific countries -- genuine democracy has no chance.'

Kasper continues, ‘My analysis shows that entrenched corruption occurs in countries with poorly protected private property rights, over-regulated markets, and a poor rule of law."

(via 25 centímetros de neve)

Enigma da OPA

Nos últimos dias tenho ouvido constantemente vários comentadores políticos, economistas, directores de empresas, gestores, etc. extremamente preocupados com o efeito que a OPA de Belmiro de Azevedo (ou uma eventual contra-OPA) terá no mercado das telecomunicações. Embora Belmiro de Azevedo tenha dado a entender que pretendia vender uma das redes - a de cobre ou a de cabo - as atenções parecem voltar-se para o sector das telecomunicações móveis onde uma absorção da PT pela Sonae daria lugar a uma eventual fusão entre a TMN e a Optimus.

Tem sido sugerido que há hipóteses de que a AdC bloqueie a compra porque desta acção "hostil" pode eventualmente resultar uma diminuição da concorrência no mercado móvel terrestre português. Apenas a ideia de que a AdC consegue, por artes mágicas, saber qual é a forma que gera mais concorrência no mercado e em que condições são melhorados os serviços ou diminuídos os preços demonstra que não se entende muito bem como funcionam os mecanismos de concorrência em termos gerais. O mais interessante que cheguei a ouvir foi a hipótese de a AdC considerar oferecer uma nova licença para contrair o efeito que esta fusão teria, como se o mercado (neste caso, o das telecomunicações) fosse tão um sistema tão simples ao ponto de regressar a um "equilíbrio harmónico" de 3 operadores semelhante ao existente agora.

Não por parte do cidadão comum - a quem em estas movimentações pouco importam a não ser pelo peso que têm na sua carteira - mas por parte da maioria dos que comentaram a situação à comunicação social, denota-se uma profunda hipocrisia. Repentinamente, todos se preocupam com a questão da concorrência, como se fosse algo divino que até seria benéfico caso fosse mantido artificialmente, de tão importante e extraordinário que é.

Se estas pessoas realmente estivessem interessadas numa competitividade empresarial para este sector, já estariam há muito tempo a criticar a parcela accionista que o Estado detém na PT, quer através da CGD, quer através da golden share que persiste em manter para as demais conveniências políticas, o que provavelmente até impediu a PT de ter uma política "expansionista" a nível das operadoras europeias. Teriam também criticado o monopólio que a PT detinha na rede fixa e a sua actuação simultânea como grossista (único) e retalhista na rede ADSL.

Se a preocupação desta gente fosse realmente a concorrência, há muito estariam já a lutar pelo desmantelamento da AdC e da ANACOM* cujas únicas funções são precisamente intervir, regular e impedir a verdadeira concorrência entre empresas. Uma porque nasce do pressuposto de que a aquisição de quotas de mercado mina necessariamente a "concorrência" (daí que provavelmente nunca teríamos um monopólio, nem que fosse livremente determinado) enquanto que a outra existe simplesmente para decidir como é usado o espectro electromagnético, de forma a impedir que mais operadoras apareçam ou que o mercado ofereça novas soluções por via natural.

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*No máximo dos máximos, compreender-se-ia que a ANACOM actuasse como mediadora de potenciais conflitos entre o uso dado e respectivas distribuições dentro das diversas bandas do espectro e não como identidade que decide que bandas de frequências são utilizadas e a quem são autorizadas e licenciadas, no caso de operadores privados (regulação do mercado)


Nota adicional: depois de já escrita esta entrada, li no Dinheiro Digital que a atribuição da nova licença sempre é uma hipótese que está a ser considerada. É preocupante que se encare isto da perspectiva do licenciamento:

"O mesmo periódico adianta que a «atribuição de uma terceira licença móvel para repor o equilíbrio concorrencial no mercado é uma das opções admitida pelo Executivo no quadro da reorganização do sector num cenário pós-OPA»."

Há mercado e interesse (se não existisse estímulo por parte das companhias em apostar nas telecomunicações, não faria sentido abrir uma nova licença) mas a presença deste novo operador é vista do ponto de vista legal. Note-se que não é dito que se espera que apareça um novo operador mas que se poderá "autorizar" um novo operador.

Teoria e experiência




"Confused by curved spaces? Baffled by black holes? Then it's time to read our online introduction to relativity, Elementary Einstein!"




"Robert P. Crease, a member of the philosophy department at the State University of New York at Stony Brook and the historian at Brookhaven National Laboratory, recently asked physicists to nominate the most beautiful experiment of all time. Based on the paper of George Johnson in The New York Times we list below 10 winners of this polling and accompany the short explanations of the physical experiments with computer animations."

1. Double-slit electron diffraction
2. Galileo's experiment on falling objects
3. Millikan's oil-drop experiment
4. Newton's decomposition of sunlight with a prism
5. Young's light-interference experiment
6. Cavendish's torsion-bar experiment
7. Eratosthenes' measurement of the Earth's circumference
8. Galileo's experiments with rolling balls down inclined planes
9. Rutherford's discovery of the nucleus
10. Foucault's pendulum

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Recomendações de leitura: Great Experiments in Physics, Morris H. Shamos

Assim se vê a xenofobia do PC

PCP considera plano «gravíssimo»

"Por sua vez, os partidos de esquerda ficaram preocupados com os planos do Governo. O PCP classificou o programa de privatizações como «gravíssimo», considerando que o Estado deveria continuar a manter um papel importante em empresas que são lucrativas.

«Vão passar para mãos estrangeiras empresas lucrativas e estratégicas», adiantou o deputado do PCP, Honório Novo, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República."
Conclusões (ou lá perto):

1. O lucro é maléfico (obra do demo);

2. O Estado encontra-se isento de condenações de ordem divina e outras excomunhões já que é uma entidade laica, logo o lucro, neste caso, já é bom porque até cobre os ordenados dos funcionários públicos incluindo, claro, os deputados, as campanhas dos partidos políticos e outras aventuras extremamente vitais para a sua saúde democrática e parlamentar do país;

3. Privatizar é gravíssimo. Excepto quando se está no governo e se pode ficar directamente com as receitas de tais operações. Quando não se está, é um atentado aos direitos sociais e às receitas a longo prazo do Estado;

4. As empresas são estratégicas mas têm permanecido nas mãos do Estado. Ora, se são assim tão estratégicas deviam estar nas mãos de privados para que pudessem regular-se de acordo com as regras do mercado e servir os interesses dos clientes e não os de directores e conselhos de administração que até são nomeados pelo governo. Para além de ser um mau gestor por natureza, o Estado não se importa muito com os défices financeiros das empresas públicas. Há sempre de onde tirar dinheiro para injectar livremente se for necessário;

5. Percebe-se que, efectivamente, as empresas são estratégicas. Mas são estratégicas para os interesses do Estado, não para os dos consumidores, daí que os partidos políticos, que sobrevivem a partir do Estado, vejam com inúmeras reticências a sua privatização;

6. O PCP teme que as empresas ditas estratégicas e lucrativas caiam em mãos estrangeiras. Para um partido que se espera de esquerda clássica e defensor da igualdade isto é bastante pobre ideologicamente, já para não dizer totalmente incoerente. Então, passa-se a vida a defender que somos todos iguais e não devemos discriminar as pessoas de outras raças e nacionalidades para depois vir um representante comunista dizer que é grave que empresas lucrativas e estratégicas passem para mãos estrangeiras?;

7. Aguardarei com expectativa os próximos dias na esperança de ouvir um desmentido, por parte da direcção do PCP. Talvez fosse boa ideia que Jerónimo de Sousa fizesse um pedido de desculpas oficial não vá a uma televisão árabe qualquer traduzir as declarações deste deputado para que depois todo o mundo islâmico fique a pensar que era uma indirecta para eles;

8. Deveríamos dar-nos por agraciados já que estamos a assistir a um momento histórico. A concretizar-se esta atitude com a conivência das demais figuras representativas do partido, o PCP acaba de se destacar definitivamente da linha que o separa do Bloco de Esquerda para passar a competir directamente no mercado das ideias com o mesmo público-alvo do PNR.

Thursday, February 16, 2006

Epa, o coiso e é ... coisa

Ele acha que coiso. É coiso, é preciso ver as coisas...coiso, entendem? Aos 1:38 surge a explicação de todo o vídeo.

(roubado ao Horrivel Site do Marco)

É preciso ser otário

A previsibilidade da comunidade científica, por vezes, deixa-me completamente estarrecido:

Estudo revela que elefantes não perdoam e são vingativos
«Os elefantes, além da sua lendária boa memória, não perdoam e são vingativos, indica um estudo hoje publicado pela revista britânica New Scientist.»
Quem precisava de um estudo para concluir isto? Até parece que alguns de nós ainda não tinham referido que o aeroporto da Ota podia prejudicar gravemente o país.

Tara 0%

O Bruno passa-me a batata quente para que eu liste aqui 5 das minhas manias:

"Cada bloguista participante tem de enumerar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Além disso, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue."

Pensei em encontrar várias formas de evitar o assunto. A primeira foi dizer que uma pessoa tão virtuosa como eu não pode ter "manias". Claro que depois percebi que era demasiado realista e ninguém iria acreditar. De seguida, pensei em dizer que não alinhava em brincadeiras infantis ou criancices mas depois entendi que alguém que me conheça pessoalmente acabaria por revelar que não passo 1 dia sem brincar às escondidas equipado da minha chucha. A minha última ideia foi dizer que não tinha tempo para futilidades mas depois toda a gente ia reparar que eu continuo a dizer disparates por aqui. Enfim, tive de me resignar e irei assim apontar 5 manias minhas, completamente verídicas, para total horror daqueles que me lêem:

1. Ir todas as manhas à janela para verificar que nenhuma flutuação quântica fez o Sol desaparecer desta galáxia e reaparecer do outro lado do Universo durante a noite. ["I like to think that the moon is there even if I am not looking at it." - Albert Einstein, referindo-se aos paradoxos gerados pela existência de probabilidades na mecânica quântica. Um texto interessante sobre este assunto: Does the moon exist only when someone is looking at it?]

2. Recapitular todos os passos da demonstração do último teorema da Fermat, todos os dias a seguir ao almoço. [Não se deixem enganar pelo curto resumo acima referido. A demonstração ocupa umas 150 páginas]

3. Usar constantemente um chapéu feito de folha de alumínio para impedir a entrada de ondas electromagnéticas no cérebro e evitar que alguém leia ou controle a minha mente, especialmente o Procurador-Geral da República.

4. Fingir que sou um ser humano, de vez em quando, para não levantar suspeitas que possam atrair as atenções do governo americano e dos MIB.

5. Ao fim do dia, deixar correr bastante água das torneiras para me certificar de que ela continua molhada.

---

E agora, para evitar que esta entrada se torne ainda mais séria do que já é, vou nomear 5 manias completamente fictícias:

1. Esquecer-me de acertar a hora dos relógios quando o governo decide aumentar ou diminuir o meu horário civil em 1 hora. É possível que um relógio de pulso que uso diariamente passe semanas sem ser acertado. Provavelmente, dentro de poucos meses terá a hora certa.

2. Gostar de sentir o cheiro do papel usado nos livros. Uma vez, um conhecido disse-me, quando lhe contei isto, que devia deixar de ler a Playboy, num tom jocoso. Não sei se sou eu que nunca ouvi falar de uma Playboy em formato livro ou se era ele que as encadernava.

3. Ter tendência para fazer ironias dentro das próprias ironias. Isto leva a demasiadas confusões já que muita gente que me conhece há anos não consegue distinguir quando falo a sério, nem mesmo quando o expresso à partida. Como neste parágrafo, por exemplo. Uma vez, uma colega disse-me que eu era "um daqueles rapazes que nunca se sabia o que queria mesmo dizer" (sic). Eu fiquei contente por, obviamente, nunca a ter pedido em casamento a brincar.

4. Tentar, inutilmente, abrir os olhos quando acordo. Mais tarde, acabo por compreender que para abrir os olhos, devia ter tentado acordar primeiro. Infelizmente, o dia já começou há umas horas atrás.

5. Insistir em falar com pessoas que não têm o mínimo interesse no que dizemos. Aquele tipo de pessoas a quem podemos estar a explicar durante 30 minutos um processo extremamente específico e depois somos interrompidos para ouvir um comentário de relevância extraordinária como: "tens aqui um cabelo na camisola!". Por alguma estranha razão, acabo sempre por me esquecer que as mesmas pessoas são assim e volto à carga, noutra ocasião, para mal da minha paciência. E sanidade mental.


E agora, a minha demonstração de desobediência civil. Pronto, já está. Talvez um dia isto me valha uma adesão grátis ao Bloco de Esquerda. É que actualmente é preciso avançar com um investimento capitalista de 25 euros.

Wednesday, February 15, 2006

Educação em Portugal

Jogos de futebol

Num hipotético campeonato de futebol euro-árabe, como sugerido por Freitas do Amaral, quem seria o árbitro mais isento? Um árabe ou um europeu?

Ando com esta dúvida há vários dias e a única conclusão a que cheguei é que se calhar é preciso chamar um americano para mediar o conflito. O risco de termos as selecções europeias a ser roubadas por um representante europeu é demasiado elevado.

Heranças soviéticas II

[sublinhados meus]

Descrição da página da FRELIMO no google:

Contém informações sobre o Partido e o programa quinquenal do governo.

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Hino de Moçambique de 1976 a 1992:

Viva, viva a FRELIMO,
Guia do Povo Moçambicano!
Povo heróico qu'arma em punho
O colonialismo derrubou.
Todo o Povo unido
Desde o Rovuma até o Maputo,
Luta contra imperialismo
Continua e sempre vencerá.

Viva Moçambique!
Viva a Bandeira, símbolo Nacional!
Viva Moçambique!
Que por ti o Povo lutará.

Unido ao mundo inteiro,
Lutando contra a burguesia,
Nossa Pátria será túmulo
Do capitalismo e exploração.

O Povo Moçambicano
D'operários e de camponeses,
Engajado no trabalho

A riqueza sempre brotará.

Mensagem para a ANA

Eammon Butler no ASI Blog:

Back in 1982, the Adam Smith Institute recommended (in a short paper by Sean Barrett) that the British Airports Authority should be privatized. A few years later, it was, transforming itself into BAA plc.

But the ASI proposal would have split up the conglomerate – making the London airports separate companies (Heathrow, Gatwick, and now Stansted), and likewise with the Scottish airports (BAA still runs Glasgow, Aberdeen, and Edinburgh). In London in particular, we felt it important to have competition to attract plane movements in and out. Unfortunately, Mrs Thatcher's government was not brave enough (or needed the money) and privatized the group with (virtual) Scottish and London monopolies.

The success of regional airports such as Manchester and Luton – the latter made itself the home of easyJet – show that we were right. Competition brings benefits. But now we might actually get competition in London's airports anyway. Tom Bawden and Peter Clinger report that Star Capital, Group Ferrovial, and maybe others, are considering bids for BAA plc. But with all these big airports, the group is asset-rich and expensive. The suggestion is that Ferrovial for one would be interested in buying BAA plc precisely to get Heathrow – one of the world's busiest airports – and would quickly sell the rest.

That would be excellent news for UK air travellers. It would mean a real market in take-off and landing slots would develop. Airports would be competing for airlines and for travellers. Who knows: we might end up being treated like valued customers rather than as cattle being herded through the pens.

(via A Arte da Fuga)

Tuesday, February 14, 2006

Heranças soviéticas

Finding Hope Where the Streets are Named for Lenin and Mao, de Richard Tren

"Driving around Maputo, the capital city of Mozambique, is like driving through the pages of a socialist history book. Avenida Vladimir Lenin leads into Avenida Mao Tse Tung and Avenida Kim Ill Sung runs parallel to Avenida Salvador Allende. So, in fact, it is more like driving around a history book of disastrous economic policies and human catastrophes. And yet Mozambique is not the desperate failure that the capital's street names would suggest. By abandoning years of failed socialism and embracing economic freedom, life for ordinary Mozambicans is improving.

After years of socialism and bitter civil war that destroyed most of the country's infrastructure, to say little of the destruction of human lives, the country has been at peace for more than fifteen years and has had several democratic elections. Successive peace time governments have steadily increased economic freedom and have been rewarded with increased economic growth.

According to the Heritage Foundation's index of economic freedom, the Mozambican economy moved from a score of 4.39 in 1995 to 3.34 in 2005, where 5 measures the least free and 1 the most free. There are still many aspects of the Mozambican economy that are not free and, overall, the country is ranked as "mostly un-free". Yet the trend is towards greater freedom and given the obvious benefits that the country has reaped from freedom, it is hard to believe that it will regress.

Economic growth was over 7% last year and inward investment has been impressive. According to Heritage, "Mozambique allows 100 percent repatriation of profits and retention of earned foreign exchange in domestic accounts."

(...)

I first came to Maputo seven years ago and was shocked to see many dilapidated buildings and roads in a shocking state of disrepair. Yet then, as now, I was struck by the fact that so many Mozambicans were not sitting around in the street begging or waiting for a handout, but were busy selling, trading and creating something out of nothing. This attitude of self-reliance, perhaps borne out of years of adversity, seems to have paid off. There is still a great deal of poverty now, but the streets are cleaner and improved and the buildings are smarter and there are several new, gleaming hotels and office blocks. My own hotel, on Avenida Julius Nyerere, was one of the nicest I have ever stayed in and I used the wireless connection to submit the piece you are now reading."

Monday, February 13, 2006

Sentimento de culpa

Caricaturas/Maomé: Freitas acusa Ocidente de ser o agressor


"O ministro dos Negócios Estrangeiros, Diogo Freitas do Amaral, acusou, no domingo, o Ocidente de ter sido, nos últimos tempos, o maior agressor contra o Oriente, e não o contrário.

Em declarações proferidas à margem da cerimónia de atribuição do grau de doutor honoris causa ao príncipe Aga Khan pela universidade de Évora e publicadas na edição desta segunda-feira do Público, Freitas do Amaral questionou «quem têm sido os maiores agressores nos últimos tempos? Somos nós! Portanto, cabe-nos a nós a iniciativa e cabe-lhes a eles também dar passos nesse sentido e não utilizarem a violência porque os protestos são legítimos mas há muitas maneiras pacíficas de fazer protesto»."

Passe a publicidade para livrar este homem branco do seu fardo insuportável.

Go West

O João de Jesus d'A-metamorfose respondeu aqui a Miguel Sousa Tavares que terá dito «Não conhecemos, em todo o mundo árabe, o nome de um cientista, músico, arquitecto, cineasta, explorador, atleta, enfim, alguém que faça sonhar ou avançar a humanidade» sugerindo o nome de Abdus Salam, paquistanês e prémio Nobel da física em 1979. O João Miranda respondeu, apontando alguns factos concretos:

"O problema é que Abdus Salam era paquistanês, não pertencendo ao mundo árabe. É certo que o Paquistão é um país muçulmano, mas Abdus Salam pertence a uma seita considerada herética pelos muçulmanos mainstream. Dificilmente o seu talento para a física pode ser atribuído à cultura árabe. Na verdade, foi educado em escolas do Império Britânico e fez a sua carreira científica no ocidente."

O João de Jesus voltou a responder e, reconhecendo a veracidade destas palavras, apontou que:

"Os três factos estão correctos. Mas não são suficientes para subtrairem a influência do Islão na sua vida, nem, e isto é o mais importante, dissolver o impacto que o seu trabalho e reconhecimento mundial tiveram, e ainda têm, em muitos jovens cientistas muçulmanos. Há melhor forma de «fazer sonhar»?

(...)

Abdus Salam [was] known to be a devout Muslim, whose religion does not occupy a separate compartment of his life; it is inseparable from his work and family life. He once wrote: «The Holy Quran enjoins us to reflect on the verities of Allah's created laws of nature; however, that our generation has been privileged to glimpse a part of His design is a bounty and a grace for which I render thanks with a humble heart»."

Está-se aqui a confundir o contexto sociocultural com o carácter pessoal da interpretação de uma crença religiosa. Pelas palavras de MST, apenas se pode concluir que se referia literalmente ao mundo árabe ou à sociedade constituída por países de religião islâmica. Embora neste referencial estejamos a considerar a influência que a religião possui ao nível político (caso contrário, provavelmente, não lhes chamaríamos países islâmicos), não estamos a falar das crenças que cada um dos elementos apresenta e da influência que cada uma exerce no seu trabalho específico. Se assim fosse, não haveria diferença entre ser muçulmano, estando toda a vida no Luxemburgo ou viver num país onde o islamismo é maioritário e o Estado apresenta características totalitárias.

Se seguirmos por este caminho, referindo a "influência do Islão" como factor do sucesso científico que Abdus Salam atingiu, podemos então seguir muitos outros dizendo igualmente que o Judaísmo foi crucial no trabalho desenvolvido por Einstein ou que o Cristianismo influenciou muito certamente a obra de Newton, Galileu (embora não lhe tenha valido de muito a representação terrena), etc. O que acontece é que, ao contrário de muitas correntes muçulmanas, ninguém nas civilizações ocidentais se põe a dizer que Darwin e Mozart são um fruto do cristianismo. Na minha opinião, esta atitude demonstra uma insegurança enorme já que se torna necessário relacioná-la com aspectos completamente laterais. Será equivalente a dizer que o HST também é o produto inegável da religião cristã.

Por muito que se queira, equiparar uma religião com o tipo de sociedade em que esta se pratica não é válido porque se tira uma conclusão a partir da crença de uma pessoa (que, aliás, nem é reconhecida pela maioria dos seus compatriotas) para depois a apresentar como relativa à sociedade de onde ela é proveniente. Um génio pode nascer em qualquer sítio, o que é verdadeiramente relevante é o país que acaba por acolhê-lo e onde este pode desenvolver o seu trabalho com maior facilidade. No caso em questão, como refere o João Miranda, Abdus Salam até foi educado numa universidade do império britânico. O João de Jesus diz também que Salam terá inspirado jovens cientistas muçulmanos. Provavelmente, terá. Tê-los-á inspirado a sair para se juntarem o ICTP, que fundou em Itália, precisamente com a intenção de ajudar jovens investigadores de países como o seu (as maiores percentagens de estudantes vêm de países asiáticos e africanos). Na biografia disponível na página da academia sueca pode ler-se também o seguinte:
"Salam returned to Pakistan in 1951 to teach mathematics at Government College, Lahore, and in 1952 became head of the Mathematics Department of the Punjab University. He had come back with the intention of founding a school of research, but it soon became clear that this was impossible. To pursue a career of research in theoretical physics he had no alternative at that time but to leave his own country and work abroad."

Não é por acaso que Abdus Salam acabou no Imperial College, em Inglaterra, e não foi Penrose que se mudou de Oxford para a Universidade do Punjab. Falar de casos particulares, ainda assim, é uma amostra selectiva. O que é verdadeiramente ilustrativo é analisar os fluxos migratórios e aí percebe-se que uma grande parte dos cientistas portugueses, por exemplo, fez o seu doutoramento/trabalhou em universidades americanas e britânicas ou, em menor escala, alemãs ou francesas (até acontece, como se pode ver, dentro dos próprios países ocidentais). Em qualquer um destes casos, uma oferta de trabalho é geralmente aliciante. A nível global, esta tendência é também muito acentuada porque nos países de origem existe muito pouca procura por teóricos e as perspectivas de emprego rentável são muito menos favoráveis. Emigrar torna-se uma opção considerável.

E, sinceramente, assim de repente, não me recordo de ninguém que tenha ido estudar, por razões de carreira, para o Irão, para a Arábia Saudita ou sequer para a Turquia, que fica aqui mais perto. Sintomático, não?

Sunday, February 12, 2006

O sonho de todos os maus empresários é...

Queixa-crime contra Liga de Futebol e Betandwin
Santa Casa da Misericórdia apresenta queixa devido a exploração ilícita de jogos

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) anunciou esta sexta-feira ter apresentado uma queixa-crime no Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa (DIAP) contra a Liga de Futebol e a empresa responsável pela Betandwin por alegada exploração ilícita de jogos de azar em Portugal.

A iniciativa tomada junto do DIAP é, segundo explica a Santa Casa em comunicado, "mais uma forma de reacção relativamente à actividade da referida empresa (Betandwin) que consiste na exploração ilícita, no território nacional, de apostas mútuas, lotarias e jogos de fortuna e azar".

"Apesar das decisões já obtidas nalguns procedimentos levados a cabo pela SCML, e das tomadas de posição favoráveis (...), constata-se, porém, o continuado desrespeito da regulamentação aplicável numa área onde a responsabilidade social dos diversos intervenientes é, para além de inegável, indeclinável, pelo que esta instituição continuará a actuar", refere o documento.

...não ter concorrência. Claro que pelo meio se vão invocando razões de "interesse nacional", a responsabilidade social que representa determinado sector e o impacto que terá a concorrência para a entidade em questão. O negócio estabelecido pelos outros é sempre "ilícito".

Então e que tal adaptarem-se ao mercado? Se a AMD não existisse, talvez a Intel ainda estivesse a produzir processadores com frequências da ordem dos 500 Mhz. Quem fica sempre a ganhar com os frutos gerados pela concorrência empresarial é o consumidor. Os que estão mais preocupados com a manutenção artificial do seu lucro do que com o bom serviço prestado aos seus clientes sabem que ficam em desvantagem num mercado onde todos podem competir livremente.

Para além de demonstrarem saber que os produtos que oferecem satisfazem menos os clientes do que os de outro grupo, desejam cortar a possibilidade de escolha destas mesmas pessoas, restringindo as opções existentes no mercado.

Friday, February 10, 2006

Choque e tristeza

A confirmar-se seriamente esta notícia sobre o falecimento da Joana, autora do Semiramis, a blogosfera portuguesa acaba de perder um pedaço. Relembro aqui que em Dezembro o Semiramis havia sido eleito como o melhor blogue de direita do ano de 2005 (numa sondagem levado a cabo pel'O Insurgente), esforço pessoal que a Joana já conduzia desde 2003.

Fica a minha nota pessoal de pesar pelo sucedido. E a certeza de que a Joana fez muito pela divulgação de um espírito liberal em Portugal nos últimos anos. Muito obrigado.

Mais pistas de autoritarismo

Caricaturistas e radicais «bem uns para os outros»

"Vitalino Canas, vice-presidente da bancada parlamentar socialista, afirmou esta quinta-feira que «caricaturistas irresponsáveis e fundamentalistas violentos estão bem uns para os outros».

Vitalino Canas comparou, esta tarde, no Parlamento, os caricaturistas aos fundamentalistas.

«As agressões simbólicas e materiais a Estados e cidadãos europeus merecem certamente a nossa repulsa, nada legitima esse actos hediondos, estão bem uns para os outros, os caricaturistas irresponsáveis e os fundamentalistas violentos, ambos só podem ser alvo da nossa condenação», adiantou.

Luis Afonso, "cartoonista", disse em declarações à TSF que recebe estas criticas com «incredulidade» e afirma até que Vitalino Canas devia fazer um pedido de desculpas a estes profissionais."

Psst! Lembram-se de em crianças vos terem dito que a esquerda defendia a liberdade de expressão? Agora os que fazem simples caricaturas também são "fundamentalistas". Bem me parecia...

Outro exemplo claríssimo de fundamentalismo:



Sam, 1973

Mais exemplos interessantes de fundamentalistas.

Thursday, February 09, 2006

Sem explicação III

Há quem diga que os muçulmanos têm todo o direito de se sentir insultados por serem todos, de forma implícita, injustamente comparados a terroristas, assim como os cristãos se sentiriam indignados se fossem comparados a terroristas (embora haja uma certa dificuldade em dar bons exemplos).

Realmente, há uma lógica incrivelmente transcendente em tudo isto. Se eu fosse "acusado", directa ou indirectamente, de ser terrorista, as medidas que tomava de imediato seriam em tudo equivalentes às das populações islâmicas que têm aparecido recentemente nas notícias. Que melhor forma poderia haver para me ilibar de qualquer suspeita completamente injusta?

O Velho Estado Novo?

Freitas do Amaral diz o seguinte:

"Portugal lamenta e discorda da publicação de desenhos e/ou caricaturas que ofendem as crenças ou a sensibilidade religiosa dos povos muçulmanos.

A liberdade de expressão, como aliás todas as liberdades, tem como principal limite o dever de respeitar as liberdades e direitos dos outros.

Entre essas outras liberdades e direitos a respeitar está, manifestamente, a liberdade religiosa – que compreende o direito de ter ou não ter religião e, tendo religião, o direito de ver respeitados os símbolos fundamentais da religião que se professa.

Para os católicos esses símbolos são as figuras de Cristo e da sua Mãe, a Virgem Maria.

Para os muçulmanos um dos principais símbolos é a figura do Profeta Maomé.

Todos os que professam essas religiões têm direito a que tais símbolos e figuras sejam respeitados.

A liberdade sem limites não é liberdade, mas licenciosidade.

O que se passou recentemente nesta matéria em alguns países europeus é lamentável porque incita a uma inaceitável “guerra de religiões” – ainda por cima sabendo-se que as três religiões monoteístas (cristã, muçulmana e hebraica) descendem todas do mesmo profeta, Abraão."


1. Portugal não é uma pessoa. Logo dizer que «Portugal lamenta e discorda da publicação de desenhos e/ou caricaturas que ofendem as crenças ou a sensibilidade religiosa dos povos muçulmanos» é completamente absurdo. É igualmente impossível que todos tenhamos a mesma opinião. Falar, portanto, em nome de Portugal é absolutamente errado e falacioso. Freitas do Amaral deve pensar que somos todos ovelhas ou então não nos considera portugueses.

2. A liberdade de expressão não deve ter limites. Quem diz que esta deve ter limites é porque não compreende a totalidade do âmbito da liberdade de expressão.

3. O "incidente dos cartoons" não desrespeitou em nada a liberdade religiosa quer em Portugal quer na Europa. A publicação de 12 desenhos não é uma proibição de professar uma religião. O respeito de eventuais símbolos religiosos não deve impedir a sátira com eles relacionada. Quem vê os seus símbolos religiosos "insultados" por meras representações terrenas certamente possui uma insegurança muito forte acerca da divindade desses mesmos símbolos. Ou então, faz uma interpretação totalmente ritualista da sua religião.

4. Freitas do Amaral não tem autoridade para definir quais os símbolos da religião católica. Se Freitas do Amaral chama Maomé de "Profeta" eu exijo que ele chame Jesus Cristo de "Nosso Senhor" por uma questão de respeito e igualdade. Bem sei que Portugal não tem 100% de cristãos mas se Freitas do Amaral diz que «Portugal lamenta» também pode dizer «Nosso».

5. Quando se diz que a "liberdade sem limites não é liberdade" também se falha redondamente em compreender o conceito de liberdade. Se se compreendesse, nem sequer se usaria numa frase desse género já que se estão a incluir acções no campo semântico da liberdade que a ela não correspondem nem dizem respeito. A licenciosidade nada tem a ver com a liberdade. É assim que nascem as más filosofias políticas, a partir de erros conceptuais nos termos.

6. Freitas do Amaral tem andado a dormir certamente. A guerra de "religiões" que ele diz ser incitada pela publicação de meras caricaturas já começou há muitos séculos. Este país, em nome do qual injustamente fala, foi forjado devido a essa guerra. Ignorar esse facto, como tantos outros ao longo da história, é deliberadamente indicativo de um proselitismo descarado em torno de uma "aliança de civilizações" que não existe nem pode existir enquanto forem predominantes no mundo ideologias políticas autoritárias disfarçadas de "fundamentalismo religioso".

Dois apontamentos mais referentes à generalidade da declaração do MNE:

a) Freitas do Amaral não condena em nenhuma parte todas as demonstrações tresloucadas e puramente criminosas que se desenrolaram Europa fora nos últimos dias. Conjuntamente com a sua condenação da publicação de cartoons, Freitas do Amaral não só expressa o seu desagrado para com a liberdade de expressão como vitimiza os infractores e indirectamente legitima o caos total a que se tem assistido nos últimos dias. Para qualquer dos efeitos, Freitas do Amaral inevitavelmente acaba por dar justificação plausível a notícias como esta:

"O mullah Dadullah, um importante chefe talibã, ofereceu uma recompensa de 100 quilogramas de ouro a quem matar o autor das caricaturas de Maomé"
b) Ao não mostrar o mínimo de respeito para com os países cujas embaixadas foram destruídas e os cidadãos ameaçados, revela-se como um Ministro dos Negócios Estrangeiros que podia perfeitamente exercer funções no Qatar ou na Síria, onde talvez fosse mais ajustado. Portugal faz parte da UE e da OTAN. No entanto, o MNE lamenta a ofensa às crenças islâmicas, em nome de Portugal. Aqueles que nos últimos dias têm andado a defender a censura das caricaturas em nome de um "bom-senso geopolítico" deveriam pensar nisto e no que este acto significa politicamente para Portugal, em relação aos seus parceiros europeus. Quem ler este comunicado, sem saber o que se passou na última semana, ficará a pensar que o único incidente foi realmente a publicação dos cartoons.

c) Ninguém paga ao governo para que este faça juízos de valor sobre caricaturas políticas ou religiosas. Se Freitas do Amaral tem uma opinião pessoal, deve divulgá-la como tal e evitar comprometer mais de 10 milhões de pessoas sobre algo com que não concordam. O governo dinamarquês recusou-se a interferir com a liberdade de imprensa na Dinamarca, logo não será (muito menos) o português a ter autoridade para se afirmar sobre o assunto. A partir do momento em que um governo exprime uma "opinião" como declaração oficial, esta deve ser encarada como uma ameaça de censura ou represálias sobre outra forma, já que estes elementos não foram eleitos para utilizar os seus cargos políticos como forma de veicular as suas posições individuais por meio da imprensa.

d) Apelar aos símbolos católicos como fonte de respeito, no sentido que deseja Freitas do Amaral, é absolutamente hipócrita. Diariamente se cometem "blasfémias" em Portugal e por toda a Europa onde a sátira é parte integrante das sociedades. Desta forma, invocar uma suposta impunidade da religião cristã perante o humor ou a crítica deixa de fazer sentido, quando esta é exposta ao ridículo constantemente quer pelos seus mais fervorosos oponentes como também pelos próprios crentes.

e) Por estas e por outras razões mais elaboradas que não cabem aqui, Freitas do Amaral também não fala em meu nome.

Wednesday, February 08, 2006

Sem explicação II

(Dedicado a todos os relativistas deste mundo e dos outros)




Blasfémia! Blasfémia! Americano representou Jesus Cristo envolto em urina!

Última chamada a todos os países cristãos para que boicotem os produtos americanos. Queima de embaixadas organizada para o dia 45 de Fevereiro! Não falte. É preciso matar os hereges que insultam a figura do Messias!

(Nota: Estados Unidos da América, 84% de cristãos)

Sem explicação I



Em 1996, os americanos cometeram a mais horrenda das blasfémias possíveis. Representaram a figura dos deuses em que eu acredito. O tamanho da heresia é de uma incomensurabilidade tal que não devo aqui colocar qualquer imagem referente a esse assunto. É insultuoso, é ofensivo. Quando vi as imagens tive vontade de matar o seu autor. Claro que, porque respeito a liberdade, farei uma manifestação em que o avisarei de que tem a sua cabeça a prémio e de que um ataque terrorista se avizinhava como forma de vingança pelos seus actos. Se ele pode insultar a minha religião, eu também tenho a liberdade de me manifestar e mostrar a minha indignação. Infelizmente, apenas hoje tive conhecimento deste caso. Amanhã mesmo irei destruir completamente a embaixada americana em Lisboa em conjunto com os meus companheiros crentes. De seguida estamos a planear apontar umas armas à cabeça de José Sócrates para que ele decrete um boicote a todos os produtos americanos assim como a todos os produtos europeus dos países onde esta demonstração de intolerância racista extrema foi exibida. Hoje já queimámos bandeiras americanas aqui em casa. Morte aos EUA!

E estamos também à espera de que esse fascista George Bush peça desculpa por todos os pecados que a nação americana comentou ao divulgar estas sementes do mal, assim como todos os países europeus, que se irão vergar à nossa vontade quer queiram, quer não! América e Europa, vocês irão pagar por insultarem as minhas crenças!

Que Zûmvërñbørg (Louvado seja) esteja convosco.

Fim de comunicação.

Tuesday, February 07, 2006

O google lá sabe

Pergunta-me a Cristina Ferreira, por e-mail, a razão pela qual eu "penso" que um governo não consegue resolver todos os nossos problemas. De maneira a responder à sua questão, fui delicadamente pesquisar no google para lhe poder dar uma visão mais completa, aprofundada e abrangente. Lamento desiludi-la mas, infelizmente, o google disse-me o seguinte:

A sua pesquisa - "governo que resolve todos os nossos problemas" - não encontrou nenhum documento.

Abracadabra

Captar investimentos



"Governo chinês facilita instalação de empresas estrangeiras

A China recebeu no ano passado 60,3 mil milhões de dólares (49,8 mil milhões de euros) de investimento estrangeiro directo, uma descida ligeira em relação a 2004, quando cresceu 13 por cento.

As empresas de capital estrangeiro que pretendam instalar-se na China vão deixar de precisar de uma autorização do ministério do Comércio a partir do dia 1 de Março, revelou a agência noticiosa chinesa Xinhua.

De acordo com um decreto governamental, citado pela agência chinesa, os departamentos comerciais locais e autoridades das zonas de desenvolvimento poderão passar a autorizar directamente a instalação de empresas estrangeiras.

(...)

O decreto publicado em Pequim sublinha que deixa de estar sujeita a autorização do Governo a instalação de empresas de comércio grossista, e de pequenas e médias empresas retalhistas.

Desde que aderiu à Organização Mundial do Comércio, em 2001, a China tem vindo a tomar medidas para abrir o seu mercado a empresas estrangeiras.

(...)

O Produto Interno Bruto (PIB) chinês cresceu 9,9 por cento em 2005, em comparação com 2004, e atingiu os 1.85 mil milhões de euros."

A desagregação da muralha que bloqueia a abertura de mercados e a diminuição da regulação empresarial gera fluxo de capitais, investimento (nacional e estrangeiro) e cria riqueza. Será magia? Não. Chama-se capitalismo.

Monday, February 06, 2006

Los líderes del mundo libre

Enquanto os estatistas se vão entretendo a criticar o fascista George Bush, o neoliberal Tony Blair e a perigosa extrema-direita representada por Cavaco Silva (a nível europeu, pelo ainda mais perigoso ultraliberal Durão Barroso), os verdadeiros libertadores do povo continuam à solta. Evo Morales vai dando uns ares de sua graça mas claro, estamos perante um representante de uma cultura historicamente oprimida, um defensor dos direitos dos mais pobres, alguém que combate a injustiça social a todo o custo! Não admira, portanto, que Evo Morales veja em Fidel Castro ou Hugo Chávez modelos a seguir. Também estes são inquestionáveis defensores da soberania do povo.




Evo Morales abandona una entrevista muy irritado por preguntas sobre Fidel Castro y narcotráfico

(...)

Después de que el presidente boliviano dijese que admiraba y respetaba a Fidel Castro y que en Cuba "hay democracia", el periodista Jorge Ramos le preguntó oportunamente si no era una hipocresía querer la democracia para los bolivianos y no para los cubanos. Morales muy irritado le respondió que "la hipocresía viene sólo de sus preguntas". Tras exigir que sólo se hablase de temas económicos bolivianos, un enfadadísimo Morales abandonó el plató por no aceptar una pregunta sobre narcotráfico. Vea aquí el vídeo.

(...)

–Jorge Ramos: Lo que muchos tienen miedo, temen que usted se parezca al autoritarismo de Hugo Chávez, o la dictadura de Fidel Castro, usted ha dicho que admira a Fidel Castro.

–Evo Morales: Admiro y respeto, respeto y admiro (silencio) allá hay democracia, yo he visto...

–Jorge Ramos (interrumpe con cara de asombro): ¿Me está diciendo que en Cuba hay democracia?

–Evo Morales: Si bien Fidel Castro esta ahí es por la revolución...

–Jorge Ramos: La pregunta es muy sencilla, ¿para usted Fidel Castro es un dictador o no lo es?

–Evo Morales: No para mí Fidel Castro es un hombre democrático que defiende la vida, que tiene sensibilidad humana, si para usted es un dictador, ese es su problema, no el mío.

–Jorge Ramos: Usted llegó al poder gracias al poder del voto y no pedir democracia para los cubanos...

–Evo Morales (con expresión muy irritada): Yo le pido mucho respeto, no me diga hipócrita.

–Jorge Ramos (conciliador): No..., le pregunto, ¿esa es una hipocresía?

–Evo Morales (se irrita aún más): La única hipocresía seguramente viene de sus preguntas, yo le quiero pedir mucho respeto haga preguntas sólo sobre situaciones económicas de mi país. (En ese momento Morales, muy nervioso, dirige su mirada detrás de las cámaras, probablemente a su jefe de gabinete). ¡Lo que... lo que usted está llevando a una confrontación internacional y no voy a permitir eso!

(...)

El tema de Fidel Castro no fue el único encontronazo. Antes hablaron sobre Bush. "¿Bush para usted es un asesino?" le preguntó y la respuesta fue "eso lo dirá el pueblo", contestó, evitando hablar en primera persona. "(Es) una intervención militar salvaje; el pueblo dirá qué es eso", añadió Morales. Sin embargo, dice Ramos que al preguntarle su opinión personal le respondió molesto. "No insista en eso".

O curioso vídeo pode ser visto aqui.

Para pensar

Daniel Oliveira, no Aspirina B:

"Sei apenas o tempo em que vivo. E sei que a islamofobia é um dos maiores perigos que a Europa vive."

Aqui, na Europa islamofóbica, há uns dias atrás:







(Citação e imagens via O Insurgente)

Pequenas recordações:

Nova Iorque, 11 de Setembro de 2001 (algo citado ali em cima)



Madrid, 11 de Março de 2004



Londres, 7 de Julho de 2005



Efectivamente, um dos maiores perigos que a Europa vive é a Islamofobia. Que Alá nos livre de tal coisa.

Sunday, February 05, 2006

Às portas de Copenhaga

Este blogue não confunde:

- Liberdade de expressão com ameaças terroristas e propostas de extermínio;

- Liberdade de manifestação com incitações à violência e ao genocídio;

- Indignação com insegurança religiosa mal disfarçada e apelos à censura;

- Direitos com relativismos e demonstrações de pura intolerância;

- Liberdade com totalitarismo.


Por estas razões e porque NÃO QUERO que ninguém mais seja dhimmi na Europa, como em séculos anteriores:



Friday, February 03, 2006

Aos socialistas

Que andam por aí tão orgulhosos e contentes com a política frenética de investimentos internacionais captados por Sócrates:

1. Finalmente admitem que os benefícios fiscais (ler isenção fiscal / redução de impostos) sempre geram desenvolvimento e crescimento económico?

2. Como se sentem ao saber que o dinheiro que o governo investe em parceria com empresas estrangeiras vem dos bolsos das empresas portuguesas, que não beneficiam de nenhum regime especial?

3. Tantas empresas estrangeiras. Então e os centros de decisão nacionais? Já não importam? É do interesse nacional que as empresas portuguesas sejam mais prejudicadas do que as outras pelo governo do seu próprio país?

4. Porque devem as empresas portuguesas pagar impostos que as estrangeiras não pagam? Qual é a diferença relativamente a um investimento de capital proveniente de solo português?

5. Se daqui a uns anos as companhias se vão deslocalizar, gerando desemprego, porque as devemos deixar investir agora em Portugal? Reconhece-se, portanto, que um investimento é benéfico nem que seja pontual?

6. Salários baixos afinal sempre são melhores do que salário nenhum? Então e os direitos dos trabalhadores, já não contam?

7. Se chegamos à conclusão, através dos pontos anteriores, de que devemos baixar impostos, liberalizar os mercados e desregulá-los porque se continua a dizer uma coisa e a defender outra?

8. Se os ricos é que devem pagar a crise porque é que o governo de Sócrates montou um aparato policial para segurança de Bill Gates em vez de o deter e pedir um resgate à sua mulher?

Thursday, February 02, 2006

Liberdade = f(t) é uma função decrescente II



Depois da saga "Não é preciso preencher a declaração de IRS, nós já sabemos tudo sobre si!", o governo deixa saber agora que nas declarações de IRS deve constar o que é comprado. E quando. Sim, é isso mesmo. É assim a nova lei para os rendimentos de 2005.

Só resta conhecer quando irá sair uma forma de legislação que pretenda determinar directamente a quantidade de papel higiénico que consumimos e qual a marca. Ou talvez esta já sirva de meio caminho para tal.

Back on the road

Ao que parece, o que eu disse aqui há uns meses já não faz muito sentido. Há novidades linguísticas.

Dicionário de Termos Europeus lançado hoje em Lisboa

"Um Dicionário de Termos Europeus, que reúne cerca de 500 definições e conta com a participação de cerca de 40 especialistas, será lançado esta quinta-feira, no centro de informação europeia Jacques Delors, em Lisboa.

(...)

O dicionário, com a chancela da Alêtheia Editores, aborda diversos temas que têm como denominador comum a Europa e a União Europeia e destina-se a esclarecer «um sem-número de termos utilizados na chamada linguagem europeia», bem como iniciais e siglas, indica a editora em comunicado.

Numa nota prévia, Carlos Coelho justifica a necessidade de um dicionário que decifre o «europês», observando que «constatar e reclamar do afastamento entre os cidadãos e a construção europeia se tornou já um lugar-comum»."

Os governos europeus aparentam estar extremamente dedicados à causa da união dos povos europeus. Só é pena que este tenha sido o continente que mais guerras viu ao longo da História. Só é pena que todos estes burocratas não entendam que aqueles que tentaram colocar a Europa sobre uma só mão acabaram em maus lençóis, arrastando as sociedades que tentam unir com eles. Cada vez mais, o título e o conteúdo deste blogue se vão tornando mais reais, palpáveis e alarmantes.



Quanto tempo teremos de esperar até que seja definida uma "língua oficial europeia"?

Liberdade = f(t) é uma função decrescente



José Manuel Fernandes perguntou há dias, num editorial infeliz, se "pode um país pobre ser liberal". Isto implica, por dedução, que a questão se pode transformar em pode um pobre ser liberal?. Independentemente da óbvia resposta a tal absurda interrogação, continuo a considerar pessoalmente que a pergunta faz mais sentido se for: pode um rico ser liberal?

Bill Gates elogia projecto de cartão único do cidadão

"O presidente da Microsoft, Bill Gates, elogiou terça-feira o projecto do Governo de criar um cartão único do cidadão, e desdramatizou a ameaça das novas tecnologias para a privacidade dos utilizadores."

Já não basta o regular, é necessário um ainda mais abrangente e totalitário que contenha as informações de identificação civil, utente dos serviços de saúde, eleitor, contribuinte, etc. Talvez se acrescentem ainda uns dados biométricos para dar um ar mais à Plano Tecnológico. Enquanto que noutros países estas intromissões se fazem sobre a égide da "segurança nacional", em Portugal esses argumentos nem sequer são necessários. O governo quer, o homem não pensa, a obra nasce.

No The Independent de há uns dias (lido aqui) dizia-se isto acerca do debate corrente no Reino Unido, sobre a introdução de um bilhete de identidade:

«Angry peers last night invoked the memory of fascist regimes which forced citizens to carry their papers as they tore the heart out of the Government’s planned legislation for identity cards.

The House of Lords overturned proposals to place everyone who applies for a new passport or driving licence on the database that will underpin the controversial scheme.

(...)

Baroness Scotland of Asthal, the Home Office minister, had to listen to a succession of peers denounce plans to include all holders of biometric passports on the planned ID cards register. Not one peer spoke in favour of the plans. Ministers have always insisted the scheme was voluntary, but critics say it amounts to “compulsion by the back door”.»

No Reino Unido, a esperança está actualmente com a Câmara dos Lordes já que a lei foi aprovada na dos Comuns por uma margem de apenas 25 membros do Parlamento. Em Portugal, a esperança está com quem? Com os constantes declamadores da falácia "não tenho nada a esconder, logo nada a temer"? Haverá maior nível de submissão possível?

Wednesday, February 01, 2006

Brainstorming

Até onde pode ir o Estado para impor o "bem comum"?

Doadores por decreto

"A liberdade de escolha sobre a propriedade privada de cada indivíduo é o pilar do liberalismo. E o mais importante património do ser humano é o seu corpo. Afinal, é através das capacidades físicas e intelectuais do corpo humano que qualquer outra forma de propriedade é adquirida."

O Tio Patinhas era forreta. E daí?

A herança do Tio Patinhas

"Existem, contudo, custos não contabilizados pelos socialistas. Entre eles, o incentivo à não criação de riqueza por parte da população mais pobre (que prefere receber gratuitidades como, por exemplo, o subsídio de desemprego), por parte dos funcionários públicos (que preferem ter emprego garantido para a vida) e por parte dos contribuintes mais ricos (que preferem deslocalizar o seu património e investimentos para outros países ou ingressar as fileiras da classe política). Por outras palavras, haverá cada vez menos vontade de encher a própria “piscina”.

Numa sociedade socialista ninguém quer ser como o Tio Patinhas. Todos ambicionam ser subsidiodependentes Metralhas."