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Tuesday, February 21, 2006

O "social" de algum lado virá

No dia em que se lamenta um dos momentos mais negros da história da humanidade, aparece este pequeno mas importante texto no Sobre o tempo que passa que se refere à génese dos actuais partidos políticos portugueses. Talvez seja de alguma utilidade para aqueles que devido à sua cegueira ideológica continuam a ver o "capitalismo selvagem" na direita portuguesa:

"Marx está vivo. Foi um dos maiores pensadores universais. O seu partido comunista, na versão PCUS, reinterpretada por Lenine e Estaline, implodiu. Mas o seu SPD ainda aí está, graças a sucessivos revisionismos, nomeadamente ao de Eduard Bernstein que, entre nós, é considerado mestre por José Sócrates, Francisco Pinto Balsemão e Aníbal Cavaco Silva. Basta recordar que também Lenine e Estaline eram militantes do PSD russo.

Por outras palavras, no dia do manifesto de Marx e Engels, importa recordar que o Portugal político é o país mais à esquerda da Europa, dado que a esquerda dominante é socialista democrático e a oposição liderante de direita é social-democrata. Isto é, tanto a esquerda como a direita ainda continuam marxistas, não-leninistas, mas revisionistas. No rigor da ideologia e da história, esta é uma afirmação correcta, embora politicamente incorrecta.

Porque ninguém pode negar que o PPD fundacional admitia a inspiração marxista, que o PS era claramente marxista e que até o CDS de Freitas apresentava projectos de constituição em nome do socialismo humanista. Porque ninguém pode negar que a própria JSD chegou a adoptar "A Internacional" como hino da organização, quando fazia congressos com os retratos de Marx e Engels na parede. Porque ninguém pode negar que o PSD retirou o marxismo do programa bem depois do PS de Constâncio o ter concretizado, copiando ambos o que o SPD tinha feito no Congresso de Bad-Godesberg de 1959. Coisas bem mais substanciais do que a habitual historieta que põe Durão Barroso como jovem maoísta do MRPP antes de passar para presidente da Comissão Europeia, com prévia passagem pelo centro de desmarxização universal, anti-Bin Laden, da universidade de Georgetown, onde precedeu Nuno Severiano Teixeira."

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