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Thursday, September 01, 2005

Por quem os sindicatos dobram

Muitas vezes, com o argumento da luta pelos direitos dos trabalhadores, os sindicatos tomam medidas que são completamente irrealistas e prejudicam tanto os empregados como os empregadores. A longo prazo, quem sofre é toda a economia.


Surgiu ontem a notícia de que há cerca de 30 mil trabalhadores portugueses no estrangeiro, no ramo da construção, em condições degradantes. Não é surpreendente e, na verdade, todos os portugueses sabem que a situação se verifica. Mais uma vez, dirigem as culpas para aqueles que são os menos responsáveis – os “porcos capitalistas”, dirigentes da exploração do proletariado (quem não se lembra, de repente, da luta de classes de Marx levante o braço).


O que acontece é que a notícia é bem clara. Foi opção destas 30 mil pessoas “viver no estrangeiro” trabalhando em condições miseráveis. Se assim não fosse, estariam no desemprego em Portugal. Ainda assim, encontram-se a trabalhar à margem da lei laboral desses ditos países. Como de costume, os sindicatos (neste caso, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção do Norte) apontam o dedo às pessoas erradas.

"Os trabalhadores portugueses saem do seu país para receberem mais no estrangeiro, mas ainda assim ganham menos que os trabalhadores naturais dos países de destino, contrariando a lei laboral de qualquer país europeu", referiu [Albano Ribeiro]."


Sindicato admite «escravatura» de 30 mil na construção


A questão dos trabalhadores da construção não difere muito da industrial. O desemprego entre os operários aumenta porque as indústrias se deslocam para outros países. Novamente, os sindicatos não hesitam em apontar os dedos aos “exploradores estrangeiros” que, segundo eles, para além de desrespeitarem os direitos dos trabalhadores portugueses, fecham as fábricas para se deslocar para locais onde a mão-de-obra é mais rentável. Que faria qualquer um de nós se nos impusessem “contratos de trabalho colectivo”, regalias oportunistas para os nossos empregados, limites de produtividade, aumentos salariais calendarizados, igualdade salarial (realmente indiferenciada) e outros em troca de pouco rendimento e uma carga fiscal elevada? É evidente que deixaríamos Portugal porque, simplesmente, deixa de oferecer rentabilidade. Os investidores fogem e cada vez mais continuarão a fugir.


Todavia, os sindicatos continuarão a apontar o dedo aos “exploradores capitalistas”. Mesmo quando já não houver nenhum “explorador capitalista” que esteja disposto a aceitar tais condições.


O investimento em Portugal cai porque, para os empresários, o país não oferece estabilidade política. Não oferece uma política económica sólida nem possui uma lei laboral lógica e justa. Se o Estado decide dar “benefícios fiscais” às empresas, a população continua a encarar esse facto como um voto de confiança em vez de um direito fundamental. Se a empresa decide fechar e mudar a sua sede para Espanha – devido a menor burocracia, menor carga fiscal, etc. – existe uma revolta porque as pessoas se sentem traídas, não compreendendo que quanto mais dificuldades se oferecer aos investidores estrangeiros menos eles desejam envolver-se em problemas internacionais com países como Portugal. Acusam os estrangeiros de retirar o dinheiro de Portugal, prejudicando assim o país mas olvidam que, durante o tempo do seu funcionamento, a fábrica deu de comer a muitas dezenas, centenas ou até milhares de pessoas.


E, no entanto, continuam a observar-se fugas de trabalhadores para os outros países? Ainda é necessário perguntar porquê? Com tanto intervencionismo e proteccionismo (da economia, dos trabalhadores) não há investidor que se queira arriscar em Portugal. O resultado é o aumento do desemprego e a falta de competitividade a nível interno. Esta falta de concorrência gera ainda mais pobreza que, a larga escala, contribuiu ainda mais para o aumento do desemprego. Um verdadeiro ciclo vicioso. Atinge-se o ponto de ruptura quando nem sequer se consegue encontrar um emprego e se força o trabalho em condições deploráveis. Mais uma razão pela qual o capitalismo protege os direitos e liberdades dos cidadãos enquanto que o socialismo os leva a ignorá-los para poder sobreviver. Existe alguma dúvida de que estes trabalhadores não se importam de ganhar menos do que os nacionais dos países de acolhimento? Obviamente que não. Se voltassem para Portugal estariam novamente no desemprego. Até porque grande parte dos que os empresários decidem empregar não estão registados, precisamente para evitar todo o sistema de contratações vigente. O resultado disto é que – associado ao já mencionado problema de investimentos – o desemprego sobe ainda mais porque os empresários não sentem interesse em contratar portugueses, já que estes desejam estar devidamente sindicalizados, recebendo salários muitas vezes artificialmente elevados e outros que acarretam agravamentos financeiros para a empresa. Sofrem os trabalhadores à “margem da lei”, que por vezes ganham menos do que deviam, por exploração dos empresários, e sofrem os nacionais, que têm dificuldades em encontrar um lugar onde exercer o seu ofício.



As soluções são mais que evidentes. Portugal precisa de mais liberdade, mais capitalismo. Mais liberdade económica que resulte em mais investimento. Mais liberdade laboral que resulte em mais (e melhores) salários diferenciados, algo que premeie a qualidade, o rendimento e a excelência. Isto se quisermos evitar estas situações tristes que os sindicatos, contrariamente ao que se propõem fazer, forçam sobre os trabalhadores e suas entidades patronais.

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