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Saturday, September 03, 2005

Hipocrisias governamentais

Teixeira dos Santos no seu melhor. Na própria tomada de posse dos seus directores-gerais (mais jobs para mais boys) e já com as típicas argumentações contraditórias.


Falando no final da cerimónia de posse de quatro novos directores-gerais, o ministro [das Finanças] reconheceu que a conjuntura económica é, sem dúvida, «preocupante» e desafiou o sector privado, que tem de ser o motor da recuperação, a reagir.

(…)

Na cerimónia de posse, o ministro das Finanças reconheceu que urge dar uma resposta ao momento difícil da economia portuguesa, sublinhando que a iniciativa privada «tem uma responsabilidade inalienável no esforço de inversão do actual clima de pessimismo e do fraco crescimento económico».


Então, é o sector privado que tem que ser o motor da recuperação. Muito bem.

Que palhaçada de declarações vêm a ser estas? O que dizer das centenas de PME’s que ameaçam fechar as portas por causa da sobrecarga fiscal? Ou seja, o Estado exerce, como refere Dos Santos (não confundir com outros Dos Santos que não pertencem à mesma família de larápios), um papel na “retoma da confiança dos agentes económicos, na criação de um ambiente macroeconómico e institucional favorável à competitividade, ao emprego e ao crescimento” mas em simultâneo afugenta os investimentos estrangeiros e impede os portugueses de os fazer.

Como é possível dizer, nas mesmas declarações, coisas completamente contrárias? O Estado obriga as empresas a pagar dezenas de impostos. O mercado de serviços (electricidade, água, etc.) não é livre. Existe intervencionismo estatal. As leis laborais são uma anedota. Criar uma empresa demora meses – o governo socrático usou a campanha da Empresa na Hora mas a verdade é que isso apenas cria a empresa mas não a licencia… – e sustê-la é quase um milagre. Contas, contas e mais contas. Contas a pagar directamente ao Estado. Contas a pagar às empresas controladas pelo Estado. Contas a pagar às empresas que detêm monopólios concedidos pelo Estado. Contas a pagar às empresas que, por sua vez, são afectadas pelas acções do Estado, influenciando negativamente o mercado por inflação artificial dos preços de venda. Qualquer produto comprado acarreta numerosos impostos. Os serviços implicam impostos e outras taxas (incluindo as indirectas). Há dias ficou-se a saber que são agora os próprios empresários que vão também financiar o sector público de audiovisuais! Dinheiro PRIVADO que vai para o ESTADO. Precisa de um desenho Sr. (sic) ministro? Como espera que os privados façam investimentos e revertam a situação económica quando cada vez mais o sistema lhes suga mais fundos? Que descaramento. Os empresários portugueses espremem as suas economias até ao último tostão para conseguir manter o negócio.

Quererá Teixeira dos Santos referir-se a investidores estrangeiros?

Chineses, talvez? Aqueles que têm os seus têxteis bloqueados?

Se queremos estimular o investimento privado porque o bloqueamos?

Para proteger os investidores nacionais?

Então por que razão os sobrecarregamos com taxas e burocracias?

Teixeira dos Santos, faça-nos um favor. Demita-se ou desista do seu ordenado pois é ele uma das causas dos nossos problemas. Como pedir aos empresários portugueses que funcionem como motor de reanimação da economia portuguesa se esta está estagnada ou mesmo em recessão precisamente por causa do intervencionismo estatal? Que brincadeira de mau gosto são as suas declarações? Aliás, qual é a sua utilidade? Ganhar uma fortuna para dizer aos empresários que são eles quem deve gastar (perder) mais dinheiro? Para que lhe pagam os contribuintes a si, então? Conselhos inúteis como esses podemos todos obter facilmente, aprendendo com os mestres Chávez e Castro na televisão.

Por favor. É como esfaquear um animal múltiplas vezes e pedir-lhe veemente que pare de sangrar para que o possamos continuar a esfaquear a nosso bel-prazer. Uma versão sádica de vampirismo que afunda cada vez mais Portugal.

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