Na edição do Diário de Noticias de ontem aparecem vários artigos importantes sobre uma parcela da história contemporânea portuguesa que, infelizmente, muitos dos que andam por ai desconhecem verdadeiramente ou que simplesmente fingem saber. É bastante comum ouvir palavras de ordem de cariz comunista relembrando a “liberdade” do pós-25 de Abril. O DN vem hoje relembrar um pouco dessa “liberdade” tão evidente que até colocou os americanos de cabelos em pé já que Portugal era membro da NATO e estaria a seguir uma via comunista. Liberdade, de facto. Com alguns sectores nacionalizados para dar o poder ao povo, i.e., ao Estado, Portugal encaminhava-se provavelmente para uma desgraça ainda maior do que a ditadura precedente. Em plena Guerra Fria, os EUA preocupavam-se com um cancro dentro da própria estrutura ocidental. Aqui ficam as ligações dos artigos:
"Se os comunistas avançam podemos esmagá-los"
Portugal estava no centro das atenções da Administração norte-americana no período do Verão Quente de 1975. Henry Kissinger tinha a célebre teoria da vacina e chegou a achar que o País estava perdido para os comunistas. Mas foi convencido, nomeadamente pelo embaixador Frank Carlucci, e os Estados Unidos deram o seu apoio aos chamados moderados do regime, cuja vitória foi selada a 25 de Novembro. O receio americano de um domínio esquerdista em Portugal era tal que os oficiais eram afastados do grupo nuclear da Aliança Atlântica
Gravação Telefónica
O que Henry Kissinger dizia sobre Portugal
O 'DIáRIO DE NOTíCIAS' há 30 ANOS
Soares e 'os bacilos do fascismo'
Para quem costuma acompanhar as declarações feitas por Saramago nas suas visitas a Cuba, este artigo é verdadeiramente curioso.
Nem de propósito em artigo de opinião, o futuro Prémio Nobel da Literatura defendia a punição exemplar de quantos se opunham à escalada revolucionária. "Ou esta revolução se suicida ou esta revolução se recupera pela única via que lhe deixam aqueles que a querem liquidar: a violência exercida implacavelmente contra os responsáveis pela violência, quem quer que sejam", escrevia Saramago há 30 anos.
E mais uma vez, aparentemente, se confunde a noção de liberdade com libertinagem:
Outro título "Empregadas domésticas ocupam casa no Porto". Tratava-se do número 1003 da Avenida da Boavista, logo transformado em "centro polivalente de apoio às domésticas".
Como pode haver liberdade se não há respeito pela propriedade privada?
Um livro que se encontra publicado pela Editorial Notícias dá precisamente conta deste período da Revolução e da influência que os representantes americanos nela exerceram. A ler.
Os Americanos na Revolução Portuguesa
(1974-1976)
de Tiago Moreira de Sá
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