Conclusões e análises a posteriori:
1. O meu voto não foi necessário. Carrilho afogou-se na sua própria arrogância como, aliás, parece ter sido evidente no seu discurso de derrota (ou terá sido de responsabilização alheia?)
2. O povo gosta de candidatos-bandidos. Quem aguarda pelo voto das pessoas para retirar arguidos dos postos autárquicos certamente não conhece o processo democrático. E provavelmente têm uma visão muito utópica da mente humana.
3. Todos os partidos ganham sempre. O PS ganha porque não há leitura nacional a fazer, embora tenha havido noutras ocasiões em que fosse mais conveniente (por exemplo, nas últimas autárquicas). O PSD, o verdadeiro vencedor (?), ganha mesmo porque ganha. O PCP ganha porque recupera aquela câmara e aquela outra. O BE ganha porque aumenta o número de vereadores. O CDS ganha porque ainda não morreu.
4. A teoria da rotatividade aplica-se. Ainda há poucos meses as sondagens davam a vitória a Carrilho. A de Assis era possível e por aí adiante. Mas o bom povo português costuma optar por castigar o partido de que não gosta ou melhor dizendo, o de que não gosta na altura. Sim, porque em última instância, todos os portugueses são do PS ou do PSD.
5. Vira o disco e toca o mesmo. Em alguns casos o disco nem sequer vira.
6. Em altura de resultados, todos assumem postura moralista. Até mesmo aqueles que, durante a campanha, contrariam esse mesmo moralismo pelas suas acções (o que não significa que não tenham também uma postura moralista).
7. Não é preciso que se faça uma boa campanha para vencer. Basta que o oponente mais promissor faça uma desastrosa.
8. Qual é a excitação repentina com o poder local? Já se esqueceram todos de que o poder está em Lisboa? Pelos discursos de alguma gente (incluindo analistas políticos conceituados) quase dá a sensação de que Portugal é constituído por estados, à semelhança dos EUA ou da própria UE.
9. A democracia nunca sai derrotada. É simplesmente má.
10. Ter vários familiares na política nem sempre é garantia de vitória. Especialmente quando eles fazem campanha por nós no único dia em que não podem. No entanto, há políticos que se atrevem a dizer que estão contentes pela vitória do seu pai. Outros que poderiam dizer que estão enojados pela prestação do seu irmão. Outros que estão contentes com a vitória do marido, etc. Portugal é um país tão grande que todas as famílias têm mais do que um elemento político.
10. O choque tecnológico está realmente em andamento. Parece que o pessoal que tentou ler os resultados no STAPE não conseguiu porque o servidor estava em baixo.
11. Alberto João Jardim é o grande vencedor. Chama aos lisboetas "colonialistas" e ainda obtém a maioria absoluta. Extraordinário. Para quando o seu grito do Ipiranga?
12. O crime não compensa. Deve ser por isso que as televisões e os jornais andaram durante tanto tempo a fazer previsões sobre as autarquias dos candidatos que eram arguidos de processos judiciais. E ainda falam da necessidade de reinserção social.
---
Em resumo, eleições. Grande euforia mas não há nada de novo. Na verdade, grande parte dos resultados era terrivelmente previsível. Ouvem-se discursos de mudança mas Portugal ameaça continuar no (constante) caminho da estagnação socio-económica.
1. O meu voto não foi necessário. Carrilho afogou-se na sua própria arrogância como, aliás, parece ter sido evidente no seu discurso de derrota (ou terá sido de responsabilização alheia?)
2. O povo gosta de candidatos-bandidos. Quem aguarda pelo voto das pessoas para retirar arguidos dos postos autárquicos certamente não conhece o processo democrático. E provavelmente têm uma visão muito utópica da mente humana.
3. Todos os partidos ganham sempre. O PS ganha porque não há leitura nacional a fazer, embora tenha havido noutras ocasiões em que fosse mais conveniente (por exemplo, nas últimas autárquicas). O PSD, o verdadeiro vencedor (?), ganha mesmo porque ganha. O PCP ganha porque recupera aquela câmara e aquela outra. O BE ganha porque aumenta o número de vereadores. O CDS ganha porque ainda não morreu.
4. A teoria da rotatividade aplica-se. Ainda há poucos meses as sondagens davam a vitória a Carrilho. A de Assis era possível e por aí adiante. Mas o bom povo português costuma optar por castigar o partido de que não gosta ou melhor dizendo, o de que não gosta na altura. Sim, porque em última instância, todos os portugueses são do PS ou do PSD.
5. Vira o disco e toca o mesmo. Em alguns casos o disco nem sequer vira.
6. Em altura de resultados, todos assumem postura moralista. Até mesmo aqueles que, durante a campanha, contrariam esse mesmo moralismo pelas suas acções (o que não significa que não tenham também uma postura moralista).
7. Não é preciso que se faça uma boa campanha para vencer. Basta que o oponente mais promissor faça uma desastrosa.
8. Qual é a excitação repentina com o poder local? Já se esqueceram todos de que o poder está em Lisboa? Pelos discursos de alguma gente (incluindo analistas políticos conceituados) quase dá a sensação de que Portugal é constituído por estados, à semelhança dos EUA ou da própria UE.
9. A democracia nunca sai derrotada. É simplesmente má.
10. Ter vários familiares na política nem sempre é garantia de vitória. Especialmente quando eles fazem campanha por nós no único dia em que não podem. No entanto, há políticos que se atrevem a dizer que estão contentes pela vitória do seu pai. Outros que poderiam dizer que estão enojados pela prestação do seu irmão. Outros que estão contentes com a vitória do marido, etc. Portugal é um país tão grande que todas as famílias têm mais do que um elemento político.
10. O choque tecnológico está realmente em andamento. Parece que o pessoal que tentou ler os resultados no STAPE não conseguiu porque o servidor estava em baixo.
11. Alberto João Jardim é o grande vencedor. Chama aos lisboetas "colonialistas" e ainda obtém a maioria absoluta. Extraordinário. Para quando o seu grito do Ipiranga?
12. O crime não compensa. Deve ser por isso que as televisões e os jornais andaram durante tanto tempo a fazer previsões sobre as autarquias dos candidatos que eram arguidos de processos judiciais. E ainda falam da necessidade de reinserção social.
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Em resumo, eleições. Grande euforia mas não há nada de novo. Na verdade, grande parte dos resultados era terrivelmente previsível. Ouvem-se discursos de mudança mas Portugal ameaça continuar no (constante) caminho da estagnação socio-económica.
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