Zapatero defende a necessidade de garantias dos interesses nacionais
1. Zapatero diz que o sector energético é estratégico e, portanto, constitui um interesse nacional. Não diz, no entanto, porque é um sector estratégico (seria mais importante do que tantos outros) ou porque, sendo estratégico, se justifica a sua protecção. Também não é explicada essa coisa do "interesse nacional" de 40 milhões de pessoas que miraculosamente Zapatero consegue descortinar.
2. Lógica Zapatero: Ad populum. Os outros - neste caso, os alemães - também fazem, logo é justificado fazê-lo. Se eles fazem, nós também podemos e devemos fazer.
3. Lógica Rajoy: Ad consequantiam. Impossibilitado de explicar ao seu adversário a sua falha, a primeira reacção apela às consequências do acto sem expor as razões pelas quais constituiu um erro político e económico.
4. Lógica Rajoy II: O governo deve defender os consumidores e a concorrência. É pena que a sua existência e as suas áreas definidas de intervenção indiquem que sempre faz precisamente o oposto. Rajoy é chumbado em teoria política.
5. Lógica Zapatero II: Raciocínio indutivo. É mentira que protejamos a economia, até temos empresas estrangeiras. O grande paradigma social-democrata, acreditar que a economia está aberta mas depois colocar-lhe amarras para que ela sufoque. Claro que alguém que tem uma corda ao pescoço não está a ser necessariamente enforcado mas isso não significa que a corda não possa estar apertada. Entretanto, o fluxo de oxigénio vai diminuindo e já se sabe, quanto menos oxigénio, menos raciocínio.
---
Conclusões para Portugal:
- Com o PSOE no poder, o MIBEL é uma utopia em que apenas as empresas espanholas podem adquirir empresas portuguesas. Vice-versa não é válido porque as empresas energéticas espanholas são "interesses estratégicos nacionais" e as portuguesas bens de mercado;
- Com a defesa dos interesses estratégicos espanhóis, os proteccionistas portugueses ficam todos contentes e copiam a falácia ad populum. Se os espanhóis protegem, nós também devemos (e podemos) proteger;
- Os portugueses ficam ainda mais contentes porque ganham uma hipotética justificação para a sua lógica socialista deturpada e mais um "argumento" anti-espanhol (embora consigam ser infinitamente mais socialistas do que eles, coisa que não importa para o caso);
- Os consumidores de energia em Portugal ficam a perder directamente porque grande parte da energia é importada de território espanhol. Se o mercado espanhol está doente, o mercado português também fica com os gânglios inflamados. Se o mercado espanhol é saudável, Portugal pode estar mal mas talvez não precise de antibiótico;
- Muitos deputados do PSD e do CDS-PP que são mal sucedidos em Portugal podem sempre filiar-se no PSOE espanhol. Haverá algumas diferenças entre eles, obviamente, mas barreiras linguísticas sempre foi coisa que os povos ibéricos souberam superar juntos.
«O primeiro-ministro espanhol, José Luís Zapatero, afirmou hoje que Espanha é um "país aberto" a investimento estrangeiro, mas deve ter "garantias" de que serão prosseguidos os interesses nacionais em sectores estratégicos como o energético.
(...)
Zapatero lembrou hoje que o próprio governo alemão defendeu os seus interesses estratégicos, impedindo a compra da E.ON sem autorização prévia das autoridades alemãs.
(...)
Segundo afirmou Rajoy, o governo vai deixar "em perigo gravíssimo" as empresas espanholas que têm presença noutros países e as empresas estrangeiras que invistam em Espanha.
"Que lhe pareceria se a Endesa ou a Iberdrola fossem expulsas dos países onde estão presentes?", questionou Rajoy, relembrando que o investimento espanhol no exterior ultrapassa já os 150 mil milhões euros.
(...)
"A função do governo é defender os interesses dos consumidores e a concorrência e respeitar o que digam os accionistas", defendeu o líder popular, acusando Zapatero de estar a fazer "uma operação de puro poder político".
Zapatero rejeitou as críticas, afirmando que Espanha está aberta ao investimento estrangeiro e citando casos recentes de aquisições como a Alsa (pela britânica National Express), a Amena (pela France Telecom) e a Talgo pela norte-americana Lehman Brothers.»
1. Zapatero diz que o sector energético é estratégico e, portanto, constitui um interesse nacional. Não diz, no entanto, porque é um sector estratégico (seria mais importante do que tantos outros) ou porque, sendo estratégico, se justifica a sua protecção. Também não é explicada essa coisa do "interesse nacional" de 40 milhões de pessoas que miraculosamente Zapatero consegue descortinar.
2. Lógica Zapatero: Ad populum. Os outros - neste caso, os alemães - também fazem, logo é justificado fazê-lo. Se eles fazem, nós também podemos e devemos fazer.
3. Lógica Rajoy: Ad consequantiam. Impossibilitado de explicar ao seu adversário a sua falha, a primeira reacção apela às consequências do acto sem expor as razões pelas quais constituiu um erro político e económico.
4. Lógica Rajoy II: O governo deve defender os consumidores e a concorrência. É pena que a sua existência e as suas áreas definidas de intervenção indiquem que sempre faz precisamente o oposto. Rajoy é chumbado em teoria política.
5. Lógica Zapatero II: Raciocínio indutivo. É mentira que protejamos a economia, até temos empresas estrangeiras. O grande paradigma social-democrata, acreditar que a economia está aberta mas depois colocar-lhe amarras para que ela sufoque. Claro que alguém que tem uma corda ao pescoço não está a ser necessariamente enforcado mas isso não significa que a corda não possa estar apertada. Entretanto, o fluxo de oxigénio vai diminuindo e já se sabe, quanto menos oxigénio, menos raciocínio.
---
Conclusões para Portugal:
- Com o PSOE no poder, o MIBEL é uma utopia em que apenas as empresas espanholas podem adquirir empresas portuguesas. Vice-versa não é válido porque as empresas energéticas espanholas são "interesses estratégicos nacionais" e as portuguesas bens de mercado;
- Com a defesa dos interesses estratégicos espanhóis, os proteccionistas portugueses ficam todos contentes e copiam a falácia ad populum. Se os espanhóis protegem, nós também devemos (e podemos) proteger;
- Os portugueses ficam ainda mais contentes porque ganham uma hipotética justificação para a sua lógica socialista deturpada e mais um "argumento" anti-espanhol (embora consigam ser infinitamente mais socialistas do que eles, coisa que não importa para o caso);
- Os consumidores de energia em Portugal ficam a perder directamente porque grande parte da energia é importada de território espanhol. Se o mercado espanhol está doente, o mercado português também fica com os gânglios inflamados. Se o mercado espanhol é saudável, Portugal pode estar mal mas talvez não precise de antibiótico;
- Muitos deputados do PSD e do CDS-PP que são mal sucedidos em Portugal podem sempre filiar-se no PSOE espanhol. Haverá algumas diferenças entre eles, obviamente, mas barreiras linguísticas sempre foi coisa que os povos ibéricos souberam superar juntos.
No comments:
Post a Comment