O Vincent não sabe bem o que está ali a fazer mas disseram-lhe que no fim havia gajas boas com mamas à mostra e talvez alguma jola fresquinha.
Os franceses parecem estar muito, muito, mas mesmo muito chateados com a nova lei laboral (contrate première embauche) que permite que os trabalhadores mais jovens possam ser despedidos com maior facilidade do que até agora e não se estabeleça necessariamente um limite de duração do contrato de trabalho.
Os sindicatos franceses já estão pelas ruas de Paris muito indignados com as medidas que serão incrivelmente penalizadoras e criarão ainda mais injustiça social do que aquela que já é vivida actualmente. Os jovens (estudantes ou não) já se encontram também a lutar pelo seu futuro nas ruas aos milhares. Mais manifestações com milhares de participantes encontram-se marcadas para este fim de semana.
A Angie tem 20 anos, estuda artes plásticas, e, claro, está bué chateada porque a medida está mal e não pode ser.
Mas, como em tudo na vida, há algumas questões que ficam por responder. Antes de mais, será que estes jovens (lembrar que estamos a falar de manifestações de quase 1 milhão de pessoas) estarão realmente preocupados com o seu trabalho? Como qualquer jovem-reivindicador sabe, as manifs da moda contra a opressão e injustiça social estão sempre agendadas para interferir propositadamente com os períodos de aulas. Mas alguém que esteja realmente preocupado com o seu trabalho irá ausentar-se da sua actividade laboral para reclamar a eventualidade de ficar sem ele?
Este aluno estuda economia mas pertence à UNEF. Será que vai passar o ano? Se sim, qual a probabilidade dos seus professores partilharem as ideologias políticas da UNEF?
Interessante, interessante é que estes estudantes não parecem estar muito solidários para com os seus colegas que desejam obter e manter um emprego devido à qualidade inerente ao seu trabalho pessoal e não a um contrato forçado por medidas legais. À semelhança da questão das quotas nos parlamentos, não será isto uma forma de discriminação já que se toma um interesse que é tido como "comum" pelos interesses individuais de cada um dos visados, quando estes não correspondem necessariamente entre si?
A cereja deste bolo magnífico, que é o protesto exacerbado da sociedade francesa, é a aparente divulgação de uma variável que ninguém conhece porque não pode ser medida directamente. Estes estudantes, membros de sindicatos e professores dizem que a medida só causará mais desemprego. Mas como sabem eles a quantidade de firmas que correntemente não contratam empregados devido aos riscos elevados que exigem cláusulas tão vinculativas? E se não sabem este valor, como podem medir o impacto da presença ou ausência de contratações ao nível de cada empresa e, por extensão, a nível nacional? Assim sendo, como é possível que se fale da situação actual sem mencionar as leis actuais e especular sobre o futuro baseando-se em dados desconhecidos, para os quais não podem ser sugeridos números hipotéticos?
A verdade é que não podem porque não conseguem. Se simplesmente pensassem, pondo de parte as palas da cegueira ideológica, chegariam à conclusão de que o desemprego é extremamente elevado em França devido à regulamentação excessiva do sector laboral. Mas o socialismo populista não se preocupa com a compreensão da realidade, apenas com uma desculpa esfarrapada para sair à rua e gritar umas frases de indignação desmiolada. O seu respeito para com os actuais trabalhadores franceses é tanto que até dizem que esta medida irá aumentar o desemprego. Ora, isto apenas acontece se toda esta gente andar a trabalhar a um valor inferior àquele que os empregadores estão dispostos a pagar. Os manifestantes estão, pois, a defender que estas ocupações não têm grande significado económico e por isso deve existir uma lei que proíba a respectiva regulação através do mercado de trabalho. Deve ser a isto que chamam solidariedade laboral.
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