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Wednesday, November 23, 2005

Mi dinero (no) es su dinero

Sócrates disse hoje que «Não é só o Governo que tem de apresentar estudos. Também não está isento quem acha que esta não é uma boa decisão. Deve apresentar alternativas». Ora aqui está o grande mestre de argumentação socialista a dar razão ao blasfemo JCD quando este diz que:

O estado raramente quer saber da viabilidade económica de um projecto. O estado pretende quase sempre algo diferente. Em vez de se avaliar o mérito de um projecto baseado num conjunto de pressupostos, pretende-se encontrar o conjunto de pressupostos que melhor viabilizam o projecto. Nesses pressupostos incluem-se todas as garantias e alcavalas necessárias para tornar qualquer nado-morto sem pés nem cabeça numa apelativa mina de ouro para os investidores.

Fazendo lembrar a falácia da janela partida, o JCD afirma também que:

Parece que ninguém perde. Mas não é bem assim. Os recursos que vão para a OTA não vão para o resto da economia. Nos próximos tempos, as empresas privadas vão sentir maiores dificuldades em encontrar fundos para os seus projectos e as taxas de juro vão subir devido à diminuição da oferta de dinheiro. Toda a actividade económica vai pagar em juros mais altos a opção OTA. E claro, alguns investimentos ficarão pelo caminho por falta de financiamento disponível.

As empresas que vão dedicar parte significa das suas capacidades ao novo aeroporto, não vão ter a mesma disponibilidade para as alternativas que o mercado exige. Os preços vão aumentar no mercado da construção e nas actividades relacionadas e de suporte. O mercado imobiliário vai ser o mais castigado. Alta do preço da construção a par da alta do preço do dinheiro é um sinal de dias negros para o sector. A verdade é que perdemos quase todos, excepto os bancos e as construtoras.

Na verdade, José Sócrates demonstra a fragilidade das suas intenções ao pedir contra-estudos que denunciem a inviabilidade da OTA e até, que sugiram alternativas. Desde quando é que indivíduos que não são responsáveis pelos projectos mas que impreterivelmente serão forçados a financiá-los, devem conduzir estudos que provem (ou refutem) coisa alguma? E porque têm de existir soluções alternativas que não as dadas pela procura de um determinado serviço?

É sempre divertido brincar com o dinheiro dos outros. E depois ainda há quem tenha a desfaçatez de pedir que se gaste mais para provar que mais não deve ser gasto.

Adenda: Outro importante artigo do JCD no Blasfémias.

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