Os choques ideológicos entre os que defendem a paz e os que dizem defender a paz no contexto internacional recordam-me da analogia quase equivalente que é desenhada através do ambiente de escola primária. Também lá, à semelhança do mundo político, há os proselitistas da não-violência, coisa que apenas se parece aplicar aos que respondem a uma agressão iniciada por outrem. Esta justificação baseia-se no conceito de que responder a violência com violência apenas gera mais violência que, claramente, não pode ser classificado de pacifista. Um pacifista defende que tem de existir paz e se existe uma iniciação de força inicial então o que se está apenas a defender é que alguém tem de prescindir do seu direito de resposta quando é agredido.
Esta filosofia de vida é defendida sobretudo pelos professores e dirigentes, que não querem que os pátios das suas escolas se transformem num ringue de boxe a cada intervalo. Com esta ideia em mente, pedem sempre aos seus alunos que reportem qualquer incidente grave, como uma violação da integridade física, ao professor respectivo ou ao director de turma. Claro que, por duas razões, isto apenas serve para propagar a violência. A primeira é pelo facto de os professores não fazerem nada quando a queixa lhes chega às mãos. O mais provável é que seja preenchido um papel com um registo de mau comportamento que entretanto se perde nos arquivos da secretaria. Se se voltar a repetir várias vezes, talvez o jovem problemático - com certeza um resultado da sua condição social (como se todos os pobres fossem criminosos) ou por ser de uma minoria étnica (como se a cor da pele fosse legitimidade para violar direitos alheios) - seja suspenso. Uns 3 dias, talvez. Depois volta à carga. E, entretanto, o rapazito que fez a queixa leva mais umas biqueiradas, que é para aprender a não abrir a boca quando não deve. A segunda razão é o incentivo que é cedido ao agressor. Ao permitir que este detenha o controlo psicológico total sobre a pessoa que deseja intimidar, ele sentir-se-á mais forte e terá um encorajamento moral para continuar ou agravar a agressão. Se a vítima der sintomas de reacção, é provável que da próxima vez o violento fanfarrão pense duas vezes. Ou então que não exagere nos conflitos, caso contrário arrisca-se, ele também, a levar uns hematomas para casa.
A posição contrária é a geralmente defendida pelos pais. Esses dizem sempre aos filhos que se defendam com os punhos e respondam. Olho por olho, dente por dente, como no Antigo Testamento. Os professores são os mensageiros da Boa Nova, que dizem para oferecer a outra face. É pena que os ensinamentos de Cristo de pouco sirvam para situações não metafóricas. É possível que haja dissonância entre a opinião da mãe e do pai, pondo-se esta do lado da posição ética dos professores e preservando a faceta ingénua do seu filho, pedindo-lhe que conte toda a situação a um adulto, iludida pela ideia de que alguém pode fazer mais pela segurança do seu filho do que ele próprio. Os pais, os machos-alfas sobrecarregados de testosterona e de pouca paciência, aconselham de imediato que se responda com uma chapada na tromba.
Tendo em conta como é o mundo selvagem das escolas públicas em Portugal (como no caso americano/inglês, em que o bullying é um fenómeno socialmente reconhecido), a estratégia geopolítica e os assuntos de relações internacionais acabam por ser demasiado semelhantes a todo este panorama frequentemente constatável no caso acima descrito. Há sempre alguém que pede muito histericamente aos gritos que a briga pare, mas, obviamente, sem se meter no meio, ou ainda se arrisca a levar um pontapé em partes menos aconselháveis. Há sempre alguém que gosta de ir lá para dar uns açoites valentes naquele tipo que está no chão e agora permanece completamente indefeso, coisa que nunca faria numa situação de desvantagem. Há sempre alguém que diz que ajuda quando não está directamente envolvido no problema mas quando chega a altura certa, foge com o rabo à seringa. Descobre-se a linha ténue entre os verdadeiros amigos e aqueles que falam muito mas actuam substancialmente menos.
No final, acaba sempre alguém com os dentes partidos, seja ele a vítima inicial do conflito ou o agressor a quem é necessário dar individualmente uma lição para pôr término ao abuso constante que apenas continua se não houver uma reacção significativa. Assim como em guerras de âmbito internacional.
Esta filosofia de vida é defendida sobretudo pelos professores e dirigentes, que não querem que os pátios das suas escolas se transformem num ringue de boxe a cada intervalo. Com esta ideia em mente, pedem sempre aos seus alunos que reportem qualquer incidente grave, como uma violação da integridade física, ao professor respectivo ou ao director de turma. Claro que, por duas razões, isto apenas serve para propagar a violência. A primeira é pelo facto de os professores não fazerem nada quando a queixa lhes chega às mãos. O mais provável é que seja preenchido um papel com um registo de mau comportamento que entretanto se perde nos arquivos da secretaria. Se se voltar a repetir várias vezes, talvez o jovem problemático - com certeza um resultado da sua condição social (como se todos os pobres fossem criminosos) ou por ser de uma minoria étnica (como se a cor da pele fosse legitimidade para violar direitos alheios) - seja suspenso. Uns 3 dias, talvez. Depois volta à carga. E, entretanto, o rapazito que fez a queixa leva mais umas biqueiradas, que é para aprender a não abrir a boca quando não deve. A segunda razão é o incentivo que é cedido ao agressor. Ao permitir que este detenha o controlo psicológico total sobre a pessoa que deseja intimidar, ele sentir-se-á mais forte e terá um encorajamento moral para continuar ou agravar a agressão. Se a vítima der sintomas de reacção, é provável que da próxima vez o violento fanfarrão pense duas vezes. Ou então que não exagere nos conflitos, caso contrário arrisca-se, ele também, a levar uns hematomas para casa.
A posição contrária é a geralmente defendida pelos pais. Esses dizem sempre aos filhos que se defendam com os punhos e respondam. Olho por olho, dente por dente, como no Antigo Testamento. Os professores são os mensageiros da Boa Nova, que dizem para oferecer a outra face. É pena que os ensinamentos de Cristo de pouco sirvam para situações não metafóricas. É possível que haja dissonância entre a opinião da mãe e do pai, pondo-se esta do lado da posição ética dos professores e preservando a faceta ingénua do seu filho, pedindo-lhe que conte toda a situação a um adulto, iludida pela ideia de que alguém pode fazer mais pela segurança do seu filho do que ele próprio. Os pais, os machos-alfas sobrecarregados de testosterona e de pouca paciência, aconselham de imediato que se responda com uma chapada na tromba.
Tendo em conta como é o mundo selvagem das escolas públicas em Portugal (como no caso americano/inglês, em que o bullying é um fenómeno socialmente reconhecido), a estratégia geopolítica e os assuntos de relações internacionais acabam por ser demasiado semelhantes a todo este panorama frequentemente constatável no caso acima descrito. Há sempre alguém que pede muito histericamente aos gritos que a briga pare, mas, obviamente, sem se meter no meio, ou ainda se arrisca a levar um pontapé em partes menos aconselháveis. Há sempre alguém que gosta de ir lá para dar uns açoites valentes naquele tipo que está no chão e agora permanece completamente indefeso, coisa que nunca faria numa situação de desvantagem. Há sempre alguém que diz que ajuda quando não está directamente envolvido no problema mas quando chega a altura certa, foge com o rabo à seringa. Descobre-se a linha ténue entre os verdadeiros amigos e aqueles que falam muito mas actuam substancialmente menos.
No final, acaba sempre alguém com os dentes partidos, seja ele a vítima inicial do conflito ou o agressor a quem é necessário dar individualmente uma lição para pôr término ao abuso constante que apenas continua se não houver uma reacção significativa. Assim como em guerras de âmbito internacional.
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