Uma discussão política ou económica com um opositor declarado das ideias liberais acaba quase sempre com um assunto relacionado com os EUA em cima da mesa, seja sobre a visão da política externa americana ou uma qualquer prática corrente a nível interno. Isto acontece porque muita gente confunde os EUA com liberalismo e/ou capitalismo, o que, para além de absolutamente errado, é muito perigoso. Não só os Estados americanos (locais e federal) e a linha política seguida pelo seu governo não devem ser considerados liberais no sentido avançado pelo liberalismo clássico, como o liberalismo não pode - nem deve - servir como ideologia/filosofia justificativa para qualquer que seja a acção tomada pelo governo americano, flexibilizando-se à medida dos caprichos do Congresso, do presidente ou dos secretários de Estado.
É por isso evasivo e irrelevante, para uma discussão honesta, atacar os argumentos de alguém utilizando como forma de contestação qualquer prática promulgada pelo governo americano, independentemente da área legal, e que seja supostamente reveladora de uma contradição ou incoerência. Para que isso fosse possível, os proponentes de um regime (mais) liberal teriam de permanecer totalmente acríticos face à atitude governamental americana, o que geralmente não é verdade. O oposto seria horrivelmente insalubre.
Quem confunde estes dois aspectos sofre de uma síndrome própria de "Guerra Fria retrospectiva", em que o mundo é a preto e branco, e apenas se pode escolher um país para apoiar entusiasticamente, sem contestação, não sendo permitido sequer o mínimo de espaço para o designar de "mal menor" ou propor dissidências de opinião. Ao contrário de Estados publicamente reconhecidos como socialistas/comunistas, tanto pelos seus dirigentes como pelos seguidores da religião, não existem Estados liberais que sugiram um modelo inquestionável a seguir. E isto sucede porque, para o que talvez perfaz a maioria, nenhum Estado existente na actualidade é, por definição, totalmente liberal (como em governo limitado ou estado mínimo) ou é reconhecido como tal. A incidência do liberalismo sobre a política é presentemente sentida mais como uma questão quantitativa do que propriamente qualitativa, e assim se podem classificar Estados mais liberais e outros menos liberais, consoante o grau de liberdade que concedam aos seus habitantes. Para desespero dos mais necessitados de um manual de instruções, o liberalismo é algo que não apresenta um tomo sagrado que seguir de acordo com regras ortodoxas, nem os próprios liberais com frequência se entendem mutuamente sobre quais devem ser os limites impostos. Em contraposição ao outro extremo do espectro político, não se daria qualquer purga ideológica, por razões mais que evidentes.
Não existem necessariamente modelos para uma sociedade liberal. E isto não é um erro de arquitectura. O modelo das sociedades mais liberais é propositadamente emergente da ausência total ou presença muito mitigada de planeamento centralizado, uma vez que se reconhece, deontológica ou consequencialmente, que este planeamento ou é sempre mau ou, na maior parte das vezes, causa mais estragos do que os já naturalmente verificados, descontando o efeito negativo que a própria intromissão estatal possui. A melhor prova experimental deste facto é o reconhecimento feito pelos socialistas mais realistas (os sociais-democratas) de que o formato político mais socialmente eficiente e menos humanamente desastroso encontrado é a democracia liberal, por contraste à economia planeada e à legitimidade estatal para negar os direitos civis dos indivíduos consoante o rumo da conjuntura política.
É por isso evasivo e irrelevante, para uma discussão honesta, atacar os argumentos de alguém utilizando como forma de contestação qualquer prática promulgada pelo governo americano, independentemente da área legal, e que seja supostamente reveladora de uma contradição ou incoerência. Para que isso fosse possível, os proponentes de um regime (mais) liberal teriam de permanecer totalmente acríticos face à atitude governamental americana, o que geralmente não é verdade. O oposto seria horrivelmente insalubre.
Quem confunde estes dois aspectos sofre de uma síndrome própria de "Guerra Fria retrospectiva", em que o mundo é a preto e branco, e apenas se pode escolher um país para apoiar entusiasticamente, sem contestação, não sendo permitido sequer o mínimo de espaço para o designar de "mal menor" ou propor dissidências de opinião. Ao contrário de Estados publicamente reconhecidos como socialistas/comunistas, tanto pelos seus dirigentes como pelos seguidores da religião, não existem Estados liberais que sugiram um modelo inquestionável a seguir. E isto sucede porque, para o que talvez perfaz a maioria, nenhum Estado existente na actualidade é, por definição, totalmente liberal (como em governo limitado ou estado mínimo) ou é reconhecido como tal. A incidência do liberalismo sobre a política é presentemente sentida mais como uma questão quantitativa do que propriamente qualitativa, e assim se podem classificar Estados mais liberais e outros menos liberais, consoante o grau de liberdade que concedam aos seus habitantes. Para desespero dos mais necessitados de um manual de instruções, o liberalismo é algo que não apresenta um tomo sagrado que seguir de acordo com regras ortodoxas, nem os próprios liberais com frequência se entendem mutuamente sobre quais devem ser os limites impostos. Em contraposição ao outro extremo do espectro político, não se daria qualquer purga ideológica, por razões mais que evidentes.
Não existem necessariamente modelos para uma sociedade liberal. E isto não é um erro de arquitectura. O modelo das sociedades mais liberais é propositadamente emergente da ausência total ou presença muito mitigada de planeamento centralizado, uma vez que se reconhece, deontológica ou consequencialmente, que este planeamento ou é sempre mau ou, na maior parte das vezes, causa mais estragos do que os já naturalmente verificados, descontando o efeito negativo que a própria intromissão estatal possui. A melhor prova experimental deste facto é o reconhecimento feito pelos socialistas mais realistas (os sociais-democratas) de que o formato político mais socialmente eficiente e menos humanamente desastroso encontrado é a democracia liberal, por contraste à economia planeada e à legitimidade estatal para negar os direitos civis dos indivíduos consoante o rumo da conjuntura política.
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