WEF - Global Competitiveness Report
Augusto Lopez-Claros, Chief Economist; Director, Global Competitiveness Network
Mais lentamente:
- Vamos assumir que a competitividade (p) é maior com uma gestão macroeconómica competente, em conjunto com uma aposta elevada numa educação de nível internacional superior (a), tecnologias (b) e inovação (c) (ou seja, suponhamos que a, b e c implicam p)
- Elabora-se um sistema de ranking em que a competitividade é medida de acordo com os parâmetros pressupostos. Uma boa classificação (q) implica verificar ao máximo estes factores (a, b ,c) e vice-versa (q é equivalente a, b, c)
- Os países nórdicos e a Suiça são os primeiros classificados no ranking (q)
- Como a Suíça e os países nórdicos estão no topo do ranking, isso prova que a competitividade é mais bem sucedida com os parâmetros medidos no ranking (como q implica necessariamente a, b e c, e se supõe que a, b e c implicam p, logo p verifica-se).
De notar que este tipo de argumento serve para justificar qualquer ideia pré-definida porque se assume à partida que a conclusão permite confirmar a premissa que se usa para chegar à própria conclusão. A premissa inicial - do que depende a competitividade - nunca é provada. Se os elementos fossem alterados para número de garfos per capita, número de panelas de esmalte por metro quadrado e percentagem de pessoas com olhos azuis, a conclusão seria exactamente a mesma porque se usa o resultado como se fosse auto-evidente e confirmasse a suposição inicial.
O problema deste índice de competitividade é valorizar demasiado parâmetros deste género, acabando por equiparar nações que criaram as suas infra-estruturas, investimento em tecnologia, inovação, ensino superior, redes de transportes e telecomunicações por meio de uma evolução natural e aquelas que decidiram canalizar fundos públicos para o obter, retirando daí todas as suas outras consequências negativas. Definir competitividade desta forma ignora que existem muito boas formas de tornar uma economia competitiva sem a exigência de desperdiçar fundos de uma forma desnecessária, transferindo dinheiro do bolso das pessoas e da sua gestão individual para as actividades que o Estado deseja promover. Não estou a dizer que seja necessariamente o caso de todos os sectores económicos dos países nórdicos, que em muitos aspectos dão uma liberdade económica muito superior à que se verifica nos restantes Estados europeus (por exemplo, as leis laborais dinamarquesas ou a abertura ao investimento estrangeiro da Suécia).
No entanto, muitas das indústrias que se estão a despedir de Portugal fazem-no porque há uma vantagem para si em mudar para outro local. Portugal é um país pouco "competitivo" quando comparado com muitas ex-repúblicas soviéticas ou países asiáticos, para onde se costumam deslocar constantemente a partir dos países desenvolvidos, e que se encontram muitos lugares abaixo na classificação. O índice avalia apenas a competitividade dentro de uma série de parâmetros que um governo não pode definir e que quando o tenta fazer, representa um peso fiscal e intervencionista sobre as possibilidades económicas da sociedade. Caso contrário, a forma mais fácil de fazer subir Portugal no índice é deixar que o governo fique com uma fatia mais larga do PIB e comece a redireccionar todas as despesas para dar estudos superiores à população, colocar um computador em cada casa e financiar a inovação tecnológica em todas as empresas. É um pouco como a ideia de que construir um TGV e um novo aeroporto nos vão deixar necessariamente mais ricos, sem sequer avaliar os custos totais que representam.
«The top rankings of Switzerland and the Nordic countries show that good institutions and competent macroeconomic management, coupled with world-class educational attainment and a focus on technology and innovation, are a successful strategy for boosting competitiveness in an increasingly complex global economy.»
Augusto Lopez-Claros, Chief Economist; Director, Global Competitiveness Network
***
Petitio principii«In logic, begging the question is the term for a type of fallacy occurring in deductive reasoning in which the proposition to be proved is assumed implicitly or explicitly in one of the premises. For an example of this, consider the following argument: "Only an untrustworthy person would run for office. The fact that politicians are untrustworthy is proof of this." Such an argument is fallacious, because it relies upon its own proposition—in this case, "politicians are untrustworthy"—in order to support its central premise. Essentially, the argument assumes that its central point is already proven, and uses this in support of itself.»***
Mais lentamente:
- Vamos assumir que a competitividade (p) é maior com uma gestão macroeconómica competente, em conjunto com uma aposta elevada numa educação de nível internacional superior (a), tecnologias (b) e inovação (c) (ou seja, suponhamos que a, b e c implicam p)
- Elabora-se um sistema de ranking em que a competitividade é medida de acordo com os parâmetros pressupostos. Uma boa classificação (q) implica verificar ao máximo estes factores (a, b ,c) e vice-versa (q é equivalente a, b, c)
- Os países nórdicos e a Suiça são os primeiros classificados no ranking (q)
- Como a Suíça e os países nórdicos estão no topo do ranking, isso prova que a competitividade é mais bem sucedida com os parâmetros medidos no ranking (como q implica necessariamente a, b e c, e se supõe que a, b e c implicam p, logo p verifica-se).
De notar que este tipo de argumento serve para justificar qualquer ideia pré-definida porque se assume à partida que a conclusão permite confirmar a premissa que se usa para chegar à própria conclusão. A premissa inicial - do que depende a competitividade - nunca é provada. Se os elementos fossem alterados para número de garfos per capita, número de panelas de esmalte por metro quadrado e percentagem de pessoas com olhos azuis, a conclusão seria exactamente a mesma porque se usa o resultado como se fosse auto-evidente e confirmasse a suposição inicial.
O problema deste índice de competitividade é valorizar demasiado parâmetros deste género, acabando por equiparar nações que criaram as suas infra-estruturas, investimento em tecnologia, inovação, ensino superior, redes de transportes e telecomunicações por meio de uma evolução natural e aquelas que decidiram canalizar fundos públicos para o obter, retirando daí todas as suas outras consequências negativas. Definir competitividade desta forma ignora que existem muito boas formas de tornar uma economia competitiva sem a exigência de desperdiçar fundos de uma forma desnecessária, transferindo dinheiro do bolso das pessoas e da sua gestão individual para as actividades que o Estado deseja promover. Não estou a dizer que seja necessariamente o caso de todos os sectores económicos dos países nórdicos, que em muitos aspectos dão uma liberdade económica muito superior à que se verifica nos restantes Estados europeus (por exemplo, as leis laborais dinamarquesas ou a abertura ao investimento estrangeiro da Suécia).
No entanto, muitas das indústrias que se estão a despedir de Portugal fazem-no porque há uma vantagem para si em mudar para outro local. Portugal é um país pouco "competitivo" quando comparado com muitas ex-repúblicas soviéticas ou países asiáticos, para onde se costumam deslocar constantemente a partir dos países desenvolvidos, e que se encontram muitos lugares abaixo na classificação. O índice avalia apenas a competitividade dentro de uma série de parâmetros que um governo não pode definir e que quando o tenta fazer, representa um peso fiscal e intervencionista sobre as possibilidades económicas da sociedade. Caso contrário, a forma mais fácil de fazer subir Portugal no índice é deixar que o governo fique com uma fatia mais larga do PIB e comece a redireccionar todas as despesas para dar estudos superiores à população, colocar um computador em cada casa e financiar a inovação tecnológica em todas as empresas. É um pouco como a ideia de que construir um TGV e um novo aeroporto nos vão deixar necessariamente mais ricos, sem sequer avaliar os custos totais que representam.
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