[Previamente publicado n'O Insurgente]
A semana passada, este texto do André Azevedo Alves sobre o aquecimento global, publicado previamente na Dia D, causou algum alvoroço. Ao contrário do que algumas pessoas poderiam pensar, não era nem uma defesa de que este não existe, nem de que não devem ser tomadas quaisquer medidas.
Era sim, um artigo sensato sobre como o aquecimento global, a existir nos termos propostos, deve ser abordado em termos económicos. Algumas das reacções foram bastante semelhantes a outras que se leram acerca deste artigo da Economist, ironicamente, algo favorável às principais ideias subjacentes ao activismo ecologista.
A heresia cometida por ambos os artigos foi, essencialmente, referir a importância de uma avaliação cuidadosa de custos e benefícios envolvidos. Acontece que isto é provavelmente uma das piores coisas que se pode propor a um ambientalista ideológico cujo único objectivo político é a “salvação do planeta”. Claro que salvar o planeta é algo propositadamente abstracto em demasia e, como tal, a passagem de afirmações qualitativas a quantitativas é encarada como uma perspectiva economicista sobre algo que supostamente está acima da própria economia. Partindo desta visão, todo e qualquer gasto é vital e indispensável para atingir a meta proposta - salvar o planeta, custe o que custar.
Ora, esta negação da importância que deve ser atribuída à análise económica das questões ambientais esconde o facto irónico de que estes ambientalistas criticam a própria caricatura distorcida que fazem do que é o sistema económico. Muito contrariamente à imagem que está presente no seu subconsciente, seja do empresário demoníaco que comanda as suas indústrias poluentes, resguardado nas suas torres de marfim, ou de umautopia distopia socialista em que é possível não existir uma moeda de troca e/ou o comércio livre é abolido, as relações económicas e o dinheiro são infinitamente mais humanos do que se vislumbra à primeira vista. Se estas análises de trade-offs são extremamente relevantes, tal acontece precisamente porque são essenciais à vivência dos cidadãos que se tornam os principais financiadores dos projectos de acção ambiental requisitados e as suas vidas serão significativamente por eles influenciadas, uma vez que o dinheiro utilizado é proveniente do fruto do seu próprio trabalho. Provavelmente, não haverá nada mais humano do que tentar compreender se o esforço de uma pessoa é devidamente recompensado ou totalmente desperdiçado.
A semana passada, este texto do André Azevedo Alves sobre o aquecimento global, publicado previamente na Dia D, causou algum alvoroço. Ao contrário do que algumas pessoas poderiam pensar, não era nem uma defesa de que este não existe, nem de que não devem ser tomadas quaisquer medidas.
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A heresia cometida por ambos os artigos foi, essencialmente, referir a importância de uma avaliação cuidadosa de custos e benefícios envolvidos. Acontece que isto é provavelmente uma das piores coisas que se pode propor a um ambientalista ideológico cujo único objectivo político é a “salvação do planeta”. Claro que salvar o planeta é algo propositadamente abstracto em demasia e, como tal, a passagem de afirmações qualitativas a quantitativas é encarada como uma perspectiva economicista sobre algo que supostamente está acima da própria economia. Partindo desta visão, todo e qualquer gasto é vital e indispensável para atingir a meta proposta - salvar o planeta, custe o que custar.
Ora, esta negação da importância que deve ser atribuída à análise económica das questões ambientais esconde o facto irónico de que estes ambientalistas criticam a própria caricatura distorcida que fazem do que é o sistema económico. Muito contrariamente à imagem que está presente no seu subconsciente, seja do empresário demoníaco que comanda as suas indústrias poluentes, resguardado nas suas torres de marfim, ou de uma
A forma mais intuitiva de compreender a importância deste factor será através da observação das discrepâncias de preocupação e alarmismo que existem entre os países desenvolvidos e aqueles em vias de desenvolvimento. Enquanto nos primeiros se dá um clima político (excessivamente) propício à discussão de causas ambientais, inclusive fora de padrões científicos, nos últimos todos estes temas são muitos secundários. É muito pouco provável que quem tem de garantir, no final do dia, o acesso da sua família a alguns pratos de comida, sinta insónias sobre a eventual subida da temperatura média da Terra, nos próximos 50 anos, em 1 ou 2 graus Celsius. Se os governos destes países decidissem criar planos de investimento astronómicos, utilizando o dinheiro retirado a estas populações, o resultado seria bastante desastroso. Mesmo que o planeta ficasse temporariamente mais asseadinho e menos cálido, milhares de pessoas seriam directamente atiradas para uma condição de indigência extrema pelo impacto que tais medidas teriam sobre toda a frágil estrutura económica dos seus países.
Isto é, certamente, um exemplo hiperbolizado, mas é precisamente o equivalente ao que acontece nos países desenvolvidos - ainda que devido à enorme riqueza acumulada este efeito seja menos perceptível - quando se aplicam medidas para combater, muitas vezes sem avaliar a respectiva eficácia, a subida das temperaturas. A perspectiva económica é tão ou mais importante do que a análise climatológica; se uma nos tenta explicar o que está a ocorrer e quais as causas dos fenómenos que observamos, a outra permite propor as formas mais eficientes e racionais de as sociedades se organizarem com o intuito de mitigar as alterações ou a adaptar-se a elas. Daí deriva que qualquer acção direccionada à “salvação do planeta” que não contemple, por questões de princípio, um estudo pormenorizado do que se ganha, do que se perde e do que se poderia ganhar se não se perdesse, não passa de um forma moderna de autoritarismo, retocada com pinceladas de um colectivismo panteísta, que pretende subverter toda a sociedade a um fim cujas consequências não fazem parte dos desejos dos inevitavelmente visados em todo este processo.
Assim sendo, e em paralelo a esclarecer cientificamente (correlação estatística não vale) se o aumento da temperatura média do planeta corresponde a um aquecimento global que tenha origem antropogénica, eventualmente reversível, e não faz parte de uma variação dentro dos parâmetros expectáveis à escala geológica, importa ter em conta não só os benefícios que podem ser retirados deste suposto aquecimento global como fazer todas as continhas sobre quanto custa a tentativa de mitigar o seu suposto progresso, qual o risco de prejuízos económicos e ambientais com que nos comprometemos se tal não for feito e qual o resultado palpável dessa futura prevenção. Basear qualquer planeamento político em estimativas cuja margens de erro são tão elevadas (por exemplo, a previsão do IPCC para o aumento das temperaturas à superfície no período 1990-2100 encontra-se entre 1,4ºC e 5.8ºC), consoante o modelo utilizado, não deveria ser sequer uma questão de cepticismo económico mas sim de cepticismo científico, cuja defesa deve caber, mais do que ninguém, aos próprios investigadores que participam na elaboração destes estudos e na criação dos modelos associados.
Contudo, talvez o mais importante seja que os defensores da suposta integridade do planeta se vão habituando à ideia de que este sempre teve a sua certidão de óbito assinada e já milhares de espécies que nunca chegámos a conhecer foram desta para melhor, em grande parte, devido a bruscas alterações climáticas completamente alheias ao ser humano e que e
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