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No meio de tudo isto, Portugal, que está essencialmente estagnado há uma década, tem a honra dúbia de ser o nono país mais pobre da União Europeia (ou, provavelmente, já o oitavo) e uma carga fiscal que, tal como o desemprego, atinge máximos históricos [este artigo do i é do mês de Julho, por isso não inclui cálculos relativos o novo máximo histórico trazido pela última vaga de aumentos tributários anunciados em Setembro] e deverá andar, por esta altura, no topo da tabela, a seguir aos países escandinavos, França e Bélgica. Talvez seja um bom momento para recordar que ainda em Julho deste ano, José Sócrates dava demonstrações do universo paralelo em que ele e o seu governo vivem, dizendo que "a economia portuguesa foi a que melhor resistiu à crise. Basta olhar para os números" e que a ideia de que Portugal se encontra em crise profunda era "infantil e politiqueira". Para deitar água na fervura, de acordo com as últimas estatísticas disponíveis, a taxa de homicídio em Portugal é a maior da Europa ocidental.
Em Portugal, as pessoas não gostam de ter de pensar nestas coisas, preferindo imaginar que tudo se irá resolver de alguma forma, e rapidamente confundem uma exposição de meros factos negativos acerca do estado do país com falta de espírito patriota. Contudo, talvez devesse começar a ser óbvio, por esta altura, que manter um regime socialista no poder décadas a fio, enfiar sistematicamente a cabeça na areia e acreditar ingenuamente que bastam optimismo irrealista e confiança para obter bons resultados não será grande estratégia. Um país de dimensões regulares que suporta uma população de milhões, mas que tem um terço dos seus nacionais a residir no estrangeiro e praticamente só consegue atrair emigrantes activos vindos dos PALOPs, Brasil e Europa de Leste não está a fazer qualquer coisa como deve ser.
Adenda: O FMI está agora a projectar uma contracção de 1.4% para 2011.
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