A cerca de uma hora do encerramento dos trabalhos da XVII Cimeira Ibero-Americana, em Santiago do Chile, o ambiente tornou-se muito tenso, com o Rei de Espanha, Juan Carlos de Borbón, a mandar calar o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. A cena passou-se depois de mais uma intervenção acesa de Chávez, que já no dia anterior tinha chamado "fascista" a José María Aznar, antigo presidente do governo espanhol. Ontem foi mesmo mais longe ao revelar conversas privadas com Aznar em que este, alegadamente, teria sido menos respeitoso para com os países mais pobres.
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, estava no uso da palavra com ataques a empresas espanholas (visava em particular a Unión Fenosa), mas Chávez continuava a enviar alfinetadas em voz baixa. José Luís Rodriguez Zapatero decide falar e começar a defender o seu antecessor, coisa que não tinha feito no dia anterior. É então que o rei, sem meias-medidas, se chegou à frente na cadeira para que o vissem bem, olha para Chávez, estende a mão e solta: "Por qué no te callas?" Traduzido à letra, "por que não te calas?"
Cavaco e Sócrates respeitam divergências da Cimeira Ibero-Americana
Na conferência de imprensa conjunta, perto do final da XVII Cimeira Ibero-Americana de chefes de Estado e de Governo, Cavaco Silva e José Sócrates foram questionados sobre as diferenças políticas na América Latina e o discurso polémico do presidente da Venezuela, que criticou os EUA, o presidente brasileiro Lula da Silva e chamou "fascista" a José Maria Aznar.
«Nós não queremos uniformidade política, temos interesses comuns, temos uma história comum, isso não significa que pensemos todos da mesma forma, não pensamos, logicamente», disse o primeiro-ministro. «Mas também não temos a arrogância de achar que nós pensamos melhor que os outros, ouvimos os outros com respeito tal como os outros nos ouvem com respeito», precisou.
Referindo-se concretamente a Hugo Chávez, Sócrates sublinhou que a Venezuela «é um país amigo» e que «Portugal respeita os chefes de Estado dos países amigos, e respeita-os sempre que são eleitos em eleições livres e justas».
Por seu lado, Cavaco Silva lembrou que participou na primeira Cimeira Ibero-Americana, em 1991, e considera que existiu «uma evolução positiva», quer em termos económicos, quer políticos. «A democracia, apesar de tudo, está hoje mais espalhada pela América Latina mas reconheço que existem algumas diferenças na interpretação da liberdade e da democracia», admitiu.
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