Se foi a guerra do Iraque que tramou Bush e colegas republicanos, o que geralmente também é apontado como causa da sua baixa popularidade, falta mostrar como é que as previsões para as eleições legislativas nos EUA não eram assim tão conclusivas estado a estado e ainda se aguarda o apuramento dos resultados de Montana e Virginia para conhecer qual o partido vencedor da corrida para o Senado. Se a verdadeira causa dos resultados eleitorais fosse realmente o castigo a Bush e o descontentamento perante o conflito no Iraque, então não se estaria sequer na dúvida sobre qual o resultado final destas eleições para o congresso porque a percentagem de votos no partido republicano estaria circunscrita ao intervalo aproximado de 34-41%, já que teria de ser sensivelmente semelhante à impopularidade do presidente, cuja suposta causa é a mesma atribuída a esta derrota do GOP.
Para além de mostrar que é pouco inteligente retirar conclusões políticas específicas com base em inquéritos de (im)popularidade presidenciais, atribuindo-a inequivocamente àquilo que se deseja que seja a causa dessa falta de popularidade, é possível ver que tais sondagens não servem para definir quais os resultados de qualquer eleição porque pecam sempre por demasiado simplismo. Quem não gosta de Bush não irá necessariamente votar no representante local de outro partido que não o republicano ou poderá ser forçado a votar no candidato republicano por falta de outras opções democráticas do seu agrado.
No seio de toda esta confusão está o facto de que há portugueses tão colectivistas e defensores da concentração de poderes que até em eleições organizadas de forma regional, e realizadas de acordo com propósitos parcialmente regionais (daí o nome house of representatives), projectam na sua análise a organização política interna portuguesa e pensam de forma totalmente centralista, não parecendo sequer ser capazes de compreender a diferença entre a eleição de representantes políticos para um poder legislativo e de outra totalmente distinta para um executivo, relativamente às quais os (diferentes) motivos de voto não necessitam de estar todos interligados. A partir daqui, dizer que "Bush perdeu" é ainda mais melodramático - quando o partido republicano ganhou as eleições intercalares em 1994, Bill Clinton não "perdeu". Assim como não "perdeu" com as vitórias dos republicanos em 1996 e 1998 durante as quais se manteve no poder até à sua saída em 2001.
---
Adenda: Sondagem sobre algumas das razões que levaram os eleitores a votar como votaram: Corruption named as key issue by voters in exit polls (via O Insurgente)
Para além de mostrar que é pouco inteligente retirar conclusões políticas específicas com base em inquéritos de (im)popularidade presidenciais, atribuindo-a inequivocamente àquilo que se deseja que seja a causa dessa falta de popularidade, é possível ver que tais sondagens não servem para definir quais os resultados de qualquer eleição porque pecam sempre por demasiado simplismo. Quem não gosta de Bush não irá necessariamente votar no representante local de outro partido que não o republicano ou poderá ser forçado a votar no candidato republicano por falta de outras opções democráticas do seu agrado.
No seio de toda esta confusão está o facto de que há portugueses tão colectivistas e defensores da concentração de poderes que até em eleições organizadas de forma regional, e realizadas de acordo com propósitos parcialmente regionais (daí o nome house of representatives), projectam na sua análise a organização política interna portuguesa e pensam de forma totalmente centralista, não parecendo sequer ser capazes de compreender a diferença entre a eleição de representantes políticos para um poder legislativo e de outra totalmente distinta para um executivo, relativamente às quais os (diferentes) motivos de voto não necessitam de estar todos interligados. A partir daqui, dizer que "Bush perdeu" é ainda mais melodramático - quando o partido republicano ganhou as eleições intercalares em 1994, Bill Clinton não "perdeu". Assim como não "perdeu" com as vitórias dos republicanos em 1996 e 1998 durante as quais se manteve no poder até à sua saída em 2001.
---
Adenda: Sondagem sobre algumas das razões que levaram os eleitores a votar como votaram: Corruption named as key issue by voters in exit polls (via O Insurgente)
No comments:
Post a Comment