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Friday, May 20, 2011

Uma morte evitável

Jovem morre em quartel depois de queda de slide
Uma rapariga que caiu esta sexta-feira de uma torre durante um exercício realizado no Regimento da Serra do Pilar, no âmbito do Dia da Defesa Nacional, morreu às 16:45 no Hospital de Santo António do Porto, anunciou fonte militar.

«O Exército confirma o falecimento da cidadã Ana Rita dos Santos Silva Lucas que se encontrava a cumprir as obrigações decorrentes da Lei, relativa à participação nas atividades decorrentes do Dia da Defesa Nacional, no Regimento de Artilharia nº 5, em Vila Nova de Gaia», refere uma nota de imprensa do porta-voz do exército, o tenente-coronel Hélder Perdigão.
A cereja no topo do bolo:
Na nota, o Exército «expressa o seu mais profundo pesar à respectiva família» e reitera que procedeu à abertura de um inquérito para apuramento das causas deste acidente.
Como pode "o Exército" sentir um profundo pesar quando todos os anos colabora e é cúmplice desta prática bárbara que é obrigar pessoas a fazer algo sob ameaça? Do sítio do próprio Ministério da Defesa:
O Dia da Defesa Nacional visa sensibilizar os jovens para a temática da defesa nacional e divulgar o papel das Forças Armadas, a quem incumbe a defesa militar da República. A sua comparência é um dever militar obrigatório para todos os cidadãos portugueses que cumpram 18 anos de idade, que ocorre nos Centros de Divulgação de Defesa Nacional, sedeados em unidades militares dos três ramos das Forças Armadas, de acordo com os editais de convocação. (...)

A falta não justificada implica:
  • Aplicação de coima de 249,40€ a 1247€;
  • Inibição para o exercício de funções públicas;
  • Fixação de novo prazo para o dever de comparência ao Dia da Defesa Nacional.
Acresce ainda que, em caso de necessidade de convocação, por falta de efectivos para a satisfação das necessidades fundamentais das Forças Armadas, o cidadão que faltou é, preferencialmente, chamado.
Tenho a certeza absoluta de que, caso a jovem falecida se tivesse oposto à sua convocação por razões de princípio, "o Exército" não teria mostrado qualquer disponibilidade para defender a sua causa e dispensá-la da sua participação. É uma daquelas situações em que é mais fácil lamentar-se publicamente quando alguma coisa corre mal do que ser suficientemente corajoso para defender o que é correcto e aceitar apenas aqueles que voluntariamente aceitem os riscos associados.

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