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Thursday, August 04, 2005

Quando a crise aperta

Plano de emergência para emprego arranca hoje

Um "novo contrato de emprego" em França entra hoje em vigor, com um mês de antecedência em relação ao previsto, para tentar reduzir o desemprego. Os sindicatos contestam a medida e prometem manifestar-se em Setembro.

Dirigido às empresas com menos de 20 assalariados, a nova legislação permite, nomeadamente, despedir sem justificação especial, dois anos após o recrutamento. A medida aprovada na passada terça-feira por despacho especial, sem necessitar de ser debatida e votada no parlamento, está a ser contestada por parte da oposição e dos sindicatos.

Os sindicatos já revelaram que estão a preparar manifestações para a segunda quinzena de Setembro, porque o "novo contrato de trabalho acrescenta insegurança social e plano visa apenas manipular as estatísticas", argumenta Maryse Dumas, secretária da Confederação Geral do Trabalho. Também Jean-Louis Walter, secretàrio geral do sindicato CGC, afirma que "estas medidas não deverão melhorar a situação".

"Estas medidas vão produzir efeitos massivos contra o desemprego dentro de 18 meses", garantiu, por outro lado Jean-Louis Borloo, ministro do emprego.

É espantoso que quando a situação é de iminente de colapso se tomam medidas de liberalização. Já conhecemos o exemplo da China. Conhecemos também, há poucos dias, o exemplo da Rússia – dois países de núcleo duro colectivista que abrem zonas especiais para fazer a economia crescer um pouco. Agora temos o exemplo da França, que não é nada mais, nada menos do que o bastião do socialismo europeu. O governo francês tinha imposto já anteriormente uma medida que limitava as horas de trabalho a 35 por semana o que fez com que, de acordo com as estatísticas, a produtividade caísse 4,3%. No início do ano foi anunciado que a lei iria ser revista porque, obviamente, a França estava a perder terreno para as outras potências europeias. A taxa de desemprego por territórios de Monsieur Chirac tem andado a rondar os 10% quase de forma inalterada e surge agora esta medida como forma de a tentar reduzir. Uma medida que permite o mercado, e não o governo, decidir como são tomadas as decisões. Parece óbvio mas talvez os franceses preferissem ficar todos no desemprego a admitir que des anglais et des americains têm mais razão do que eles.

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