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Monday, January 30, 2006

Efeito Axe Teixeira dos Santos

Recebi um e-mail a pedir-me que copulasse mais vezes. Tudo isto para salvar a Segurança Social. O que o e-mail não diz é que devíamos matar todos os que tenham uma idade superior a 65 anos. Apesar de não ter sido sugerido, infelizmente, está ao mesmo nível do primeiro conselho.

Um filho não é uma estatística. Nem um jogo de tabuleiro. Parece incrível que seja necessário recordar isto a tanta gente com tanta frequência.

Não é uma questão de escala

Os filhos desejam tornar-se financeiramente independentes dos pais para que estes não possuam autoridade moral sobre os seus gastos. Procuram tornar-se autónomos para poderem fazer as suas próprias escolhas e seguir os caminhos que eles próprios determinam, soltando-se da mão por vezes autoritária que os pais exercem sobre si.

O único caso em que isto não é completamente evidente é o da família sobejamente rica em que os orçamentos dos filhos são sempre irrelevantes e estes podem gastar dinheiro e usufruir de serviços sem qualquer género de reprimenda. Podem comprar uma casa para si mesmos, usar um carro de luxo e fazer umas quantas viagens à volta do mundo sem sequer se preocupar. Em geral, nestes casos, o filho herda o património dos pais já que não se preocupou muito em construir a sua própria vida de subsistência à custa do seu esforço pessoal.

A diferença é que os pais produzem riqueza mas o Estado não. O dinheiro obtido pelo Estado é angariado através da coerção judicial. Este dinheiro é posteriormente distribuído de forma desigual entre os «filhos» que vivem à custa do pai-Estado. Uns ficam com muito e outros ficam com muito pouco. Os que ficam com muito estão dispensados de trabalhar para o resto da vida. Os que ficam com muito pouco devem continuar a trabalhar, não para se sustentar a si próprios mas, para sustentar os que ficam com muito e não o desejam fazer. Enquanto na família rica, o filho herda dos pais o património de capital e propriedade acumulados, os contribuintes herdam dívida pública.

Na família estupendamente rica, onde os filhos - raros privilegiados -nem precisam de trabalhar, o dinheiro é secundário e quase nasce do solo. O do Estado, não. Precisa de uma máquina de obtenção constante de fundos para se suster, utilizando os contribuintes como peões estratégicos. O dinheiro é crucial porque todas as pequenas quantias são importantes.

Mas esta analogia nem sequer faz sentido porque o Estado não é uma família rica. Nem sequer remediada. É uma família completamente endividada. Na família endividada, todos trabalham para tentar por cobro às contas que crescem sem parar. Os filhos tentam a toda a força conseguir cobrar as dívidas para se poderem soltar das amarras financeiras e viver, finalmente, a sua própria vida. Em famílias endividadas (e não só nessas), o dinheiro é uma matéria de discussão constante porque há muito pouco e este tem de ser repartido com toda a meticulosidade de forma a servir os "interesses da família". O interesse da família é por vezes algo bastante abstracto e difícil de definir porque cada indivíduo tem as suas próprias necessidades e muitas das vezes estas não são partilhadas entre os diversos membros. Como a situação não é de acordo mútuo, a partir daqui se geram frequentemente conflitos, separações e contendas.

O socialismo não funciona sequer em a nível familiar. Como haveria de funcionar com milhões de pessoas?

It's all about the oil!





Desde 2003 até agora, há uma significativa camada de população nos EUA (e por esse mundo fora, incluindo, obviamente o nosso velho continente) que insiste em dizer que a guerra do Iraque teve como motivo único a obtenção de mais e mais baratos recursos de petróleo para saciar a "máquina capitalista americana" (optando por ignorar que os EUA também têm reservas petrolíferas).

Como conseguem estas pessoas conjugar em simultâneo esta opinião com a sua outra de que o aumento do preço do petróleo no mercado internacional e, por consequente, dos combustíveis derivados, se deve inexoravelmente à guerra no Iraque?

Reductio ad absurdum

Hoje nevou em Lisboa. Diz quem sabe que a última vez foi em 1954. Diz quem viu que nunca mais esqueceu. Diz quem não estava, que nunca viu nevar na vida ou as vezes que o fez, não foram, evidentemente, em Lisboa.




[Cortesia de Rui Gramacho]

Pessoalmente, nunca havia visto neve. Nem o mais reduzido dos flocos. Isto só pode ser uma prova irrefutável do arrefecimento global.

Sunday, January 29, 2006

Recordar é viver

«Bernardino Soares explicou hoje que as concepções de democracia e socialismo do PCP estão "nos antípodas" das aplicadas na Coreia do Norte, depois de ter afirmado que tinha dúvidas quanto à existência de um regime ditatorial em Pyongyang.

O líder parlamentar do PCP sustentou, numa entrevista publicada ontem no "Diário de Notícias", que tem dúvidas de que não haja uma democracia na Coreia do Norte, indicando que o assunto tem sido abordado no seio do partido. "Tenho muitas reservas em relação à filtragem da informação feita pelas agências internacionais", disse ainda o deputado comunista.»


Fevereiro de 2003, no Público

Tacho familiar

Deixou o talho para ser primeira dama

"Esther Morales, a irmã mais velha do novo presidente boliviano, Evo Morales, vai abandonar o modesto talho-mercearia que tem em Oruro, nos Andes, para assumir o papel de primeira-dama da Bolívia, indicou o Palácio presidencial em La Paz.

(...)

Esther Morales, casada e mãe de três filhos, vive das receitas da venda de carne -lama e vaca -, assim como dos legumes e frutas da sua pequena loja em Oruro, a 240 quilómetros de la Paz."
Títulos alternativos para esta entrada:

- "Como garantir a sobrevivência construindo a sua riqueza às custas dos que efectivamente trabalham"

- "Classe privilegiada prepara-se para uma destruição completa do comércio local na Bolívia e procura emprego em altos cargos estatais"

- "Esther Morales é a feliz contemplada com o jackpot do Euromilhões!"

- "Como destruir completamente um país sul-americano e depois culpar os EUA, capítulo LXIV, Pravda Ed."

Saturday, January 28, 2006

A coerência toca sempre várias vezes

"Se não vivesse em Portugal, que país escolheria? Estados Unidos." (In Visão)

Quem terá dado esta resposta? Algum perigoso neo-liberal? Não! Foi mesmo o candidato presidencial do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã. Surpreendidos? Todos nós sabemos que os E.U.A. representam o expoente máximo do capitalismo, do liberalismo e até, segundo o próprio Louçã, do imperialismo. Assim, é interessante que gostasse de viver num país com estas características. Sempre pensei que escolhesse um local com as qualidades que costuma apregoar (Se é que ainda existem...). Mas não. Louçã, sabe muito bem onde é que está a qualidade de vida.

Francisco Proença de Carvalho, O Sinédrio

Thursday, January 26, 2006

Falta de Novidades para o MIT

Parece que o colosso académico MIT uma universidade americana (uma das melhores do mundo senão a melhor) qualquer, continua a querer entrar em Portugal. Como eu já havia comentado, o governo tinha e tem muito boas razões para permitir impedir a entrada de tal instituição em território português, de forma a catalisar o desenvolvimento económico e tecnológico evitar problemas sérios de soberania nacional.



Segundo todas as últimas informações disponíveis, o governo de Mariano Gago Sócrates continua a lutar pela possibilidade de matar manter vivo o já por si invisível enormíssimo centro científico e tecnológico de sede em Portugal, coisa que, aliás, é alvo de chacota ponto de referência por toda a Europa.

No âmbito do Plano Quinquenal Tecnológico, como referi na altura, é urgente que se estimule proteja o progresso através de investimento estrangeiro. Ainda assim, dá-se conta que, por razões de interesse e aproveitamento pessoal fundo estrutural, é puramente prejudicial prioritário dar por completo a exclusividade a uma universidade chamada IST que ninguém conhece instituição de gabarito e renome internacional, para a qual a influência de candidaturas estrangeiras é irrisória, cerca de 1%, incalculável.



Mais um serviço dos políticos portugueses ao serviço do socialismo da ciência!

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Nota esclarecedora: A escala dos símbolos das universidades não está, evidentemente, desajustada.

Nota adicional: Ao artigo original, poderia ser acrescentada outra razão - a de que os representantes do IST no governo desejam obter para si mesmos e para a sua instituição mais oportunidades de sucesso do que para as outras universidades portuguesas que à partida também concorreriam entre si por ter investigadores no MIT. Isto não teria mal nenhum, desde que todas as universidades estivessem igualmente representadas, o que não acontece devido à posição privilegiada do IST. Entretanto, os pobres enteados apenas podem ir aguardando por próximas notícias anunciadas pelo governo.

O Estado Social é insustentável

Haverá melhor prova do que o facto de que os ministros das finanças se tornam sempre os elementos mais odiados de um governo?

Wednesday, January 25, 2006

O erro de Sócrates?




Várias vezes ouvi ao longo da campanha presidencial, e durante os comentários da noite eleitoral, a referência a um eventual "erro" de Sócrates ao oficializar Mário Soares como candidato do partido socialista em vez de apoiar directamente Manuel Alegre. Dizem estas pessoas, e muito bem, que se José Sócrates tivesse decido apoiar Alegre em vez de Soares, a esquerda teria conseguido reunir mais votos em torno de um só candidato que poderia possuir uma "candidatura transversal". Eventualmente, se assim acontecesse, - e aqui é especulação minha - os candidatos Louçã e Jerónimo de Sousa desistiriam em favor de Alegre. Não seria a primeira vez para Jerónimo de Sousa e é necessário relembrar que Garcia Pereira diz ter contactado os outros candidatos para reunir uma única candidatura de esquerda, algo que, a ser bem sucedido, teria evitado a sua própria proposta de candidatura. É portanto natural pensar que se existisse apenas o candidato Manuel Alegre, apoiado pelo PS, os restantes pré-candidatos estivessem mais predispostos a desistir em seu favor.

Já não é a primeira vez que Sócrates é aparentemente "derrotado". Devemos relembrar as autárquicas em que Sócrates apoiou Carrilho, apesar do evidente curso desastroso que este pronunciava. Muitos analistas viram como sinal de humilhação a vitória alcançada pelo PSD nas autárquicas e, em especial, a manutenção da CML nas mãos dos sociais-democratas. Escrevia-se que Sócrates havia sido derrotado, assim como agora se escreve que este voltou a cometer um erro. Mas será que Sócrates não sabia perfeitamente o que estava a fazer?

Quando uma companhia lança um novo produto é, por vezes, natural que se faça primeiro um estudo de mercado de forma a avaliar a aceitação que este terá perante os consumidores, especialmente se o investimento por muito relevante. É ingénuo pensar que os partidos políticos não analisam estes questões internamente de forma a tentar conhecer até que nível os seus candidatos representam as expectativas dos eleitores ou até, a conhecer o género de personalidade que mais lhes apela. Muitas das vezes estas questões não requerem qualquer tipo de estudo mas os inquéritos de sondagem são extremamente valiosos para medir a opinião pública.

Desde meados de 2005 que se "sabe" que Cavaco Silva iria ganhar as eleições. Até mesmo antes de Cavaco Silva se apresentar como candidato, já se presumia que o fizesse. Em termos realistas, pode dizer-se que já se conhecia à partida o resultado final desta eleição. Tendo disto conhecimento, Sócrates optou por apoiar Mário Soares e deixar, consequentemente, o eleitorado socialista dividido, o que se arrastou e alastrou por toda a esquerda.

Quando é apontado um erro estratégico a Sócrates, convém que as pessoas expliquem porquê. O aspecto mais evidente que indicam é o facto de não ter conseguido eleger um candidato da esquerda, nomeadamente, um militante do seu partido. Mas será que convinha verdadeiramente a José Sócrates toda esta manobra? As sondagens deram muito consistentemente como 2º classificado, Manuel Alegre. Em qualquer dos casos, os resultados de dia 22 vieram provar que Manuel Alegre era um rival à altura de Soares (mais de 6% dos votos). Também a priori, a candidatura de um destes dois homens estava a ocupar o espaço político um do outro, roubando votos mutuamente. Sócrates desconhecia este facto? Não, conhecia-o muito bem. Desde o início. E conhecia também as personalidades e convicções de ambos os candidatos.

Qual dos dois conviria mais a Sócrates, conhecendo todos estes factores? Manuel Alegre é o homem que afirma, no seu manifesto eleitoral, que o "neo-liberalismo" aumenta as desigualdades, que a a globalização precisa de ser claramente regulada, que Portugal deve apostar numa «aliança de civilizações», etc. Quem já viu Sócrates a explicar, em tom de desprezo, a Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã como funcionam os princípios básicos de uma economia de mercado e a lógica da concorrência empresarial, sabe que Sócrates já se desprendeu em grande parte das crenças demasiado socialistas que são típicas dos sectores ainda mais à sua esquerda. A provar isso, sempre existe o registo das opiniões de Alegre que assustadoramente concorda demasiadas vezes com Louçã. Soares, já o conhecemos. O anti-globalização, pró-galicismo, anti-economicismo, anti-neoliberal, anti-guerra a todo o custo (Soares era o que defendia a "negociação" com os terroristas) e por aí adiante.

Já todos os que analisaram minimamente o espectro político representado no Parlamento devem ter concluído que não existem grandes diferenças de fundo entre o actual PS e o PSD. As ideologias que servem de mote às suas campanha são bastante semelhantes, havendo até algumas razões para crer, de minha parte, que Marques Mendes será ainda mais socialista do que o próprio Sócrates.

Analisando estes factos, qual o presidente que mais seria conveniente a um social-democrata como Sócrates? Muito provavelmente, Cavaco Silva. Quem nos diz que a insistência de Sócrates em manter a candidatura de Soares como oficial do PS não foi apenas uma estratégia sua para dispersar os votos da esquerda, apresentando candidatos que piscavam mais o olho ao PCP e ao BE do que propriamente ao eleitorado do centro político?

Onde muitos vêem um erro táctico, eu vejo astúcia política. Sócrates governa e precisa do PR que menos confusões lhe arranje. Certamente que este não é Mário Soares. Que outras razões explicam o sorrisinho muito mal contido de Sócrates durante a entrada na sala de imprensa da sede de campanha de Mário Soares, que se preparava para apresentar a sua declaração de derrota?

Tuesday, January 24, 2006

Nem mais

"O socialistas acreditam que a sociedade que mais favorece os pobres é aquela que cobra impostos elevados, dos quais os pobres estão por regra isentos. Acontece que os socialistas nunca perceberam muito bem como funciona a economia e até aspiram a criar uma nova livre da ditadura da lei da oferta e da procura. Se percebessem também perceberiam que um sistema em que o estado cobra impostos elevados altera totalmente o regime de incentivos característico de uma sociedade livre. Os agentes económicos deixam de estar motivados pelo lucro, o que os levaria a produzir bens e serviços que as pessoas valorizam, e passam a estar motivados pelas benesses concedidas pelo estado. À medida que os impostos sobem, os ricos passam-se todos para o aparelho de estado e deixam de existir ricos a quem cobrar impostos. Os impostos são cobrados pelos ricos aos pobres, pobres que terão que viver numa economia estagnada porque quando o lucro deixa de ser um incentivo a economia deixa de crescer."

-- João Miranda

Comércio livre

La bendición del libre comercio (Porfirio Cristaldo Ayala)

En pleno siglo XXI parecería absurdo pensar que ningún Gobierno en parte alguna se podría oponer a la liberalización del comercio, política que derramó el cuerno de la abundancia sobre miles de millones de personas. No es sólo que la ciencia económica haya demostrado su eficacia desde hace más de 200 años, sino que en las últimas dos décadas el libre comercio ha reducido la pobreza global a menos de la mitad y todos los economistas reconocen sus beneficios. No obstante, pocos gobiernos aprueban la liberalización del comercio agrícola.

Los gobiernos de los países más ricos y libres, como EEUU, Francia, Alemania, Japón, y hasta los de los más pobres y reprimidos, como Haití, Venezuela, Paraguay y Zimbabue, sin importar sus ideologías o sofisticación, mantienen subsidios y mercados agrícolas protegidos con altos aranceles, todo ello no muy diferente al proteccionismo de la época del Rey Sol.

El oscurantismo prevaleciente se evidencia en la pugna global por los subsidios agrícolas. La decisión de atrasar la eliminación de los subsidios hasta 2013, adoptada en la reunión que la Organización Mundial del Comercio (OMC) ha celebrado en Hong Kong –reunión que se esperaba podría reducir drásticamente la pobreza en el planeta–, confirmó una vez más que ni los países ricos ni los pobres tienen interés en erradicar la miseria que todavía afecta a gran parte de la humanidad, especialmente si para ello deben abrir sus mercados agrícolas.

La Unión Europea, EEUU y Japón tienen mercados muy abiertos, excepto en la agricultura. Los países ricos (OCDE) gastan todos los años 279.000 millones de dólares en subsidios agrícolas y aranceles proteccionistas. A la UE le corresponde el 48% de dicho gasto, a Japón el 18%, a EEUU el 17% y a Corea el 7%. Estos países, sin embargo, tienen mucho que ganar eliminando los subsidios y el proteccionismo en la agricultura.

Los consumidores de los países ricos no sólo financian con sus impuestos el subsidio agrícola, sino que, a causa del proteccionismo, pagan más caros esos productos. De liberarse el comercio agrícola, los europeos pagarían un 40% menos por los alimentos que consumen, los japoneses un 21% y los norteamericanos un 10%. El Banco Mundial estima que la eliminación de subsidios y tarifas agrícolas traería beneficios de 65.000 millones de dólares a la UE, de 55.000 a Japón y de 20.000 a EE. UU.

Pero el daño que causan los países ricos a los países en desarrollo con el proteccionismo agrícola es mayor debido a que restringen la importación y deprimen el precio del arroz, el azúcar, el algodón, el maíz, etcétera, con lo que afectan a millones de agricultores pobres. Esta locura ha desatado una cruzada entre los gobiernos populistas de naciones pobres, que exigen a los países ricos que eliminen los subsidios agrícolas como condición inapelable para que ellos liberalicen su comercio.

Craso error. Los países en desarrollo necesitan tanto de la eliminación de los subsidios en los países ricos como de la eliminación de sus propias barreras y aranceles, incluso más. Se ha estimado que la liberalización global del comercio agrícola traerá un beneficio de 142.000 millones de dólares para los países pobres, de los cuales sólo el 22% surgirá de la eliminación de subsidios y aranceles de países ricos, en tanto que el 78% de los beneficios resultará de la supresión de sus propias barreras comerciales.

A los países en desarrollo les perjudica el proteccionismo de los países desarrollados, pero sus propias barreras comerciales les perjudican aun más. Los países pobres son mucho más proteccionistas que los ricos, sus aranceles agrícolas promedio son cuatro veces más altos que los de EEUU. De hecho, la mayoría de estos países son pobres porque sus gobiernos se resisten a liberalizar su comercio. Por eso, aun si los países ricos no liberalizan sus mercados, los pobres deben hacerlo.

Los países prósperos, y Hong Kong es un ejemplo, se desarrollaron promoviendo la libertad económica y el libre comercio independientemente del proteccionismo de otras naciones. Los pobres deben, pues, abrirse al libre comercio bajando sus aranceles y derribando barreras; no a cambio de la reciprocidad de los países ricos, sino para favorecer su propio desarrollo.

Monday, January 23, 2006

Grandes vitórias

Efectivas:

- Blasfémias, total de 1.000.000 visitantes
- O Insurgente, total de 200.000 visitantes
- Pedro Magalhães, profissionalismo

Políticas:

- Francisco Louçã; resultado superior a 5% = contribuintes a pagar a campanha, conseguir um "aumento negativo" de votos

- Mário Soares; nenhuma gaffe brutal durante o discurso final, não ter adormecido nem ter falado dos perigos da presidencialização do regime e, acima de tudo, não ter violado desta vez a lei eleitoral

- Jerónimo de Sousa; manter a luta para esfolar os trabalhadores pelos direitos dos trabalhadores, conseguir fazer do seu discurso um ataque à esquerda moderada e ao sistema democrático sem aceitar a vontade dos eleitores, ao bom estilo revolucionário

- Garcia Pereira; ter mais de 0% e reduzir o peso da insignificância do PCTP-MRPP

- José Sócrates; evitar a todo o custo a vitória de um candidato do PS

- Esquerda; ter 100% dos votos nas presidenciais

Sunday, January 22, 2006

O meu pior medo

Depois de ter ouvido o primeiro discurso de Cavaco Silva na qualidade de Presidente da República Portuguesa, temer a existência de um segundo Jorge Sampaio, com um novo desígnio nacional a cada semana.

Coisa que não entendi

Durante a campanha, Mário Soares e seus apoiantes diziam que não davam atenção às sondagens porque estas o tentavam tramar e o que realmente contava era a vontade do povo. Então por que razão desertaram todos da sede de Mário Soares assim que saíram as projecções nos canais televisivos?

Surpresa da noite

Todas as televisões apontam para que este homem seja o vencedor.



Inacreditável.

Dúvidas de última hora

Hoje é dia de eleição presidencial e confesso que ainda estou indeciso entre Francisco Louçã e Garcia Pereira.

Friday, January 20, 2006

Rumo à cintura de Kuiper


Segredos da abstenção

Não é nada surpreendente a insistência com que todos os candidatos apelam ao voto, não necessariamente em si mesmos mas, acima de tudo, pelo mero acto de votar. A prática do voto constitui, per se, uma legitimação do presente regime democrático dada pelos cidadãos e uma aceitação implícita dos alicerces do próprio sistema.

Quando os políticos pedem que as pessoas não fiquem em casa no próximo domingo, não estão a pensar numa rápida resolução da eleição presidencial, na eventualidade de uma segunda volta muito disputada ou no que podem com isso ganhar pessoalmente. Estão sim, a pensar que a forma de governação seleccionada para vigorar em Portugal apenas é válida enquanto existirem eleitores que tomem o trabalho de se dirigir às urnas (a descrição do eufemismo "dever cívico") para expressar a sua vontade política. Se a abstenção for de 90%, por exemplo, em eleições legislativas ou presidenciais, o sistema colapsa sobre si mesmo porque se levanta a questão da autoridade que um elemento do Estado detém perante uma vasta massa de população que não o elegeu directamente, minando-se assim o núcleo da crença numa democracia representativa, que deveria existir à partida como base que justifica o representante "eleito". Daí decorre que o apelo a uma abstenção reduzida exprime apenas a necessidade exigida pela classe política em autopreservar-se no seio do parlamentarismo republicano português.

Ao reservarem para si mesmos poderes previstos na Constituição, os governantes estabelecem um modelo político segundo o qual uma grande fracção da população acaba por votar em sinal de protesto ou sob ameaça da eleição de um candidato que não deseja ver à frente dos destinos do país.

A opinião geral vê com muitos maus olhos a ditadura (ou até mesmo a monarquia, ainda que constitucional) porque esta foi persistentemente associada com uma ideia de obsolescência e autoritarismo. No entanto, em que é diferente a democracia de uma ditadura? Por acaso todos nós conseguimos eleger o candidato que desejamos? Todos nós vamos às urnas para exercer um voto convicto, ou pensamos no que é mais útil para evitar males maiores? Se o regime democrático não definisse à partida que deve existir um vencedor a qual são concedidos certos poderes políticos, importar-nos-ia sequer votar? E se não quisermos ser governados por ninguém, porque continuamos sob a jurisdição do candidato que é escolhido pela maioria?

Thursday, January 19, 2006

Feliz acto eleitoral, senhor contribuinte *


Eleições presidenciais custam 12 milhões de euros

"Despesas dispararam 60 por cento em relação às eleições de 2001, que resultaram na reeleição de Sampaio. Maior fatia do orçamento vai para tempos de antena e pagamento a 60 mil colaboradores.

As eleições presidenciais do próximo dia 22 de Janeiro vão custar cerca de 12 milhões de euros aos contribuintes. As contas foram feitas pelo Correio da Manhã e divulgadas na sua edição de sábado.

Segundo o jornal, a estrutura que gere a máquina eleitoral aponta para um orçamento de despesas directas de 10,5 milhões de euros, mas nem todos os custos estão aqui incluídos."
Fazendo as contas em termos da população activa em Portugal, cada trabalhador contribuiu com aproximadamente 2,16€ para esta eleição. Se a abstenção nestas eleições for semelhante à da eleição de 2001, 50,29% do eleitorado nem sequer irá votar. Seja inteligente. Resolva este assunto à 1ª volta. A ameaça de ouvir Mário Soares durante mais duas semanas também deveria ajudar.

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* Título descaradamente inspirado nestes dois artigos do Bz n'O Insurgente, ainda que não à altura das dimensões financeiras destes originais.

Demonstração de inteligência (saloia)

Recepção calorosa de Cavaco em Coimbra marcada por incidente

A «arruada» desta quarta-feira de Cavaco Silva em Coimbra, uma das melhores de toda a campanha, foi marcada por um incidente envolvendo jovens apoiantes e três manifestantes com uma faixa negra chamando «fascistas» aos «cavaquistas».

(...)

De repente, começaram a ouvir-se assobios quando três jovens tentaram erguer uma faixa negra onde se lia: «Todos os porcos capitalistas votam Cavaco porque são fascistas».
---

Nota: Segundo os critérios que delineei aqui, Cavaco poderia efectivamente ser considerado um "fascista" já que é, ele próprio, um socialista. No entanto, mais uma vez, os estatistas voltam ironicamente a criticar-se a si mesmos, demonstrando a sua ignorância ao tornar a confundir socialismo com capitalismo.

Apenas a 1500 anos-luz




[clicar na foto para saborear em tamanho ampliado]

Hubble Panoramic View of Orion Nebula Reveals Thousands of Stars

In one of the most detailed astronomical images ever produced, NASA's Hubble Space Telescope captured an unprecedented look at the Orion Nebula. This turbulent star formation region is one of astronomy's most dramatic and photogenic celestial objects. More than 3,000 stars of various sizes appear in this image. Some of them have never been seen in visible light. These stars reside in a dramatic dust-and-gas landscape of plateaus, mountains, and valleys that are reminiscent of the Grand Canyon. The Orion Nebula is a picture book of star formation, from the massive, young stars that are shaping the nebula to the pillars of dense gas that may be the homes of budding stars.

Wednesday, January 18, 2006

Progress(ism)o



(no Tau-Tau, via Blasfémias)

Questões a frases-comuns

O que é o bem comum?

Quem define o que é o bem comum?

Quem tem a autoridade para o definir?

Como determiná-lo e provar que é melhor do que todas as outras opções?

Que razões temos para acreditar que a tentativa de satisfazer um interesse colectivo será mais bem sucedida do que a soma da satisfação de milhões de interesses individuais?

Que métodos são permitidos para o alcançar e como testar a sua eficácia?

Em que é diferente uma ditadura de um regime em que uma pessoa ou um grupo de pessoas definem, independentemente da forma, o que é o "bem comum"?

Porque devemos acreditar que essa pessoa (ou grupo de pessoas) não está (ou não estão) a defender os seus próprios interesses com a tomada de directivas?

Nação, Estado, «Bem comum»

O dia dos dois patinhos de José Manuel Moreira

O que distingue o pequeno do grande político é que este sabe que a verdadeira realidade é a Nação e não o Estado.

(...)

A anunciada falência do sistema de segurança social é apenas o último contributo para o fim do mito do futuro garantido pelo Estado. O mito do Estado perfeito. Ora um Estado é perfeito quando, atribuindo a si mesmo o mínimo de vantagens imprescindíveis, contribui para que a Nação se aperfeiçoe, ao encontrar instituições que consigam favorecer o máximo rendimento vital (vital, não só civil) de cada cidadão.

Foi a substituição de um Estado favorável ao bem comum por um Estado comprometido e participante activo na concertação de interesses, que levou ao progressivo alheamento da vida política de quem tem espírito de árbitro e atraiu os especialistas em batota.

(...)

O bem comum não coincide com o interesse público, que é o interesse do Governo, o qual pode inclusive ser contrário àquele. Daí a tensão entre os interesses dos indivíduos e os interesses do Governo. O que justifica o velho costume inglês de considerar o Governo como representando um interesse oposto ao do indivíduo. Explica-se assim o previsível equilíbrio entre os dois lados – alegre e triste – da votação nos candidatos socialistas.

(...)

O que distingue o pequeno do grande político é que este sabe que a verdadeira realidade é a Nação e não o Estado (ou o Governo). Daí que a grande política seja sempre, em certo sentido, "conservadora". Visando preservar a saúde e vitalidade da sociedade civil, não os interesses de quem vive a partir do Estado.

Tuesday, January 17, 2006

Dúvida

Por que razão criticam tanto os comunistas os outros regimes ditatoriais? Será que, como bons seguidores da doutrina marxista, que vê o evidente perigo colocado pelo mercado, também desejam apenas para si o monopólio dos totalitarismos?

A é A, assim como Bush é Bush

Recentemente, recebi um e-mail de um colega meu que estuda Ciência Política e Relações Internacionais no qual este me alertava para que ao pesquisar no google por "failure", se podia ver, ao clicar em "Sinto-me com sorte", esta página da Casa Branca com a biografia de George W. Bush.

Muito gracioso, de facto. Confesso que de início toda esta panóplia de chalaças sobre o presidente americano poderia fazer o seu sentido, coisa típica da sátira política. Quem já viu programas como o Contra-Informação sabe do que estou a falar. Podem surgir sátiras com Bush como visado mas também é frequente que se goze com a ideologia marxista ou se critique o clientelismo dos restantes partidos políticos. Em geral, na sociedade, isto não acontece. Uma piadinha sobre Francisco Louçã é normalmente vista com desinteresse e frequentemente com incompreensão, quer da piada em si, quer pela razão da piada. É praticamente impossível fazer graçolas com comunistas uma vez que se é quase de imediato apontado como fascista e inimigo dos pobres. Já a mínima observação mordaz acerca de George W. Bush - por exemplo, dizer que se parece a um símio - causa risota pegada durante vários minutos. Não tem de ser uma ironia com lógica, basta que seja qualquer coisa entre o escatológico e o visceral, tem efeito quase instantâneo.

Como se pode ouvir/ler regularmente, o próprio Geroge W. Bush é apontado diversas vezes como fascista, tendo também merecido a comparação a Adolf Hitler, a forma mais fácil de fazer política. O mais irónico, embora, desta vez, sem qualquer objectivo directo de ironia, é que esta gente consegue acertar mais ou menos no alvo ainda que não seja a sua principal intenção. Ao criticarem George Bush, hiperbolizando as expressões utilizadas, acabam por se ridicularizar a si mesmos.

De um certo prisma, Bush pode realmente ser considerado um versão de fascista. Basta que nos lembremos de análises acerca do gasto público, que o comparemos a anteriores presidentes dos EUA ou que leiamos por aqui algumas coisas. Se não quisermos ir tão longe, podemos dar uma vista de olhos ao que diz o Andrew Sullivan no Sunday Times de há uns meses atrás. Com tantas credenciais, começa a parecer natural que alguém o chame de fascista. Mas porque haveriam os verdadeiros fascistas de chamar fascista a George Bush, como se isto, porventura, até fosse uma coisa insultuosa? É evidente. Eles não fazem a mínima ideia do que é o fascismo. É por essa razão que não percebem que se estão a denegrir a si próprios.

Esta pequena rábula faz lembrar as já tradicionais afirmações de Jerónimo de Sousa em referência às políticas de direita (hoje, mais uma vez) dos sucessivos governos do Partido $ocialista. Em Portugal, realmente, a direita dificilmente se distingue da esquerda em termos de política económica. Assim sendo, é natural que Portugal seja um país socialista, ou seja, de "políticas de direita", que apoiam e até estimulam a existência de um Estado interventivo e proteccionista.

À semelhança do caso de Bush, o autor das críticas aponta falaciosamente como defeito algo que ele próprio defende (mais) avidamente, ainda que mascarado por uma capa semântica de conceitos aparentemente distintos mas essencialmente iguais.

Monday, January 16, 2006

Fascistas!

Ainda ninguém ouviu outra pessoa a ter este reflexo ao ver aquela nova publicidade da Portugal Telecom?

Saturday, January 14, 2006

Presidenciais

Candidatos de esquerda (Sérgio Figueiredo)

"Quando falaram de privatizações e de sectores estratégicos. Como a água. Em que Alegre chegou a dizer que era caso para o Presidente derrubar um Governo. E Cavaco alertou, várias vezes, para «o perigo» de o Estado «perder o controlo» deste «bem essencial». Como se fossem parar às mãos de Osama bin Laden.
(...)
Os debates foram sonsos porque os candidatos não exibem diferenças de fundo, não questionam o sistema e escapam-se deliberadamente da questão essencial: basta mexer nas regras do sistema ou será preciso mudar o sistema por inteiro?

Todos estão, claramente, no primeiro registo. Incluindo Cavaco. Por isso também não espanta vê-lo, já esta semana, explicar neste jornal porque pensa que a legislação laboral não é obstáculo à competitividade nacional.

E, dois dias depois, ver Mário Soares concordar na defesa da Constituição tal como está. Fazendo ambos uma apropriação, porventura mais surpreendente, da bandeira do candidato comunista.

(...)

Está dito que se discutirão as vírgulas do Código de Trabalho, quando é preciso mudar o paradigma nas relações laborais. Está dito que se prefere discutir público-versus-privado, quando há que rebentar primeiro estas regras do jogo."


Cinco ou seis candidatos de esquerda (Luísa Bessa)

"Bem sei que a tradição diz que disputam estas eleições um candidato de direita e quatro (mais um) de esquerda. Mas não pode ser verdade. Quando acabei de ler a entrevista de Cavaco Silva ao Jornal de Negócios concluí: Este homem é de esquerda.

Logo, confirma-se a tendência saída das legislativas de Fevereiro de 2005. O país virou tanto à esquerda que agora só mesmo quem vem dessa área política tem coragem de se candidatar à Presidência da República.

Pois não é que Cavaco é de opinião que a legislação do trabalho não é um grande obstáculo à competitividade, com excepção, talvez das pequenas e médias empresas.

(...)

Veja-se por exemplo como entre Cavaco e Soares de novo as diferenças são mínimas na defesa da manutenção dos centros de decisão nacionais das empresas de sectores estratégicos, com a manutenção das «golden shares» até onde for possível segundo Cavaco, que não quer ser «ingénuo» como «alguns economistas»; contra «a estratégia externa para dominar certos sectores», em versão Soares."


O dever do próximo PR (Tiago Mendes)

«Hoje, o dever do próximo PR é simples: contribuir para a “autonomização” do cidadão perante o Estado. O português médio é uma criança que vive à sombra do pai-Estado. Depende e gosta de depender dele. Mais: não pondera que isso possa algum dia mudar. Fala – sempre confiante e em alta voz – nos “direitos adquiridos”. No que concerne à esfera económica, esta forma de pensar enferma de um erro básico: pensar na riqueza como um “dado garantido”. Sucede que a riqueza precisa de ser criada para poder ser redistribuída. Não cai do céu. É estranho que para muitos candidatos presidenciais isto seja tão incompreendido, passadas que estão quase duas décadas sobre 1989.

(...)

Por isto, o próximo PR deverá deixar uma mensagem simples a cada português: “não perguntes pelo que o país pode fazer por ti, pergunta pelo que tu podes fazer por ti próprio”.»

Friday, January 13, 2006

Comércio local

Growing Small Businesses in Canada: Removing the Tax Barrier

This paper examines a barrier to the growth of small businesses in Canada. As businesses grow beyond what is deemed to be “small business” (income in excess of $300,000 to $450,000 depending on location) they face large increases in business income-tax rates. Economic research outlined in this paper indicates that such increases act as a strong disincentive for growth and expansion.

(...)

Published research indicates that such steep increases in business income-tax rates create a powerful barrier, or disincentive, for entrepreneurs to expand their businesses. The large increases in business income-tax rates as firms move from the small business income-tax rate to the general business income-tax rate creates strong incentives for firms to avoid increases in taxation by reorganizing or by paying out additional monies in salaries and bonuses rather than growing and expanding.

The way to remove this barrier is to eliminate the preferential business income-tax rate for small businesses by reducing the general business income-tax rate. Given the overwhelming evidence of the damaging and costly impacts of business taxes on an economy, it makes little sense to equalize general and small business income-tax rates by raising the small business income-tax rate. The optimal solution is to reduce the general business income-tax rate while aggressively increasing the small business income eligibility threshold in order to reduce the steep increases in business income-tax rates at both the federal and provincial levels.

Anglofonia, num governo perto de si

Create an e-annoyance, go to jail

Last Thursday, President Bush signed into law a prohibition on posting annoying Web messages or sending annoying e-mail messages without disclosing your true identity.

(...)

"The use of the word 'annoy' is particularly problematic," says Marv Johnson, legislative counsel for the American Civil Liberties Union. "What's annoying to one person may not be annoying to someone else."

(...)

That kind of prohibition might make sense. But why should merely annoying someone be illegal?

There are perfectly legitimate reasons to set up a Web site or write something incendiary without telling everyone exactly who you are.

Think about it: A woman fired by a manager who demanded sexual favors wants to blog about it without divulging her full name. An aspiring pundit hopes to set up the next Suck.com. A frustrated citizen wants to send e-mail describing corruption in local government without worrying about reprisals.

In each of those three cases, someone's probably going to be annoyed. That's enough to make the action a crime.

(via LewRockwell.com)

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Muslim leader faces police questioning about 'homophobic' remarks

A British Muslim leader is being investigated by the police for allegedly homophobic remarks made during a radio interview.

Sir Iqbal Sacranie, the secretary general of the Muslim Council of Britain, said that homosexual practices were "harmful" and civil partnerships "not acceptable" last week.

(...)

Peter Rippon, the programme's editor, was telephoned by an officer at West End Central police station in London yesterday, who said that he was investigating a homophobic incident under section 5 of the Public Order Act 1986.

This makes it an offence for a person to use "threatening, abusive or insulting words" within the hearing of "a person likely to be caused harassment, alarm or distress" as a result.

The prosecution must also establish that the defendant intended his words to be threatening, abusive or insulting or that he was aware that they may be.

It is a defence for the accused to prove that his conduct was reasonable. The maximum penalty is a fine of £1,000.

(via Samizdata.net)

Wednesday, January 11, 2006

Servidão no seu estado mais puro

China mantém política de um só filho

A China vai dar continuidade nos próximos cinco anos à política que só permite aos casais ter um filho, num esforço para estabilizar a baixa taxa de natalidade, refere a imprensa oficial, citando o ministro chinês da tutela.

"A actual política de planeamento familiar foi bem aceite, porque decorre das condições básicas da China e das regras de crescimento da população, e portanto vai manter-se no plano de desenvolvimento a cinco anos para período de 2006-2010", disse Zhang Weiqing, ministro da Comissão Estatal de Planeamento Familiar e Populacional, citado pela agência de notícias oficial chinesa Nova China.

(...)

"Qualquer alteração às políticas de planeamento familiar têm que ser submetidas ao Conselho de Estado, o governo central chinês, e os governos locais não têm poder para efectuar qualquer alteração," disse o ministro.

(...)

A multa para os casais urbanos que tenham um segundo filho pode chegar aos 150 mil reminbi (15,41 mil euros).

O caso EDP-Iberdrola resumido em cartoon

Conclusões genéticas

Se desse ouvidos à maioria das coisas que são ditas pela minha família, ter-me-ia tornado num fervoroso adepto da linha política do PNR. Ou do Bloco de Esquerda, depende do ponto de vista.

Tuesday, January 10, 2006

Soares alerta para os perigos do estatismo

Soares ataca comunicação social

«Lembrem-se como Berlusconi chegou ao poder: foi tomando conta da imprensa», advertiu, afirmando que esta chamada de atenção serve para «fazer pensar», sobretudo quando «os pobres dos jornalistas são os primeiros a serem acorrentados».

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"A free press can exist only where there is private control on the means of production."

Ludwig von Mises, The Anti-Capitalistic Mentality, 1956

Monday, January 09, 2006

Monopólio (pouco livre) da liberdade

A esquerda diz defender a liberdade. É ponto assente. Não há ninguém melhor do que a esquerda para reclamar um ataque às liberdades civis como a liberdade de expressão ou a igualdade social. Por essa mesma razão, utiliza constantemente como arma de arremesso político o 25 de Abril, que se diz ter sido um evento de libertação da ditadura fascista de Salazar, regime que oprimia o povo.

Quando outro alguém que os líderes de esquerda não vêem como sendo de esquerda surge numa espécie de apoio implícito ao 25 de Abril, cantando, por exemplo, Grândola Vila Morena, essa mesma esquerda insurge-se contra uma aparente expropriação de algo que era exclusivamente seu, o que até deixa algumas dúvidas quanto ao seu cepticismo acerca do direito de propriedade.

A esquerda julga-se detentora única da defesa da liberdade e não quer permitir que os outros também a possam defender, ainda que através dos acontecimentos que a própria esquerda julga serem símbolo sublime da dita liberdade. A esquerda não quer que a "direita" defenda a liberdade para a poder acusar de não o fazer, extrapolando daí todo o seu apoio (in)directo perante o Estado Novo. Não lhes convém, portanto, dar espaço no campo das ideias e causas. É tudo uma questão de marketing político.

Sunday, January 08, 2006

Rui Martins critica mentalidade estatista




O Rui Martins fez um comentário muito bom acerca do mainstream ideológico:

"A Intolerância é uma das expressões mais acabadas de uma mente limitada e incapaz de se abstrair de si próprio. Intolerante é aquele que conhecendo a opinião do Outro é incapaz de reconhecer o direito deste a possuir uma opinião autónoma e independente e que procura levar o Outro a mudar a sua posição para uma outra que esteja mais próxima à sua.

(...)

Quando um intolerante encontra uma opinião diferente da sua não consome muito tempo na tarefa de explicação da sua posição, nem tenta convencer o Outro a aderir à sua Opinião com grande empenhamento nem argumentação, porque acredita sempre no seu íntimo que detém a Verdade, e logo, para quê explicar aquilo que lhe parece óbvio? Perante uma posição diversa, o Intolerante recorre frequentemente ao insulto gratuito e ao rebaixamento moral e intelectual do adversário, no bom estilo de diminuição estalinista.

(...)

A quem servirá este barrete?"

Nota: [O Rui Martins decidiu - apesar das suas palavras acertadas - dar por finalizado o nosso interessante debate "bizantino"]

D.Quixote, o capitalista sem escrúpulos

"La libertad, Sancho, es uno de los más preciosos dones que a los hombres dieron los cielos; con ella no pueden igualarse los tesoros que encierra la tierra ni el mar encubre; por la libertad, así como por la honra, se puede y debe aventurar la vida, y, por el contrario, el cautiverio es el mayor mal que puede venir a los hombres."
-- "El ingenioso caballero don Quijote de la Mancha", capítulo LVIII

Num país longínquo e bizarro chamado... Espanha, aconteceu recentemente uma coisa completamente impossível e impensável. Um dono de empresa (porco capitalista, egoísta, sorvedouro do lucro, explorador dos direitos dos trabalhadores...) recusou-se a prestar um serviço simplesmente porque não concordava com o seu cliente.

Isto vai completamente contra a teoria típica dos estatistas, que defendem que os privados não têm um mínimo de ética e princípios morais. Surpreendentemente, por alguma razão misteriosa, estes mesmos estatistas julgam que os representantes governamentais são excelentes pessoas, tocadas, provavelmente, por uma bênção divina e logo, imunes a todos esses "problemas" que afectam a espécie humana.

A transportadora MRW foi contactada pelo governo espanhol para transportar os arquivos de Salamanca, que contêm documentos sobre a Guerra Civil Espanhola (GCE) de 1936-1939. Esta Guerra, a qual já dizia o historiador britânico Paul Johnson (outro convertido da extrema-esquerda) ter sido provavelmente, o acontecimento do séc. XX sobre o qual se escreveram mais mentiras, impediu que Espanha fosse literalmente vendida à URSS. Um erro incrivelmente frequente, apenas com a intenção de atacar a época da ditadura franquista, é falar da GCE esquecendo por completo o contexto histórico da questão. Talvez se, em Portugal, se compreendesse esta pequena particularidade, não houvesse tanta admiração com o protesto de centenas de madrilenos contra a retirada da estátua de Francisco Franco. Certamente, seria ingénuo pensar que todos os protestantes tinham as mesmas razões para se sentirem indignados mas mais ingénuo seria ainda pensar que era preferível ter, no mesmo lugar, uma estátua de Estaline a reluzir ao sol.


A MRW foi, portanto, contratada para transportar os importantes arquivos da GCE que se encontravam em Salamanca para a Catalunha, a pedido de partidos nacionalistas de extrema-esquerda como o Esquerra Republicana de Catalunya (ERC) em 2005. O governo socialista de Zapatero, como seria de esperar, acedeu. Ainda assim, não fosse Espanha o país d'El ingenioso hidalgo/caballero Don Quixote de la Mancha, há valores que falam mais alto do que o vil metal:

El propio Ministerio se puso en contacto a primera hora de la mañana de ayer con la empresa de transportes, encargada habitual de realizar los envíos de la cartera de Cultura en todo el territorio nacional, para llevar a cabo, a la mayor brevedad posible, una estimación acerca del tiempo necesario para poder introducir en una de las furgonetas de reparto de la empresa las 507 cajas en las que se custodian los documentos de la Generalitat republicana.

Sin embargo,según recoge el diario TRIBUNA DE SALAMANCA, "a pesar de que MRW es la empresa que gestiona una buena parte de los envíos que realiza el Ministerio de Cultura, la propia empresa, a través de su franquiciado en Salamanca se ha negado a llevar a cabo el traslado de las cajas de la discordia. Entre los motivos apuntados se encuentran tanto las ideas personales del representante de MRW en Salamanca como el hecho de que, una vez se produjera el traslado de la documentación catalana, se pudieran reproducir episodios de violencia o de represalias contra la empresa de transportes."

O mundo está cheio de economicistas (geralmente, socialistas) que julgam que a dimensão humana se reduz a um número ou que as suas facetas podem ser limitadas ao aspecto económico das relações interpessoais. Enganam-se profundamente. O carácter económico é parte integrante da acção humana e pode ajudar a compreendê-la mas nem todas a actividade humana tem como causa primária o interesse económico. O ser humano é muito mais do que isso e tentar simplificá-lo geralmente resulta numa compreensão bastante errónea da realidade.

(via Helmántica Libertas, através de um comentário do Çamorano)

Friday, January 06, 2006

Exemplos palpáveis

EUA: desemprego desce para 4,9% em Dezembro

"No balanço do ano 2005, a maior economia mundial criou aproximadamente dois milhões de empregos. O salário médio/hora cresceu 3,1% no ano, para os 16,34 dólares, com média de horas trabalhadas a situar-se em 33,7 unidades por semana."

Esta notícia fez-me lembrar um artigo importante do Jorge Valín, publicado na LD há uns meses, que discutia precisamente a questão do horário semanal:

Francia se dispone a revisar su semana laboral de 35 horas debido al fracaso que ha supuesto. Desde que se impuso la ley la productividad per cápita francesa ha disminuido un 4,3% según el Eurostat. En contraste, y durante el mismo período, la productividad per cápita en Reino Unido ha aumentado un 5% y un 6% en Estados Unidos.

Pero el fracaso de las 35 horas no ha estimulado al gobierno francés a abolir la ley, sino simplemente a “corregirla” contribuyendo otra vez al deterioro de su economía. Otra “conquista social” (léase imposición) que sólo ha resultado ser más deterioro económico.

La semana de 35 horas no tiene porque ser destructiva siempre y cuando no se imponga por ley. De las 70 horas semanales que trabajaba un hombre medio a principios del siglo XIX hemos pasado a 40. Algunos creen que esta disminución de horas de trabajo ha sido gracias al esfuerzo de los políticos, sindicatos, grupos de presión, etc. Pero la realidad es que esta reducción de horas sólo ha sido gracias al sistema de libre mercado, es decir, al capitalismo.

A medida que la producción y división del trabajo aumentaban gracias a la creación y acumulación de más capital no era necesario trabajar tanto. Precisamente una de las razones por la que hemos podido llegar a la situación actual ha sido la no intervención política en la economía privada.

Imagínese que a principios del siglo XIX algún visionario hubiese impuesto la actual semana de 40 horas por ley. ¿Cree que habríamos llegado al presente escenario de riqueza y bienestar? No, lo único que habría pasado es que en estos doscientos años no habríamos avanzado nada, o incluso peor, habríamos retrocedido. ¿Por qué? Por la sencilla razón que la economía del siglo XIX no estaba lo suficientemente capitalizada ni desarrollada como para permitirse 40 horas semanales, y eso es lo que ha ocurrido con la semana de 35 horas en Francia. El gobierno ha intentado imponer una medida que la economía no se puede permitir hoy por hoy, y en consecuencia, el estado sólo ha contribuido a crear menos producción y menos competitividad.

Lembro-me perfeitamente de, aquando dos recentes acontecimentos em França, a RTP ter entrevistado grupos de portugueses que vivem em França. Para além da típica procura pela "alma lusitana" em terras estrangeiras (os portugueses sempre foram grandes adeptos do bairrismo e dos seus próprios guetos), os repórteres, nomeadamente António Esteves Martins, tentavam ilibar os portugueses dos surtos de violência que se davam nos arredores de Paris. Eu via aquilo com um espanto enorme porque não se espera que um jornalista sirva de advogado de defesa de ninguém, devendo limitar-se apenas a transmitir informação. Muito pelo contrário, as perguntas eram do género "mas a comunidade portuguesa não está envolvida nos conflitos, pois não?" e coisas como "e os franceses sabem que as famílias portuguesas não são as responsáveis, não sabem?". Eu observava tudo aquilo bastante atónito, ainda mais quando observava os emigrantes portugueses a responder com prontidão e naturalidade, como se lhes estivessem a perguntar se preferiam café ou chá. Não se sentiam sequer ofendidos pelas perguntas ainda que estas indiciassem que, de alguma forma, eles podiam estar relacionados com os eventos. Confirma-se. Os portugueses, mesmo no estrangeiro, são um povo incrivelmente passivo e conformado com tudo à sua volta.

Contudo, a questão que desejava levantar não era essa mas sim outras declarações que foram feitas durante essas entrevistas, involuntariamente. Ao entrevistar um dos emigrantes, este revelou ao jornalista, com uma espécie de complexo de culpa e sensação de clandestinidade que quebrava a lei das 35 horas semanais. Dizia também que a situação era normal e ele não era o único a fazê-lo, evidentemente. As pessoas trabalhavam porque queriam e necessitavam do dinheiro. Para tal, tinham de fazê-lo de forma ilegal perante o Estado francês.

Como resultado deste enredo provocado pela intervenção estatal, o desemprego aumentou, a produtividade caiu e o crescimento andou erraticamente entre os 0% e os 2%. A grande vitória foi dada pelos sindicatos e pelos insiders do sistema que não foram despedidos e até se sentiram privilegiados.

Certo. A coisa não funcionou como seria de esperar e para além da revisão da lei anunciada, tomaram-se outras medidas que permitiriam ao mercado de trabalho decidir mais livremente. Nos EUA, onde não foi implementada qualquer medida que restrinja este tipo de regulação interna, o número de horas semanais foi agora anunciado como sendo de 33,7. Suficientemente inferior às 35 horas semanais francesas determinadas por lei. Nos EUA não houve necessidade de passar nenhuma legislação para que tal acontecesse. A evolução da sociedade no sentido do crescimento económico acaba por determinar melhores condições de vida, como muito bem apontava o Jorge no seu artigo de Fevereiro. Até há bem pouco tempo os EUA eram apontados com algum motivo de risota na Europa porque eram o país ocidental com o maior número de horas de trabalho por semana. Agora, quem se poderá rir são os americanos que, para além de, comparativamente, terem os países europeus colocados ao mesmo nível de riqueza dos seus estados mais pobres, trabalham menos, ganham mais, e são mais eficazes e produtivos.

Segundo a propaganda política socialista, o seu desejo é reforçar os direitos dos trabalhadores, aumentar a qualidade de vida, diminuir a pobreza e aumentar o emprego da população activa. Muito bem, quanto mais teremos de esperar para que sejam coerentes com o que dizem e se tornem favoráveis ao capitalismo, em vez de andarem a enganar os contribuintes?

The Woman in the Red Dress

Depois das interessantes declarações em que Jerónimo de Sousa confessava que não era em Louçã que pensava quando ia para a caminha e que a imagem de Cavaco Silva em Belém o impediria de dormir calmamente nas frias noites portuguesas, vem agora a público esta notícia bombástica em que J. de Sousa denuncia as mordidelas que tem sofrido por parte de Francisco Louçã.



Alguém tem sugestões acerca de como isto irá acabar?

¿Hablamos el mismo idioma, no?




«El presidente electo de Bolivia ha declarado respecto a la entrada del grupo Prisa en ciertos medios de comunicación bolivianos, que este grupo "parece el jefe de campaña del MAS" –Movimiento al Socialismo–, el partido del propio Morales.»

Thursday, January 05, 2006

Jerónimo no seu melhor

Reparem bem na habilidade com que Jerónimo de Sousa responde à entrevista no DN [os sublinhados e os comentários entre parêntesis rectos são evidentemente meus]:

[O Admirável Mundo Novo visto pelo PCP]

Preferia que Portugal tivesse permanecido à margem da Europa?

Preferia que fosse construída outra Europa, bem diferente. Uma União Europeia de povos e países iguais, que tenha como base de construção a coesão económica e social.

[Ele acha que não mas não pode dizer por isso foge à pergunta e não responde. Jerónimo de Sousa nega também que a China esteja a adoptar uma economia de mercado. Note-se que no fim ele não repudia o modelo chinês, apenas se apresenta convicto de que não será o ideal para Portugal...]

A China é um país que oprime os trabalhadores?

O PCP e a China estiveram de relações cortadas durante muitos anos. Houve entretanto um processo de aproximação, de estudo e avaliação. Eles insistem na ideia de que podem construir o socialismo. Mas tenho a profunda convicção de que o modelo de sociedade que desejo para Portugal nunca será igual ao modelo da China.
[Novamente, ele acha uma coisa mas não o pode dizer à imprensa. À semelhança da questão anterior, foge à pergunta. Mais uma vez, não denuncia a ditadura norte-coreana e apenas apazigua o/a jornalista relativamente à sua aplicação em Portugal.]

Há liberdade num Estado comunista como a Coreia do Norte?

Acompanho o que se está a passar na Coreia do Norte. Quanto à forma como o partido [comunista] coreano age, tenho as mesmas - ou até mais fundadas - ideias de que não transportaremos aquele modelo para cá.


Para uma crónica que é apelidada pelo DN de "directo ao assunto", esta entrevista deixa muito a desejar...



Que saudades do Grande Timoneiro!

Grunhidos na bruma III

(cont.)

7.

* O direito de propriedade é um direito natural. Se um desconhecido entrar em minha casa, certamente pensarei que é um ladrão porque ele estará em minha propriedade sem a minha permissão ou consentimento, não o conhecendo eu de lado nenhum. A menos que ele esclareça rapidamente a situação, não terei outras razões para não considerar que se trata de uma invasão de propriedade. Se eu lhe pedir a si que me adicione como administrador do seu blogue qual será a sua reacção? [Recorde que sendo administrador do blogue o poderia retirar da lista de colaboradores]


* Essa teoria do comunismo primitivo é muito interessante mas confunde colectivização com cooperação. O facto de que os bens fossem escassos, forçando as pessoas a colaborar com maior proximidade, não significa que a noção de propriedade privada não existisse. À semelhança de qualquer outra sociedade, estas tribos, provavelmente, funcionavam como uma família em que cada membro tenta fazer a sua parte para manter a sua subsistência e a do grupo, recebendo em troca o fruto do trabalho produzido pelos outros. Não passam de meros contratos. Todavia, dificilmente podemos esperar que se a tribo B tentasse roubar o stock de carne (assumindo que há um) da tribo A, esta não o defendesse com unhas e dentes. Extrapolar das difíceis condições de sobrevivência dos humanos primitivos que o direito de propriedade não existe é obra. Só que fazê-lo de uma forma tão simplista deixa que aspectos como a impossibilidade de ter um pensamento uniforme em todos os seres, a escassez de recursos, e a própria necessidade e vontade em estabelecer contratos de mútua cooperação com os restantes indivíduos não sejam tomados em devida conta.


* A maior prova de que a social-democracia não respeita o direito de propriedade é o facto de que o não-pagamento de impostos constitui um crime legal. Se eu decidir não pagar IRS, IRC ou me recusar a pagar a taxa de IVA que acresce ao valor de cada produto, arrisco-me a passar a ver o sol aos quadradinhos. Os impostos funcionam, sim. Mas com uma pistola apontada à cabeça.


* Quanto à minarquia, eu não disse que ela respeitava inteiramente os direitos de propriedade. A outra questão, relativa aos neoliberais, terá de lhes ser feita a eles. Ainda assim, não compreendo como é que conclui tão habilmente que forças policiais e militares não podem coexistir com um total respeito pela propriedade privada.


8.

* Sim, numa sociedade liberal está. Volta a confundir novamente liberalismo com autoritarismo. O liberalismo é precisamente acerca da ausência de controlo, nomeadamente dos meios de comunicação. Cada cidadão é perfeitamente livre de emitir a sua opinião. Cada cidadão ou grupo de cidadãos é perfeitamente livre para criar uma entidade de imprensa que divulgue as suas opiniões. Essa coisa de "tudo controlado por [inserir grupo social aqui]" apenas faz sentido em locais onde a liberdade de imprensa é restrita, ou seja, em países de tendências não-liberais. O mesmo se aplica à crítica relacionada com o monocromatismo e uniformidade da sociedade. Esse nunca pode existir. Incrivelmente, a igualdade (completamente aberta a interpretações) é uma das grandes bandeiras da esquerda por isso, acho que está a criticar as posições políticas erradas.

* O espírito economicista, que parece ser criticado com essa afirmação do "lucro e propriedade", é fruto daqueles que vêem o ser humano como um número. Ora, muitos liberais não vêem o ser humano como um número nem são eficientistas e/ou economicistas. Se o fossem, provavelmente defendiam a clonagem ilimitada de seres humanos para ter mão-de-obra apta para a escravatura a troco de pão e água. Não há forma mais fácil de aumentar a produtividade.

* Criticar a idealização de um hipotético regime liberal para depois falar em poder absoluto de forma a concluir que se trata de uma utopia muito arduamente pode constituir uma argumentação válida. Poder absoluto e liberal não quadram nada bem.

9.

* Trocar 90% por 98% a meio de uma piada é como começar a contar uma anedota de loiras, acabando por dizer a meio que ela era morena. E no fim que era ruiva.

* Essa teoria sua de que os media portugueses são liberais é interessante. Devo confessar que nunca vi liberais tão estatistas na minha vida.

* Não sei se o Rui é grunho mas ao menos o seu blogue é. O contexto da minha outra resposta foi precisamente esse. O Rui também não citou o meu nome ao longo da sua crítica mas sim o nome do meu blogue. De qualquer modo, se se assumir definitivamente como grunho, diga-me. Esta discussão revelar-se-á completamente inútil.

10.

* Se as multinacionais praticam métodos de dumping, isso não é benéfico para os consumidores que passam a dispor indirectamente de maior poder de compra, devido aos preços mais baixos? Tendo mais dinheiro disponível, há maior facilidade em adquirir outros bens (o que representa um investimento directo) provenientes de outras companhias. A concorrência destas multinacionais poderá sempre baixar os seus preços de forma a conseguir competir com as suas maiores rivais. A única razão para que este mecanismo não funcione é a existência, como eu dizia, por exemplo, de um salário mínimo ou de leis laborais rígidas. Num determinado local, mesmo que os custos empresariais necessitassem de ser reduzidos, o ordenado recebido por cada um dos trabalhadores da empresa apenas representaria quão valorizada é a sua actividade no mercado de trabalho. Um género de mecanismo que não tome isto por natural, acabará por dar origem à falência de diversas empresas, já que é impossível manter os custos quando há mais despesa do que lucro. O que a mim me parece é que o B. (adopto a mesma nomenclatura) não é um país nada liberal.

* A transferência destes serviços para a China/Índia/Cabo Verde/Inglaterra (interessante colocar a Inglaterra neste grupo) parece-me perfeitamente natural e aceitável. Fala-me de exemplos relativamente à IBM, Microsoft, BMW, PT, etc. Agora imagine os custos de tudo isto se estes componentes de hardware, software, etc. fossem produzidos em mercados europeus, por exemplo, com todo o custo socialista que isso acarreta. Os computadores e todos os outros produtos de tecnologia estariam acessíveis apenas a um grupo muito restrito. Não sei se já reparou mas todo este avanço tecnológico aumenta as possibilidades de emprego. A redução de todos estes custos de produção beneficia o consumidor que, a um preço extremamente baixo, pode actualmente fornecer-se com componentes electrónicos que há 5 anos atrás nem sequer existiam. As sociedades evoluem. Na sua teoria megalómana da redução do poder de compra, esquece-se de que há trabalhos que são sempre necessários localmente e que uma sociedade evolui no sentido da especialização da mão-de-obra à medida que os seus cidadãos possuem cada vez mais qualificações, o que gera muito mais oportunidades de emprego.

* A deslocalização das empresas para solo estrangeiro tem como efeito primário a redução dos custos produtivos e a diminuição dos níveis de pobreza do local onde a multinacional se decidiu instalar. Muita gente acha condenável que se ponham crianças a trabalhar nos países subdesenvolvidos. Isso pode facilmente ser resolvido. Retiramos todas estas companhias dos países que estão a ser "explorados" e passamos a ter produtos 100 vezes mais caros (a grade maioria de nós não poderia trabalhar sequer) e os empregados destas empresas passariam a sobreviver novamente da agricultura de subsistência, como nos bons tempos neolíticos. Fica resolvido o problema das deslocalizações, a custo de recessão económica e continuação da pobreza extrema. Que importa isso?

* Ainda assim, imaginando, como diz o Rui, que as pessoas deixavam de ter dinheiro para suportar tais produtos, a empresa passaria a não ter grande razão de existir porque a produção em massa tem precisamente como objectivo chegar a um maior número de gente. Observar-se-ia a uma queda brusca dos preços ou então, à extinção de uma empresa que se tinha tornado desnecessária e inapta a competir no mercado. No entanto, se nesses taís países onde agora só haveria desemprego (Europa e EUA, presumo), talvez as pessoas devessem reconsiderar o valor pelo qual estão dispostas a trabalhar. A grande falha do seu raciocínio é considerar que a deslocalização cria desemprego mas esquecer de colocar na equação o facto de que a importação de bens que valorizamos mais, a um custo menor, gera uma maior acumulação de capital e, a partir daí, novas e melhores possibilidades de investimento, o que, a seu tempo, se transformará em oferta de emprego.

* Se, na sua teoria, há cada vez mais desempregados na Europa e nos EUA, o que os impossibilita de comprar os produtos gerados pelas multinacionais, que razão o leva a dizer que as multinacionais ficarão cada vez mais prósperas?

11.

* Uma resposta satírica a uma crónica satírica teria ficado mal. Logo, optei, como é possível ver, por optar pela via do menor sarcasmo possível.

* Eu até acho que teve mais piada ter dito metros quadrados. Eu, ao menos, sorri ao imaginar uma área de gás. Se não queria ter usado unidade de capacidade, podia ter usado de volume. São igualmente válidas. 1 litro (l) = 1 decímetro cúbico (dm^3).

* Não se exceda com os orgulhos pessoais, eu sou apenas um leitor atento aos detalhes.

12.

* Isso significa que, por analogia, a minha resposta se encontra ao nível de uma tese de mestrado/doutoramento? Obrigado pelo elogio.

* Os blasfemos costumam usar argumentação lógica, que é coisa que normalmente escasseia bastante. Não sei onde é que o Rui a viu como insulto e reveladora de intolerância. Espero que o facto de que tenham uma "opinião" diferente da sua não o leve a dizer isso, como o fez comigo. Em particular, o João Miranda tem uma paciência infinita.

* Não entendi se a segunda parte era dirigida a mim ou aos blasfemos.

* Alguém lhe disse que não tinha o seu direito a expressar-se livremente? O facto de que o critique(mos) impede-o de escrever ou opinar? Tentei apoderar-me (ou tentaram apoderar-se) do seu blogue para impedir a possibilidade de liberdade de expressão que lhe é fornecida pelo Blogger? Porque se preocupa tanto como o seu direito de expressão se acha que o direito de propriedade não é natural?

Já agora, caro Rui. É liberal, mesmo, sem aspas. Não é "liberal".

Grunhidos na bruma II

oGrunho O [Dr.] Rui Martins parece ter gostado bastante da minha resposta, ao ponto de ter comentado extensamente aquilo que eu havia dito relativamente ao Blasfémias. Como já consegui sair da fase de pós-trauma psicológico em que entrei, após ter descoberto que, afinal, o Dr. Rui Martins não era presa fácil, deixo aqui a minha resposta, ainda abalado por tão recente choque. E eu que até já tinha preparado as minhas crias para comer esta semana. Raios.

1.

* Obviamente que o liberalismo não detém a exclusividade da defesa da liberdade. Aliás, essa monopolização seria contrária aos seus princípios. Como é evidente, todos defendem a liberdade. Os comunistas defendem a liberdade de se tornarem donos de todas as propriedades do país. Os fascistas defendem a liberdade de controlar a economia e os nazis, provavelmente, defendem a liberdade de mater judeus à descrição. Peço desculpa, quando disse defender a liberdade, referia-me mesmo à liberdade. Não nos deixemos enganar. Os socialistas clássicos, num regime que não lhes é favorável, aparecerão sempre como mártires, à semelhança dos comunistas durante o período salazarista. Com estas distorções a fazer lembrar newspeak, até podemos dizer que é natural que um nazi morresse na URSS por "defender a liberdade". Qualquer ideologia política, independentemente da veracidade dos seus postulados, defende sempre a liberdade de expressão relativa a si mesma. Isso não significa que defenda a das outras, coisa acerca da qual o liberalismo não faz distinção.


2.

* Uma chalaça que não tem coerência e sentido falha o seu objectivo mais evidente. Ou então, tem como público-alvo aqueles que não têm capacidade de detectar as suas contradições lógicas. É um pouco como ver um filme em que o som se propaga no espaço como se existisse matéria; estraga a sessão. Por outro lado, o objectivo pode ser puramente denegrir a imagem de qualquer coisa junto daqueles que não estão bem informados. Talvez seja esse o caso.


3.

* Os habitantes da Utopia de Thomas More dificilmente poderiam ser humanos. Por isso é que a obra tem o nome de Utopia.


4.

* O facto de um filósofo, ou qualquer outro ser racional, questionar algo não significa que esse aspecto seja ou não necessariamente verdadeiro. Os próprios filósofos são conhecidos não por dar respostas mas sim por fazer perguntas. Logo, dizer que há filósofos que questionam a existência de direitos naturais é completamente irrelevante. Também há filósofos que questionam a própria existência do Universo. Anaxímenes de Mileto dizia que o ar existia em tudo. Como a ciência viria a provar, Anaxímenes tinha era ar a mais no cérebro.

* Os seres humanos têm direitos assim como os outros animais têm. A possibilidade de discutir esta existência a um nível intelectual, caso dos humanos, não invalida que estes não possam existir com referência a espécies que não tenham capacidades para o fazer. Se os direitos naturais não fossem uma realidade, mas sim resultantes de uma eventual imposição artificial, poderíamos entrar livremente na toca de diversos animais sem esperar ser atacados. Ou tentar matá-los, o que deveria suceder com facilidade. Ora, como isso não acontece e não me parece que os lobos, ursos, etc. tenham filósofos entre eles como Locke para os "enganar", dizendo que eles têm direitos naturais (incluindo o de propriedade), a minha única conclusão possível é a de que os direitos naturais realmente existem, independentemente do seu reconhecimento por parte dos seres humanos.

* Não adianta comparar os direitos naturais dos humanos aos das formigas já que a constituição genética destas duas espécies é bastante distinta, o que origina diferentes comportamentos sociais. Isso não significa que as formigas, as abelhas e os chimpanzés não tenham os seus direitos naturais que, como é óbvio, podem ser ou não respeitados pelas outras espécies.


5.

* Não sou dono de nenhuma "Verdade" nem nenhuma pessoa o é. No entanto, quando se fala deste Universo é necessário entender que se fala deste Universo e não de outro ali ao lado (dispensam-se anotações sobre o oximoro). E, certamente, estas conclusões acerca da realidade partem de uma base sobre raciocínios lógicos, não de um "dogma". A "tese" de que a intervenção do Estado é sempre má é a conclusão, não a premissa. O Rui Martins ataca a existência de dogmas (que, de alguma forma, vê existirem na ideologia liberal) mas depois acaba por dizer que nem todos os dogmas são maus e que alguns até são essenciais. Nesse caso, qual é o critério geral usado para escolher os "bons dogmas"? Quem tem autoridade para escolher que dogmas devem ser aplicados? Porque é que o liberalismo, que não tem um manual de instruções com uma receita para a sociedade, constitui um dogma, quando para cada problema, não há uma solução central definida? Na sua análise dos factos, apenas vejo razão para criticar os dogmas socialistas do proteccionismo e da existência de impostos, já que estes evidenciam racismo/xenofobia e um agrado quase sádico pelo sofrimento alheio. Relativamente à questão do dogma em si, pela mesma ordem de ideias, podemos dizer que a existência de interacções electromagnéticas também constitui um dogma.

* Se eu não permitisse que o que eu digo fosse questionado não estaria a tentar explicar-lhe coisa alguma. Os dogmas não podem oferecer explicação, por isso mesmo é que são chamados de dogmas. A posição dogmática não é, por excelência, falar de uma constatação da realidade. Um dogma não tem base experimental. A constatação da realidade tem. Se, porventura, afirmarmos que a realidade é dogmática por si mesma, então tudo é um dogma e nada faz sentido na realidade. Nestes casos, um solipsista/idealista mais coerente tenderá a suicidar-se já que nem sequer encontra "indícios de provas" para a sua própria existência.


6.

* Não existem sociedades perfeitas porque o mundo não é perfeito nem nunca será. Dizer que um país deveria ser uma utopia porque teve (ou tem) um regime liberal pouco sentido faz porque o liberalismo, contrariamente a ideologias como o colectivismo ou o fascismo, não tem como objectivo propagandístico fazer algo em prol da "felicidade e bem-estar" da sociedade. Em termos práticos, é sempre em prol dos grupos que pertencem às instâncias governativas e aos beneficiados com as decisões destes mesmos. O que o liberalismo faz substancialmente é melhorar a qualidade de vida das pessoas pelo aumento da sua liberdade e pela possibilidade de produzir riqueza.

* O Rui Martins critica o nível de exploração que há, por exemplo, na China mas esquece-se que a China é um país que durante décadas esteve sobre jugo comunista, o que levou milhões de pessoas à morte e à pobreza extrema. Ora, isso pouco tem que ver com o capitalismo. Se começar a defender o irrealista "direito" dos chineses em não serem "explorados", estará a condená-los à manutenção de uma situação de pobreza contínua da qual não terão chances de sair. Eles certamente preferem trabalhar em condições horríveis e durante muitas horas para aliviar a sua condição praticamente insustentável. Com o passar do tempo, o nivel médio de vida destas populações e as suas qualificações aumentarão, o que conduzirá a uma redução dos números de trabalhadores a receber um salário quase insignificante em troco de extensivas horas de trabalho. Tendo em conta o enorme fluxo de gente proveniente do restante território chinês, o trabalho infantil que possa existir em Hong Kong não é muito surpreendente. Aquilo em que o Rui deveria pensar é a razão que levou e leva toda esta gente a fugir para Hong Kong (e de HK, quando a passagem para a administração chinesa se aproximava):

i) Legal immigrants from China

Since 1980, immigration from the Chinese mainland to Hong Kong was subject to tight control. A strict quota was set on the number of Chinese permitted to settle in the territory. The number was originally limited to 75 per day. It was gradually increased to 105 in 1994, and then 150 in 1995. Therefore at present, there is an annual inflow of about 55,000 legal immigrants from China, most of whom are actually dependents of Hong Kong residents living in the mainland and coming to the territory for family reunion.

(...)

v) Illegal immigrants

A total of 35,500 illegal immigrants from China were arrested and deported in 1994. The number had decreased as compared with a total of about 44,000 in 1993. When captured upon entry, they are immediately deported. If they are caught later when engaged in illegal employment, they are liable to 15 months in prison and fines of up to HK$5,000. Because of the stringent control, the size of the illegal immigrant population in Hong Kong is believed to be relatively small, probably not more than 20,000 at any one point in time.

* Políticas fixas quanto a salários baixos, trabalho infantil e horários laborais não fazem parte de um modelo liberal. Segundo a tal "doutrina liberal", devem ser as pessoas a determinar isso, não as administrações estatais. Para que não diga que isto se trata de um dogma, eu posso tentar explicar-lhe isso em pormenor se não entender porquê.

* Um monopólio não é necessariamente mau, se for atingido devido à aceitação que os consumidores têm pelos produtos ou serviços de uma dada empresa. Uma cartelização dos serviços numa sociedade liberal tenderia a entrar em ruptura já que, como a concorrência é livre, poderia sempre aparecer uma outra empresa que oferecesse uma melhor relação qualidade-preço aos seus clientes. Mesmo que esta empresa fosse incorporada nas corporações do cartel anterior, nada impediria que outra com o mesmo tipo de serviço reaparecesse. As empresas devem poder competir livremente pois quem mais ganha com isso é o consumidor.

(cont.)

Wednesday, January 04, 2006

Nasceu neste dia



Sir Isaac Newton, em 1643.


Lapsus linguae?

É como fugir aos impostos

[Referindo-se ao plágio académico]

"Temos, de facto, um ambiente permissivo e favorável à cópia. São as tais variantes de contexto que influenciam depois outros alunos. Isto é quase como fugir aos impostos."

É uma analogia interessante. Só é pena que seja completamente desprovida de sentido. Vejamos:

O estudante A copia o estudante B, sem o seu consentimento, roubando a propriedade de B (o produto do seu trabalho).

O contribuinte C foge aos impostos, evitando que roubem a sua propriedade. Voltando ao exemplo dos estudantes A e B, um caso paralelo seria:

O estudante B coloca o braço por cima da folha do seu exame para que A não possa copiar.

Eu dou uma pequena ajuda. Penso que o que Aurora Teixeira queria dizer era "Isto é quase como cobrar impostos". O ambiente é permissivo e favorável a isso.

Tuesday, January 03, 2006

Será do Guaraná?

Manuel Alegre disse em entrevista ao DN que se opunha a um monopólio privado da água em Portugal. Não disse, incrivelmente, nada acerca de um "eventual" monopólio da água por parte do Estado embora tenha feito questão de frisar que era contra a usurpação deste bem, quando feita por uma empresa! Pergunto eu, qual é a diferença que vê Manuel Alegre em tudo isto? Porque é mais temível um privado do que um estatal?

Temo que a resposta seja simples. Se a monopolização deste recurso for privada, o lucky bastard que estiver à frente da dita companhia precisa de pagar uma certa quantia ao Estado para que este garanta a sua subsistência como distribuidor único. Estas negociações estariam sujeitas a flutuações de interesses. Ao Estado interessaria obter uma bela maquia com este contrato e ao empresário seria conveniente que, através do cheque passado ao governo, a restrição do mercado fosse efectiva. No entanto, já que a empresa seria poderosa, a sua posição em futuras negociações seria cada vez mais influente e as quantias dispensadas poderiam vir a diminuir com alguma consideração, não garantindo qualquer fundo constante para os pobres políticos que se cansam demasiado durante o dia, entre papéis e acesas discussões acerca de qual será o imposto a ser introduzido que mais rentabilidade trará aos seus ordenados.

Claramente, uma gestão pública da água é uma autêntica via verde porque o Estado decide quanto cobrar. Que astuta forma de gerar rendimentos. Quero dizer, defender o bem-comum e os bens essenciais à vida.