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Thursday, February 02, 2006

Liberdade = f(t) é uma função decrescente



José Manuel Fernandes perguntou há dias, num editorial infeliz, se "pode um país pobre ser liberal". Isto implica, por dedução, que a questão se pode transformar em pode um pobre ser liberal?. Independentemente da óbvia resposta a tal absurda interrogação, continuo a considerar pessoalmente que a pergunta faz mais sentido se for: pode um rico ser liberal?

Bill Gates elogia projecto de cartão único do cidadão

"O presidente da Microsoft, Bill Gates, elogiou terça-feira o projecto do Governo de criar um cartão único do cidadão, e desdramatizou a ameaça das novas tecnologias para a privacidade dos utilizadores."

Já não basta o regular, é necessário um ainda mais abrangente e totalitário que contenha as informações de identificação civil, utente dos serviços de saúde, eleitor, contribuinte, etc. Talvez se acrescentem ainda uns dados biométricos para dar um ar mais à Plano Tecnológico. Enquanto que noutros países estas intromissões se fazem sobre a égide da "segurança nacional", em Portugal esses argumentos nem sequer são necessários. O governo quer, o homem não pensa, a obra nasce.

No The Independent de há uns dias (lido aqui) dizia-se isto acerca do debate corrente no Reino Unido, sobre a introdução de um bilhete de identidade:

«Angry peers last night invoked the memory of fascist regimes which forced citizens to carry their papers as they tore the heart out of the Government’s planned legislation for identity cards.

The House of Lords overturned proposals to place everyone who applies for a new passport or driving licence on the database that will underpin the controversial scheme.

(...)

Baroness Scotland of Asthal, the Home Office minister, had to listen to a succession of peers denounce plans to include all holders of biometric passports on the planned ID cards register. Not one peer spoke in favour of the plans. Ministers have always insisted the scheme was voluntary, but critics say it amounts to “compulsion by the back door”.»

No Reino Unido, a esperança está actualmente com a Câmara dos Lordes já que a lei foi aprovada na dos Comuns por uma margem de apenas 25 membros do Parlamento. Em Portugal, a esperança está com quem? Com os constantes declamadores da falácia "não tenho nada a esconder, logo nada a temer"? Haverá maior nível de submissão possível?

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